Quem sou eu

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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

VILA ISABEL INSULTADA 

(06/10/17) - telejornal da Rede Esgoto mostra matéria com o Exército ocupando, com tiroteio e vítimas atingidas dentro de casa,
PARA MIM, CHOCANTE. Não só pelo absurdo da rotinização das FFAA ocupando entradas de favelas, para correr atrás do varejo do tráfico, enquanto os atacadistas continuam em seu conforto de escritórios e apartamentos de vidros escuros.
MORRO DO MACACO, com a subida pela Petrocochino, em Vila Isabel, era a rota de passeio de meu pai e minha irmã depois de alguns almoços de domingo. Ali moravam alguns dos meus mais íntimos amigos de peladas - no início - e paqueras na vizinhança - mais tarde, na esquina da Barão de São Francisco e a Praça Sete. 
O MEDIOCRE JUNGMAN, com sua voz impostada e sua feição cínica, é quem fala hoje a propósito da realidade atual dos Macacos. 
CERTAMENTE nunca ouviram o samba maravilhoso de Lecy Brandão, exaltando um dono de bar, líder da comunidade, no morro do Pau da Bandeira.
NÃO MERECEM = Jungman e Torquato ministro da (in) ser tratados como brasileiro. Não merecem, sobretudo, pisar o solo da Vila Isabel mais tradicional, para lá colocar as FFAA atirando sobre o povo pobre do morro
BATTISTI, SEM JUIZO NO MÉRITO

FB 061017) - Não tenho nada a ver com os rumos tomados pela organização política de Battisit nos anos 70, nem com sua visão de guerrilha urbana. Mas não hesito em considerar absurda essa decisão de prende-lo na fronteira da Bolívia, fazendo alarde de que portava US$ 5 mil e € 2 mil na carteira no momento em que tentava atravessar, em taxi, a fronteira. E mais; ameaçando-o com deportação.
QUE INSTRUENTO LEGAL o impedia de fazer isso? Queiram ou não os trogloditas que hoje conduzem a diplomacia do governo golpista, a situação de Battisti no Brasil é completamente legal, O que lhe dá direito, sim, de passar à Bolívia caso não haja recusa daquele País em aceitá-lo.
ABSURDA, portanto a perseguição da direita a Barristi, através da decisão bizarra desse juiz curtindo uma decisão "performática".
COXINHA, no Galeão ou em Congonhas, na suas escapadas a Miami para nutrir seus contrabandos domésticos, se investigados nas carteiras estarão conduzindo muito mais do que as divisas que ora Battiisti.
TEMPOS TRÁGICOS. INQUISITORIAIS

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

BANDALHEIRA ANUNCIADA
(05/09/17)  - Quando a esquerda combativa foi para as ruas, se colocando contra o senso comum que apoiava o movimento de cúpulas municipal, estadual e federal para trazer Jogos Olímpicos e Copa do Mundo para o Rio, rádios e TVs, particularmente as da Rede Esgoto, esbravearam.
Sectários inconsequentes foi o mínimo que se ouviu, quando não vândalos, para denunciar as manifestações de massa contra o que realmente se projetava.
A resistência combativa foi derrotada. Uma multidão festejou a frente de telões os braços dados e troca de afetos entre Nuzman, Cabral, Paes e Lula.
O TEMPO PASSA, e o que mobilizava aquela brava juventude se comprova com as investigações que levam à prisão Carlos Artur Nuzman e seus acólitos. Estão aí as investigações comprovando tudo o que então se anunciava. 
OS EVENTOS FORAM APENAS INSTRUMENTO PARA BENEFICIAR, COM PROPINA NO CONTRAPONTO, OBRAS QUE LIQUIDARAM O HISTÓRICO MARACANÃ E NOS DEIXARAM UM CEMITÉRIO DE LEGADOS PODRES.
Ter dado apoio incondicional a essa manobra previsivelmente criminosa, tendo em vista os protagonistas, não deixa confortável o lulopragmatismo.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

TEATRO DE HORRORES 

(04/10/17) Até a equipe econômica do governo golpista considera absurdas as bandalheiras introduzidas no Refis.
Não o manifestam por seniimento republicano, mas por pragmatismo, pois são os autores da bandalheira original, o Refis em si, instrumento pelo qual sonegadores são premiados com uma incontestável anistia pelos crimes tributários anteriores.

MAS O PIOR vem na sequência. Essa equipe econômica geradora da proposta salvífica de recursos que o governo necessita desesperadamente, não tem poderes nem argumentos para pressionar o Executivo postiço no sentido de verá-las. E por que? Porque o Executivo não tem legalidade nem legitimidade para Executar. Está enredado em investigações que justificariam cassações e prisões de "altos mandatários", dispusesse o Legislativo de uma Câmara de Representantes, e não um covil de maioria desqualificada. Troca o tempo de administrar pelo tempo de comprar votos que impeçam ao STF investigar o que tem que ser investigado e denunciado.

