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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Itamaraty cede mais uma ao Departamento de Estado dos EUA

Estados Unidos manifestaram euforia com o voto brasileiro na Resolução contra a Siria na Assembléia Geral da ONU. E têm razão para isso. O Itamaraty se afastou do campo não-alinhado, no qual estão Cuba,Nicarágua,Venezuela eBolívia, para se inscrever na parceria com o Egito (cujo governo assassinou mais de 30 manifestantes em dois dias da ainda intensa mobilização nas ruas), Arábia Saudita, Qatar, Jordânia e Marrocos - territórios ocupados por tiranias repressoras, mas aliados incondicionais dos Estados Unidos -, exemplos nada louváveis de de defensores de direitos humanos.
Ou seja; num momento em que no próprio Estados Unidos se discute a possibilidade de corte nos orçamentos militares - gastos exagerados por conta das desastrosas e trágicas invasões do Iraque e do Afeganistão -, e de enfraquecimento das políticas de intervenção diretas, que marcaram o governo Bush, a diplomacia brasileira se rende. Entra no bolo dos sabujos, dos "pragmáticos", dos que reforçam o que há de pior na ação do Departamento de Estado americano.
Não se trata, aqui, de discutir o caráter do governo Assad. O que se trata é de discutir a mudança de uma política externa que tinha eixo lógico, embora tisnado aqui e ali por iniciativas discutíveis - Haiti, como exemplo mais evidente -, para uma posição explicitamente subalterna, e igualada à de governos que têm toda a cobertura da ONU, da União Européia e das potências ocidentais individualmente, embora sejam muita mais marcados por desprezo aos princípios democráticos do que o próprio governo da Siria.
O que nós ganhamos com isso? Difícil imaginar. O que leva a crer em mais um marco da guinada ideológica do governo Dilma, iniciada internamente com os segmentos tucanos mais próximos a FHC, a quem não cessou de tecer loas, em todas as oportunidades oferecidas. E cada vez mais evidente nas constantes aproximações não exigidas com as diretivas de Washington.

Segue a matéria do Estadão sobre o tema:

Brasil apoia condenação da Síria na ONU

Posição brasileira agradou americanos e europeus; moção foi aprovada pela Assembleia-Geral

22 de novembro de 2011 | 15h 55

Gustavo Chacra, correspondente
NOVA YORK - Com o apoio do Brasil, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a Síria nesta terça-feira, 22, por violação dos direitos humanos durante a repressão do regime aos levantes opositores iniciados há oito meses. Foram 122 votos a favor, 13 contra e 41 abstenções. O Brasil apoiou a decisão.


A condenação é mais um sinal do isolamento do regime sírio, que já foi suspenso da Liga Árabe. A resolução, porém, tem menos peso do que uma ação do Conselho de Segurança, onde Bashar Assad ainda conta com o apoio da Rússia e da China. Estes países, que possuem interesses comerciais e militares na Síria, vetaram no início de outubro uma resolução no órgão máximo da ONU condenando o regime de Damasco. Tal posição deve ser mantida se o tema voltar ao conselho.
Na primeira vez em que a resolução foi a votação no conselho, o Brasil optou pela abstenção. Desta vez, na assembleia, a administração de Dilma Rousseff decidiu votar em acordo com os Estados Unidos e seus aliados europeus na condenação à Síria.
Durante a manhã, o voto dos brasileiros era considerado um mistério para diplomatas estrangeiros. Inclusive, minutos antes da votação, o Brasil se absteve em uma moção para impedir que a resolução fosse levada a plenário. Esta posição parecia indicar uma abstenção também na condenação aos sírios, como havia feito em relação ao Irã no dia anterior. No fim, o voto do Brasil provocou uma surpresa e agradou aos Estados Unidos e à União Europeia.
A administração de Dilma Rousseff, que havia optado por se abster no conselho, decidiu votar a favor na assembleia, onde o peso da resolução tem menos força, possuindo apenas um caráter simbólico. "O voto do Brasil foi um passo positivo e precisa ser notado", disse um diplomata ocidental ao Estado. Os brasileiros vinham mantendo uma posição distinta dos Estados Unidos e seus aliados europeus em quatro dos principais temas envolvendo a ONU neste ano - Líbia, Síria, Palestina e Irã.
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, celebrou o resultado da votação ao dizer que as "Nações Unidas se levantou em defesa do povo da Síria e contra o regime de Assad que tem tentado silenciar os dissidentes através de assassinatos, prisões arbitrárias e tortura de civis, incluindo crianças".
O texto pede que as autoridades sírias cumpram com as suas obrigações internacionais e cooperem integralmente com a Comissão de Inquérito estabelecida pela Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Apoio a Assad
Apesar da derrota, os sírios ainda mantêm apoio em diferentes partes do mundo, especialmente do movimento dos não-alinhados. Os representantes da Venezuela, Cuba, Nicarágua, Irã e Vietnã discursaram em defesa de Assad.
Segundo o embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, "a resolução faz parte de uma política dos EUA contra os sírios". O representante de Damasco ainda disse ter documentos provando supostos planos dos EUA para matar Assad. Nos debates anteriores à votação, o embaixador da Síria atacou a Arábia Saudita, ironizando a monarquia de Riad por apoiar uma resolução de direitos humanos. "Como eles podem nos condenar quando levamos em conta a forma como eles tratam as minorias religiosas e as mulheres", questionou o representante sírio.
Até agora, as forças de segurança da Síria já mataram 3,5 mil pessoas na repressão à oposição. As milícias opositoras, por sua vez, são responsáveis por mais de mil mortes de membros das forças de segurança. O governo de Assad culpa "grupos armados e terroristas" pela onda de violência no país.

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