ANOMIA SOCIAL - E por que, num quadro sem precedentes de rejeição popular, esse Executivo continua a dar cartas, a despeito de um ou outro pronunciamento de militares que deveriam se manter calados?
Porque na ponta da mobilização que deveria ser intensa contra tal cenário, o ceticismo, a pasmaceira, a indignação, a anomia social parecem se consolidar.E isso tem explicação, para quem viveu a resistência permanente ã implantação do neoliberalismo tardio do mandarinato FHC. Para quem testemunhou seguidas ocupações de Brasília pelo MST e pela CUT, então entidades marcadas por uma coragem cidadã incontestável.
Onde elas estão? Com que bandeiras se apresentam ao combate?
O que resta de suas energias, lamentavelmente, parece estar concentrado em alguns atos isolados onde a grande política e o debate ideológico são substituídos pelo cantochão de apoio às lamúrias - até eventualmente legítimas - de Luiz Inácio Lula da Silva contra as "injustiças" dos que ousam não considero-lo o "mais honesto" de todos os brasileiros.

Não dão atenção às frequentes reafirmações do lider referencial em defesa da ordem vigente, no afeto que não se encerra por Henrique Meirelles, e na ameaça de não tocar em nada do pacote anti-social que vier a ser definitivamente aprovado pelo governo golpista.
A ANOMIA encontra combustível exatamente aí. A mobilização,que deveria estar concentrada na contestação das sequelas da conjuntura atual , está concentrada na luta para a garantia da presença de Lula na próxima disputa presidencial.

É a luta por uma outra sociedade sendo atropelada pela batalha em prol de um projeto pessoal de características programáticas indefinidas.

TRÁGICO, é o mínimo que se pode dizer, se o Povo Sem Medo, com as ocupações do MTST, não conseguir ressuscitar em âmbito amplo aquilo que foi rotineiro até passado não tão distante.


Luta que Segue!!

terça-feira, 3 de outubro de 2017

REFIS BANDIDO 
fb 03/10/17
- Só o PSOL, através dos deputados Glauber Braga e Ivan Valente, faz a pergunta que MiniMaia, na presidência do covil parlamentar, não responde.
Esse Cardoso Filho, "parlamentar", cujas empresas têm um débito com a Receita na ordem de R$ 53 milhões, pode ser relator de uma Medida Provisória da qual é beneficiário direto?
MiniMaia, parceiro da bandidagem do plenário, faz cara de paisagem e não responde.
Uma MP que se traduz em instrumento emulador da sonegação tributária, ao estabelecer a 15ª anistia às empresas que sonegam de forma voluntária - e já contando com o próximo Refis - impostos e tributos
MINIMAIA apenas confirma que sua presença na condução dos trabalhos daquele fétido covil não é para defender o caráter republicano da instituição que apodrece a cada legislatura.
Está lá para, em cumplicidade com relatores ilegais, e meliantes que trocam votos por emendas (quando não por propina), para aprovar projetos e emendas constitucionais voltadas contra o interesse social, mas atendendo à manutenção de privilégios a seus financiadores de campanhas.
PULHAS!! CANALHAS!! (estendendo a caracterização aos vermes do senso comum imbecilizado que neles votam}

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O FEUDALISMO INIMPUTÁVEL -
fb 011017
 É preciso recorrer à mídia estrangeira para que uma das mais trágicas práticas de genocídio venha à luz.
Trata-se do massacre permanente que, por meio de bombardeios diários, a monarquia medieval da Arábia Saudita realiza contra o povo do Yemen. Está lá no independente Publico, da Espanha.
Faz todo sentido.
A Arábia Saudita é o rabo que abana o cachorro instalado na Casa Branca, desde que se revelou a relação patronal da família proprietária daquele território rico em petróleo sobre a família Bush, nos Estados Unidos.
Sim, o velho Bush e seu filho, ambos presidentes da "grande democracia do Norte", eram egressos de relações empresariais com os Saud. Representantes locais dos interesses da monarquia medieval.
No Brasil, se alguém quiser notícias sobre essa anomalia geopolítica, vai tê-la num artigo semanal no boletim da direita mais reacionária do brazil, produzido por um "jornalista" saudita. Estará sempre louvando os feitos do seu "governo". O último tratou da impressionante iniciativa de permitir que mulheres pudessem dirigir automóveis.
ESSE BALÃO NINGUÉM TASCA - Pois é...contra essa monarquia genocida, que financia o ISIS e gerou a al-caeda, ninguém se move. Ao contrário. A ela estendem tapetes e prestam homenagem.
De forma clara, comprovam o dito antigo de Kissinger, para justifica apoio a pinochet e demais ditadores da década maldita da América Latina:
"São una FILHOS DA PUTA, mas são NOSSOS FILHOS DA PUTA".
CANALHAS!!

PS- íntegra da matéria em http://www.publico.es/internacional/mundo-cierra-ojos-matanza-arabia-saudi-desata-yemen.html


QUANDO A VÍTIMA VIRA RÉU - 

FB 01/10/17
Moradores de rua, por conta de deficiência na iluminação pública, são apontados como ameaça à segurança de moradores de Ipanema e Leblon,em matéria com destaque no boletim oficial da direita mais reacionária do País.
É a mídia conservadora a serviço de sua classe social da qual se faz porta-voz. Os bairros mais valorizados na especulação imobiliária se sentem em perigo porque suas ruas estão com lâmpadas apagadas, o que resulta num afluxo de famílias morando sob marquises.
Não se cogita, evidentemente, de investigar o que ocorre simultaneamente nas partes menos abonadas da cidade. O que ocorre nas Zonas Norte e Oeste. Para não falar das favelas, onde a leitura é para transformar natural o direito de a polícia ali operar como não opera em nenhuma outra parte da cidade - invadindo casas e atirando de rajada, indiscriminadamente, para depois reconhecer que suas balas "perdidas" atingiram "lamentavelmente" inocentes que se postavam na linha de fogo no "combate a traficantes".

OS MAIS IGUAIS ESTÁO INCOMODADOS e pedem providências. Como? Reprimindo. Tirando das ruas essa gente preguiçosa que não se vexa de viver de esmolas ou da condição de flanelinha.
Como se estes desprovidos de qualquer condição de sobrevivência digna fossem os responsáveis e devessem ser punidos pela desigualdade social da qual são vítimas e não réus.
VOLTANDO A CUBA, me recordei da última viagem e das caminhadas tranquilas nas ruas de Havana que, mesmo desprovidas de iluminação fulgurante, não nos passam a menor sensação de segurança. Pelo contrário. E, engraçado...sem que se veja qualquer carro de "policiamento preventivo" no entorno.
Para não falar em Cuba, posso recorrer a Helsinqui, Oslo. Copenhagen, onde a não ser pelo frio, ninguém deixa de caminhar sozinho numa rua escura.
Por que? Elementar, incautos.
DESIGUALDADE SOCIAL acirrada, e não a falta de iluminação, é a herdeira fonte de violência em suspenso nos ares privilegiados da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Desigualdade Social que não se resolve com repressão a suas vítimas, mas sim com a eliminação dos privilégios dos que pregam "limpeza urbana" contra seres humanos. Com um outro modelo de sociedade, onde o lucro, a renda fundiária e a especulação financeira não sejam paradigmas de sucesso.
Luta que Segue!!

domingo, 1 de outubro de 2017

O anacronismo precoce do PSOL
(31/09/17) = Muitos analistas políticos - grupo ao qual me incluo - imaginou, em determinado momento, que o PSOL poderia assumir o espaço que parecia aberto na esquerda com a crise do PT. Embora ainda pouco amadurecido, este partido parecia ter alguns atributos e certa composição interna que poderia caminhar para se tornar uma referência politica importante à esquerda. O obstáculo visível era seu excessivo academicismo de classe média, uma espécie de sina às correntes trotskistas brasileiras: atraía jovens e franjas das classes médias mais intelectualizadas, mas pareciam presas a este círculo social, dificultando ganhar expressão de massas. 
Nas eleições municipais passadas, o PSOL se abriu para os movimentos identitários. Afluíram para esta agremiação lideranças de outros partidos em formação, como o PartidA ou o Raiz Movimento Cidadanista. Muitas lideranças com perfil identitário, de natureza pós-moderna (fragmentários e radicalmente contra a lógica moderna, que denominam de totalitária ou globalizante), se elegeram pelo PSOL. E, a partir daí, o partido passou a patinar. 
Neste momento, o PSOL parece emparedado entre o morenismo de Luciana Genro e a fragmentação pós-moderna dos identitários. Há quem tenha a esperança que este caldo heterogêneo promova o crescimento do partido como ocorreu com o PT dos anos 1980. Entretanto, as histórias partidárias e o momento histórico são absolutamente distintos. 
Nos anos 1980, vivíamos no Brasil um sentimento libertário, de superação daquele regime militar que tudo podia e fazia: matava, perseguia, proibia. Era evidente que a explosão de inovações na política, nas artes, nas religiões, na academia, enfim, no país todo gerasse certa condescendência e expectativa nacional pelo novo, justamente porque o país estava em reconstrução. Um desses momentos históricos em que o país se assemelha à uma assembleia constituinte de rua (como ocorrem em momentos de choque nacional, numa revolução ou numa catástrofe de grandes dimensões). O PT foi um depositário de grande parte destas criações libertárias do período. Mas, a primeira experiência eleitoral do PT (1982) foi um fracasso e produziu uma arrumação interna, liderada por uma corrente recém-criada para este fim: a Articulação dos 113. Algo que não ocorreu no PSOL até o momento. 
Hoje, a situação é absolutamente inversa. Vivemos um refluxo de valores criativos e libertários. A sociedade está contaminada por certo revanchismo descontrolado, de todos contra todos, a raiva substitui a generosidade criativa e o egoísmo é uma fonte inesgotável de ações radicais e irracionais. Egoísmo que sustenta a formação de uma miríade de coletivos e estruturas comunitárias fechadas e autocentradas em suas pautas de natureza antropológica. 
Assim, a lógica pós-moderna do identitarismo tem um campo fértil do ponto de vista cultural e sociológico, mas está longe de constituir um elemento de uma inovação comum, justamente porque é ultraliberal, focado em valores exclusivistas dos coletivos pós-modernos que rejeitam tudo o que possa parecer um discurso único ou unificador. O micro é pregado como mais importante do que o macro, que se apresentaria como miragem doutrinária. Os grupos identitários fecham-se em si, como unidades antropológicas que nunca se aproximam. 
As outras correntes do PSOL parecem admirar a nova energia moral que receberam com tais coletivos pós-modernos, talvez imaginando que a soma levará à contextualização da sigla mergulhada - fatalmente, creem - nos novos tempos. Novos tempos que parecem embaraçar aqueles que chegaram primeiro ao PSOL.
Este é o caso do MES, Movimento de Esquerda Socialista, que tem Luciana Genro como expoente nacional. O MES é uma corrente trotkista, morenista, advinda da Convergência Socialista. Têm como uma das referências o ensaio "Atualização do Programa de Transição", escrito por Nahuel Moreno, em 1980. Certa leitura deste documento exacerba a dicotomia das possibilidades de ação de esquerda: ou revolucionária ou burocrática, donde todas outras possibilidades ou ações conjunturais definhariam aos olhos da esquerda (a despeito do autor sugerir situações contraditórias mesmo em relação aos estágios iniciais de uma revolução socialista). 
Quando debati com Luciana Genro na UNI-BH fiquei impressionado com a quantidade de vezes que citava (sem citar o autor das passagens), passagens inteiras da Revolução Permanente e do Programa de Transição. Textos importantes, mas que o excesso de citação me deixou a impressão de certo doutrinarismo já que, convenhamos, os tempos são outros e os desafios distintos dos anos 1920 ou 1930. Mas, evidentemente, este não é o problema essencial. O problema é que as posições da líder do MES passaram a identificar parte da esquerda nacional como uma vertente entreguista e mancomunada com setores empresariais e retrógrados (pior que a situação de burocratização de uma força de esquerda, portanto), de maneira que não restaria nenhuma outra alternativa que o isolamento purificado do PSOL. 
Estas duas correntes - o identitarismo e o morenismo - a despeito de terem fortes divergências teóricas e conceituais entre si, passaram a ser a face mais visível do PSOL no último período. E, sem perceberem, caíram na armadilha que desejavam superar: o institucionalismo. Nada mais anacrônico na política nacional. Tanto o MES, quanto os identitários, passaram a ter no parlamento e nas eleições seu principal foco de atuação. Aliás, já comentei que há um problema original no PSOL que é a dificuldade de sustentar uma articulação interna hegemônica e dirigente estável. Sua principal força interna é aquela que tem sucesso e projeção na última campanha eleitoral, passando dos católicos e lideranças carismáticas de classe média (fase Plínio de Arruda Sampaio e Marcelo Freixo), pelos trotskistas (fase Luciana Genro) e identitários (emergentes a partir das últimas eleições municipais). 
Assim, o PSOL patina na sua própria imaturidade, o que lhe dá chance de sair do terreno movediço na medida em que acolher seu amadurecimento. 
O PSOL, enfim, parece inconscientemente querer reeditar a história original do PT, num momento histórico distinto e sem a recomposição interna ocorrida em 1982 naquele partido. A colcha de retalhos ou a federação de correntes (pouco convergentes em termos programáticos e teóricos) também foi um sonho original do petismo, tanto que criaram um método de tomada de decisão que denominaram de "consenso progressivo", desaguando em reuniões sucessivas e intermináveis até que se chegasse a algum acordo interno. A própria corrente Articulação (cujo filhote atual é a corrente majoritária CNB) se organizava em "famílias", termo para didaticamente ilustrar as subcorrentes definidas por organizações quase autônomas ou representações corporativas (bancários, professores, entre outros) que competiam entre si com candidaturas e teses próprias. 
O PSOL parece confiar que é possível retomar o Paraíso, desconhecendo o pecado original como parte desta mesma história. 
Este é o motivo para esta agremiação, promissora até pouco tempo, parecer apartada do debate nacional e das principais disputas em curso em nosso país. Em todos os grandes temas - da crise institucional à crise do governo Temer, do ataque da extrema direita à liberdade artística às projeções das eleições de 2018 - o PSOL não figura como referência nacional, embora tenha quadros para tanto. 
Há algo a ser analisado nesta "história circular" que o PSOL parece alimentar.

sábado, 30 de setembro de 2017

HAMILTON, PEDRO TIERRA, E LULA
fB 300917

obre a delação e a recusa
​​​Por Pedro Tierra*
Pertenço a uma geração que viu não poucos companheiros de luta voltarem das sessões de interrogatórios deformados pela brutalidade dos espancamentos para não entregar um ponto de encontro, uma informação, um documento. Para não delatar. Para não trair. Alguns simplesmente, não voltaram. Pagaram com a morte seu silêncio. A delação era a ignomínia. A condenação ao ostracismo, à exclusão de qualquer ambiente de convívio social. A morte civil.
Muito já se escreveu sobre a traição e os traidores. A literatura é abundante sobre esse gesto humano ignóbil, particularmente nas disputas pelo poder. Da bíblia aos gregos, de Dante a Shakespeare. Ainda que momentaneamente saudada por quem dela se beneficiou, a traição não perde seu caráter repulsivo, mesmo para eles. É indelével e permanecerá para sempre na face do traidor. Nas suas relações futuras, todos se lembrarão dele. E dela. E apontarão o estigma, quando for conveniente.
A História, tampouco, poupa os traidores. O nascimento das nações resultou, em geral, de partos sangrentos. Em que a forca e os fuzilamentos não foram economizados, de parte a parte. De quem oprimia e de quem contra a opressão se levantava. Países que conseguiram constituir-se como nações, com território, língua, cultura, com um destino comum construído pela vontade majoritária dos seus nacionais reservam aos traidores as penas mais severas.
De uma prática considerada repulsiva, a delação converteu-se, no Brasil do golpe, em moeda corrente, manipulada pelo Estado e pela mídia, diante do silêncio e, não se enganem, do desprezo da sociedade. Temos assistido com o estômago embrulhado a um espetáculo que a cada dia nos surpreende pela desfaçatez e o cinismo.
O Instituto da Delação Premiada é um singelo exercício institucional em que o traidor vende ao Judiciário o relato que melhor lhe convém sobre o crime que cometeu. E recebe, em troca, benefícios compatíveis com a avaliação que faz o Juiz do peso social e político da personalidade traída, com vista aos objetivos que ele, Juiz, deseja alcançar.
Não chega a ser surpreendente o rápido processo de desmoralização e degeneração de um mecanismo dessa natureza que se utiliza de um comércio entre o tratador e os répteis que se dispõem a mentir, a rastejar pela migalha de um favor, de um benefício pessoal, de uma redução de pena ao oferecer aos acusadores a cabeça de eventuais cúmplices, agora desafetos, não se escusando à esperteza de furtar a delação mais suculenta de algum ex-sócio.
Não cabe a comparação, por indevida, entre quem foi despedaçado física e moralmente pela Ditadura Militar e, eventualmente, fraquejou e esses escroques docemente constrangidos a delatar, a mentir, em troca da promessa de usufruir das relações e da fortuna que amealharam de forma criminosa.
Há fatos que lançam sobre o passado sua luz, elucidam circunstâncias e conferem a eles um novo significado. Nos últimos dias estivemos diante de fatos dessa natureza. Duas declarações emitidas por dois importantes personagens da República: a primeira, prestada diante do juiz da 13ª Vara de Curitiba. Perguntado pela defesa do Presidente Lula: “O Doutor Sérgio Mouro fez uma pergunta sobre se o senhor tratava de contribuições paralelas, não contabilizadas, caixa 2. O senhor fez uma afirmação aqui muito clara, eu nunca tratei. Então eu pergunto, o senhor hoje muda a versão por conta da sua delação premiada”? Resposta – “ Eu não tenho um acordo de delação premiada. – “O senhor tem uma negociação em curso”. –“Existem tratativas. Isso é um assunto que está a cargo dos meus advogados, eu confio no trabalho deles, são advogados de alta qualificação, com experiência no setor, e confio que eles estejam fazendo o melhor, dentro da lei, olhando maneiras de contribuir com a justiça, que é a minha vontade, e maneiras de obter benefícios, que também é a minha vontade”. Transferir aos advogados a responsabilidade pela decisão não anula o fato concreto de delatar. De negar a declaração anterior “Eu nunca tratei” para atender aos objetivos do interrogador. A que versão se deve dar crédito? Esse é o problema do delator. Será perseguido pela declaração anterior. Porque o compromisso não é com os fatos – já que não foi, afinal, oferecida nenhuma prova além de sua própria palavra –, o compromisso é com o “tratador”.
O corolário desta declaração que circulou há poucos dias na forma de carta-renúncia à condição de filiado ao Partido dos Trabalhadores, representa um esforço malsucedido de emprestar dignidade à desonra. O essencial, o que ficará, é o comércio que se operou entre o tratador e os répteis que a ele sucumbiram. Esse comércio enfeixa todo o significado simbólico do gesto do delator. Em alguns meses os beneficiados deitarão ao fogo a memória desses fatos e seus personagens e a converterão em cinzas. Eles perderão a serventia.
Para conforto de seus novos amigos ele, por sua parte, assegura que vai se empenhar a partir de agora, convertido à virtude, pensando mais em sua família do que no partido, em defender a verdade. Não escapará da armadilha que preparou para si mesmo: estará defendendo sua verdade particular ao lado da plutocracia que um dia combateu.
A segunda circulou pela imprensa convencional e pelas redes sociais: “Só luta por uma causa, quem tem valor. Os que brigam por interesse têm preço. Não que não me custe dor, sofrimento, medo e, às vezes pânico. Mas prefiro morrer que rastejar e perder a dignidade”. Dias depois dessa declaração o dirigente político que
a proferiu foi condenado a 30 anos de prisão. E afirmou estar feliz pela absolvição de um companheiro de processo.
A síntese exprime uma aguda consciência da natureza de classe do conflito em que se debate o país e a escolha de um homem maduro, provado nas múltiplas circunstâncias históricas que enfrentou. Soube conduzir e vencer batalhas. Sabe entender as derrotas que sofreu. Mas sabe também que o sonho que construímos ao longo da vida só nos abandona quando dormimos.
Definitivamente, o processo que envenena o Brasil e que resultou no golpe de 2016, cujo propósito principal é nos devolver à humilhante condição de neocolônia fornecedora de produtos primários, despe as disputas políticas das vestimentas hipócritas do discurso moral que dominou a cena pública do país nos últimos anos. São o que são: escolhas políticas.
Neste momento da história assistimos, com as variações determinadas pelas condicionantes econômicas, sociais e culturais de cada país, o capitalismo se despedir de sua mais vistosa invenção política: a Democracia Liberal. Ela deixou de ser funcional para a acumulação. As instâncias convencionais da ação política foram esvaziadas, os sindicatos, os partidos, os parlamentos. E substituídas pelos comitês executivos das grandes corporações. No caso brasileiro a hipertrofia dos órgãos de controle e a condição de poder tutelar sobre os demais poderes assumida pelo judiciário gerou as condições para um golpe de estado capaz de, em alguns meses, fazer da Carta de 88 uma Constituição bastarda. Liquidado o capítulo dos Direitos Sociais que justificava seu título de “Constituição Cidadã”.
As petroleiras, os bancos, o agronegócio, o monopólio da mídia, contam entre os 3% da sociedade que apoiam o governo ilegítimo de Michel Temer. E têm força suficiente para mantê-lo no poder até que cumpra o desmonte cabal do projeto democrático-popular representado por Lula e pelo Partido dos Trabalhadores. Os autores das declarações de que tratei aqui serão julgados, num futuro que espero seja breve, pela integridade com que se conduziram diante das escolhas políticas que fizeram.

*Pedro Tierra (Hamilton Pereira) é poeta. Ex-Presidente da Fundação Perseu Abramo.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

“Contradições da direita e fragmentação da esquerda abrem cenário para que tudo possa acontecer”


Mais uma de­núncia de cor­rupção contra o pre­si­dente Mi­chel Temer é en­ca­mi­nhada à Câ­mara dos De­pu­tados, apro­vada pelo STF por 10 votos a 1. Ao lado disso, Ra­quel Dodge as­sume o lugar de Ro­drigo Janot na Pro­cu­ra­doria Geral da Re­pú­blica, o que en­sejou co­men­tá­rios sobre o es­fri­a­mento das in­ves­ti­ga­ções da Lava Jato. De outro lado, um clima de de­sen­canto ge­ne­ra­li­zado inibe qual­quer ação po­lí­tica. Sobre este quadro, en­tre­vis­tamos Milton Temer, ex-de­pu­tado fe­deral entre 1998 e 2006.

“Vou ser bom­bar­deado por meus ca­ma­radas, e até amigos, ainda dentro do neoPT, mas vejo esse fenô­meno como se­quela in­con­tes­tável do pe­ríodo de co­op­tação pelo lu­lo­prag­ma­tismo. Quando Lula hoje se con­si­dera traído por Pa­locci, ele não pode negar que foi com Pa­locci em par­ceria com o então recém-eleito de­pu­tado tu­cano Hen­rique Mei­relles, a quem en­tregou o Banco Cen­tral de­pois de reu­niões com Deus sabe quem nos Es­tados Unidos, que co­meteu a grande gui­nada ide­o­ló­gica e pro­gra­má­tica em favor do Pacto Con­ser­vador de Alta In­ten­si­dade”, disse, em alusão à de­fi­nição de André Singer, autor de Os Sen­tidos do Lu­lismo e As con­tra­di­ções do Lu­lismo.

Milton também con­si­dera bra­vata a de­cla­ração do par­tido que venceu as ul­timas quatro elei­ções fe­de­rais sobre boi­cote ao pro­cesso de 2018 caso a par­ti­ci­pação de Lula seja im­pe­dida. “Uma sa­tis­fação à pla­teia. Vá propor isso aos par­la­men­tares fe­de­rais e es­ta­duais, em grande parte trans­for­mados em apa­ratos de re­pro­dução de man­datos... Vá dizer a eles para abrirem mão da pró­xima cam­panha... Eu até acho que eles já estão ope­rando, em­bora ne­guem pu­bli­ca­mente, um plano al­ter­na­tivo de dis­puta ma­jo­ri­tária”, cu­tucou.

E se de um lado ad­mite uma pa­ra­lisia nos se­tores que po­de­riam fazer re­sis­tência a um go­verno pra­ti­ca­mente ze­rado na acei­tação po­pular, de outro en­xerga uma in­con­sis­tência nas ar­ti­cu­la­ções da classe do­mi­nante bra­si­leira, em es­pe­cial nos se­tores que mandam na eco­nomia. “A des­peito das úl­timas de­cla­ra­ções de mi­li­tares, eu me per­gunto: golpe contra quem, quando a de­núncia que fazem é da des­mo­ra­li­zação do go­verno tu­cano-PMDB por cor­rupção?”, in­dagou.

A en­tre­vista com­pleta pode ser lida a se­guir.

Cor­reio da Ci­da­dania: Mais um pro­cesso sobre cor­rupção contra Mi­chel Temer teve seu en­ca­mi­nha­mento au­to­ri­zado pelo STF. Afinal, o que dizer do pre­si­dente? 

Milton Temer: Que na­vega entre a sem-ver­go­nhice e a pa­to­logia mental. Na reu­nião da ONU, inex­pres­siva pelas au­sên­cias, e des­ne­ces­sária pela ameaça de Trump, ficou jo­gado no canto, dando uma única en­tre­vista, para a Reu­ters. En­tre­vista na qual, di­ante do ques­ti­o­na­mento das in­ves­ti­ga­ções sobre cor­ruptos e cor­rup­tores, des­taca o pleno e livre an­da­mento das ins­ti­tui­ções con­cer­nentes, ao mesmo tempo em que as agride quando se trata de seu caso pes­soal e tenta blo­queá-las acin­to­sa­mente nos re­cursos ao Su­premo.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como avalia a saída de Ro­drigo Janot e a en­trada de Ra­quel Dodge na PGR?

Milton Temer: A nova pro­cu­ra­dora chega sob sus­peita. Não porque Janot seja in­con­tes­tável, mas pelo fato de ela ter sido es­co­lhida numa lista onde não foi a mais vo­tada. E, o que é mais grave, es­co­lhida sob aus­pí­cios do usur­pador e seus prin­ci­pais par­ceiros na qua­drilha do PMDB, com es­pe­cial des­taque para Sarney.

Quem tem esses pa­dri­nhos, bom su­jeito só será se con­se­guir provar.

Cor­reio da Ci­da­dania: De outro lado, uma enorme apatia po­lí­tica dos grupos que po­de­riam, e che­garam a fazer, re­sis­tência a seu go­verno de re­formas em favor do grande ca­pital. Por quê?

Milton Temer: Vou ser bom­bar­deado por meus ca­ma­radas, e até amigos, ainda dentro do neoPT, mas vejo esse fenô­meno como se­quela in­con­tes­tável do pe­ríodo de co­op­tação pelo lu­lo­prag­ma­tismo. Quando Lula hoje se con­si­dera traído por Pa­locci, ele não pode negar que foi com Pa­locci em par­ceria com o então recém-eleito de­pu­tado tu­cano Hen­rique Mei­relles, a quem en­tregou o Banco Cen­tral de­pois de reu­niões com Deus sabe quem nos Es­tados Unidos, que co­meteu a grande gui­nada ide­o­ló­gica e pro­gra­má­tica em favor do Pacto Con­ser­vador de Alta In­ten­si­dade.

Para quem tem dú­vidas sobre a ve­ra­ci­dade de tal opção, que ia no sen­tido con­trário à Re­so­lução apro­vada no úl­timo en­contro na­ci­onal do PT antes da eleição de 2002, re­co­mendo o livro do porta-voz do Pla­nalto na­quela oca­sião, e até hoje aliado de Lula, André Singer. É ele que dá nome ao Pacto que citei acima, cujo con­tra­ponto seria um Re­for­mismo Fraco, ca­rac­te­ri­zado pela po­lí­tica as­sis­ten­cial sem mu­danças es­tru­tu­rais que marcou todo o pe­ríodo.

Isso pro­vocou um ce­ti­cismo evi­dente em grande parte da so­ci­e­dade civil não fi­liada, mas elei­tora de Lula e do PT, na ló­gica do “che­gando ao poder são todos iguais”. Ce­ti­cismo re­sul­tante do des­gosto com a con­ci­li­ação de classes, pro­vo­ca­dora da des­mo­bi­li­zação brutal, se com­pa­rada com a ação pre­ce­dente contra o man­da­ri­nato de FHC por parte da CUT, da UNE e até do MST.

Fe­liz­mente, temos a Frente Povo Sem Medo, par­ti­cu­lar­mente pelo seu braço mais or­ga­ni­zado – o MTST – re­cu­pe­rando os es­paços da rua.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que achou do enun­ciado pe­tista, a dizer que o par­tido boi­co­taria as elei­ções em caso de im­pe­di­mento da can­di­da­tura de Lula?

Milton Temer: Uma sa­tis­fação à pla­teia. Vá propor isso aos par­la­men­tares fe­de­rais e es­ta­duais, em grande parte trans­for­mados em apa­ratos de re­pro­dução de man­datos... Vá dizer a eles para abrirem mão da pró­xima cam­panha... Eu até acho que eles já estão ope­rando, em­bora ne­guem pu­bli­ca­mente, um plano al­ter­na­tivo de dis­puta ma­jo­ri­tária.

Cor­reio da Ci­da­dania: Por que as es­querdas ainda exigem au­to­crí­tica do PT se a nova pre­si­dente do par­tido, Gleisi Hoffman, disse no 6º Con­gresso da le­genda que isso não será feito, uma vez que se teria feito muito pelo Brasil?

Milton Temer: Porque se não houver au­to­crí­tica fi­camos todos na pos­si­bi­li­dade de nos vermos en­vol­vidos em novo es­te­li­o­nato elei­toral – cam­panha ou­sada, com go­verno ren­dido. O que, pelas úl­timas de­cla­ra­ções de Lula – lou­va­ções nos­tál­gicas a Mei­relles e de­cla­ração em en­tre­vista a Da­mous que não re­veria de­ci­sões de go­verno an­te­ri­ores, pa­rece mais que pos­sível. Pa­rece certo.

Cor­reio da Ci­da­dania: Sobre elei­ções, con­corda com o fi­ló­sofo Vla­dimir Sa­fatle, que es­creveu re­cen­te­mente que “não ha­verá 2018”? 

Milton Temer: A si­tu­ação con­tra­di­tória no campo das di­reitas, onde os jor­nais trans­for­mados em par­tidos po­lí­ticos de di­reita – Globo e Es­tadão, es­pe­ci­al­mente – não se acertam quanto ao tra­ta­mento do go­verno de Mi­chel Mi­guel (como Sa­fatle o trata e eu agra­deço), e a es­querda frag­men­tada, en­ro­lada nas pes­quisas fa­vo­rá­veis a Lula, mas sem acordo com suas he­si­ta­ções, e com seus mo­vi­mentos so­ciais mais re­pre­sen­ta­tivos ope­rando em sin­tonia dis­tinta, tudo é pos­sível de acon­tecer. In­clu­sive nada.

Mas afirmar que não ha­verá 2018 me pa­rece um pouco con­tra­pro­du­cente. Por que dei­xaria de haver? Há al­guma in­sur­reição à vista? E quanto aos mi­li­tares? A des­peito das úl­timas de­cla­ra­ções eu me per­gunto: golpe contra quem, quando a de­núncia que fazem é da des­mo­ra­li­zação do go­verno tu­cano-PMDB por cor­rupção?

Cor­reio da Ci­da­dania: Como avalia a questão da re­forma po­lí­tica no Con­gresso, que acaba de vetar o cha­mado dis­tritão? 

Milton Temer: É mais uma prova da de­sor­ga­ni­zação das classes do­mi­nantes e de sua re­pre­sen­tação no covil par­la­mentar. Ti­rando a cláu­sula de bar­reira e a dis­cussão torta sobre co­li­ga­ções, tudo vai con­ti­nuar como dantes no covil des­mo­ra­li­zante.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que es­perar para o país nos pró­ximos tempos, em termos po­lí­ticos, econô­micos e so­ciais?

Milton Temer: Ser de es­querda, e assim me man­tenho quase aos 80 anos de vida, é ter ex­pe­ri­ência de ralar no ás­pero. Mas é também vida que já viveu mo­mentos onde a utopia de um outro Brasil, e mundo, pos­sível es­teve bem mais perto. Não de­sa­nimo. Da mesma forma que o ne­o­li­be­ra­lismo aqui chegou de forma tardia, quem sabe, tar­di­a­mente também, a gente con­siga re­petir o que Bernie San­ders, Me­len­chon, Je­remy Corbyn e Pablo Igle­sias estão con­se­guindo, com lutas ex­pli­ci­ta­mente an­ti­ca­pi­ta­listas, na Eu­ropa e nos Es­tados Unidos? Só de­pende de nós. Luta que segue.

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Ga­briel Brito é jor­na­lista e editor do Cor­reio da Ci­da­dania.