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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

sábado, 27 de outubro de 2012

WikiLeaks desafia Pentágono revelando novos documentos secretos

Pentágono ameaça Wikileaks por novas revelações, a despeito das ameaças contra Assange. Que, por sua vez, se declara surpreendido pela omissão da grande mídia diante da gravidade do que está sendo revelado. Prova de que torturas continuam na ordem do dia, o que não é de surpreender tendo em vista a desfaçatez com que EUA se consideram no direito de decretar penas de morte, através de bombardeios por meio de Drones - aviões sem piloto anunciados como capazes de ataques "cirúrgicos" , que na verdade terminam por provocar perdas de vida colaterais de civis inocentes, circulando perto dos "terroristas"-alvos por ocasião das ações conduzidas por operadores a partir de Washington.
Segue o pacote de matérias sobre o assunto:



Pentágono adverte Wikileaks sobre risco vazamentos
"Nós não fazemos comentários sobre a autenticidade dos documentos publicados pelo WikiLeaks", acrescentou o porta-voz, que falou com a condição de permanecer anônimo
http://exame3.abrilm.com.br/assets/sources/17/content_logo_efe.png?1290633634


©AFP/Getty Images/File / Joe Raedle
Washington - O Pentágono advertiu nesta sexta-feira o WikiLeaks que divulgar documentos confidenciais pode pôr em perigo a segurança dos Estados Unidos, depois que o site começou a publicar manuais sobre o tratamento aos presos sob custódia militar do país.

"É uma ameaça para nossa segurança nacional e enfraquece nossos esforços para trabalhar com outros países a fim de resolver problemas comuns", afirmou à Agência Efe um porta-voz do Departamento de Defesa que não confirmou a autenticidade dos documentos.
"Nós não fazemos comentários sobre a autenticidade dos documentos publicados pelo WikiLeaks", acrescentou o porta-voz, que falou com a condição de permanecer anônimo.
No entanto, destacou que a divulgação não autorizada de documentos confidenciais "proporciona ao inimigo um meio para danar substancialmente os EUA e nossos aliados".
A plataforma fundada por Julian Assange, conhecida pela difusão de milhares de documentos diplomáticos dos EUA e de outros sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, começou a divulgar na quinta-feira uma centena de documentos do Departamento de Defesa americano.
Estes documentos recolhem os procedimentos a seguir com os suspeitos que se encontram sob custódia das autoridades militares dos EUA nos centros de detenção no Iraque e na base de Guantánamo (Cuba), assim como os manuais para os interrogatórios.
A organização fundada por Julian Assange anunciou através de um comunicado que, ao longo do próximo mês, divulgará por ordem cronológica os arquivos que agrupou sob o título "Políticas de Detenção" com as instruções seguidas durante mais de uma década.
Assange, asilado na embaixada do Equador em Londres desde junho para evitar ser extraditado à Suécia, onde é requerido por um suposto crime sexual, assinalou em comunicado a importância "histórica" destes documentos, já que "Guantánamo se transformou no símbolo do abuso sistemático dos direitos humanos". 


WikiLeaks: The Detainee Policies
05:00am New York Time (EDT), (10:00am London time (BST)) Thursday, 25th October 2012

Starting today, Thursday, 25th October 2012, WikiLeaks begins releasing the ’Detainee Policies’: more than 100 classified or otherwise restricted files from the United States Department of Defense covering the rules and procedures for detainees in U.S. military custody. Over the next month, WikiLeaks will release in chronological order the United States’ military detention policies followed for more than a decade. The documents include the Standard Operating Procedures (SOPs) of detention camps in Iraq and Cuba, interrogation manuals and Fragmentary Orders (FRAGOs) of changes to detainee policies and procedures. A number of the ’Detainee Policies’ relate to Camp Bucca in Iraq, but there are also Department of Defense-wide policies and documents relating to Abu Ghraib, Guantanamo Bay and European U.S. Army Prison facilities.

Among the first to be released is the foundation document for Guantanamo Bay ("Camp Delta") – the 2002 Camp Delta SOP manual. The release of the ’Detainee Policies’ marks three years of Camp Delta (Guantanamo Bay) SOP manuals released by WikiLeaks. WikiLeaks has now released the main Guantanamo Bay operating manuals for 2002, 2003 and 2004. The previously unpublished 2002 manual went on to shape successive years in the Guantanamo Bay prison complex and other U.S. military prisons around the world, such as Abu Ghraib. "This document is of significant historical importance. Guantanamo Bay has become the symbol for systematised human rights abuse in the West with good reason," said WikiLeaks founder Julian Assange. "But how is it that WikiLeaks has now published three years of Guantanamo Bay operating procedures, but the rest of the world’s press combined has published none?"

In relation to Iraq, the release includes Operation Orders (OPORD) regarding policies for screening and interrogating detainees. The documents also include routine instructions relating to staffing, scheduling of legal visitation, procedures for administering medical treatment, how medical records and daily staff journals are to be kept, cigarette rationing and what items are "authorised for detainee possession".

A number of what can only be described as ’policies of unaccountability’ will also be released. One such document is the 2005 document ’Policy on Assigning Detainee Internment Serial Numbers’. This document is concerned with discreetly ’disappearing’ detainees into the custody of other U.S. government agencies while keeping their names out of U.S. military central records – by systematically holding off from assigning a prisoner record number (ISN). Even references to this document are classified "SECRET//NOFORN". Detainees may be disposed of in this manner without leaving a significant paper trail.

Another formal policy of unaccountability is a 2008 Fragmentary Order that minimises the record-keeping surrounding interrogations. Following revelations of torture tapes and pictures from Abu Ghraib and the political scandal over the destruction of Central Intelligence Agency interrogation tapes, the FRAGO eliminates "the requirement to record interrogation sessions at Theatre Internment Facilities". Although the FRAGO goes on to state that interrogations that take place at Division Internment Facilities and Brigade Internment Facilities must be recorded, it then states that these should be "purged within 30 days". This policy was subsequently reversed by the new Obama administration.

WikiLeaks founder Julian Assange said: "The ’Detainee Policies’ show the anatomy of the beast that is post-9/11 detention, the carving out of a dark space where law and rights do not apply, where persons can be detained without a trace at the convenience of the U.S. Department of Defense. It shows the excesses of the early days of war against an unknown ’enemy’ and how these policies matured and evolved, ultimately deriving into the permanent state of exception that the United States now finds itself in, a decade later."

A number of documents relate to the policies surrounding the interrogation of detainees (2004, 2005, 2008). Direct physical violence is prohibited, in writing, but a formal policy of terrorising detainees during interrogations, combined with a policy of destroying interrogation recordings, has led to abuse and impunity. We learn of policies that apply to international forces: a 13-page interrogation policy document from 2005 relates to all personnel in the Multi-National Force–Iraq (MNF–I). It details "approved" "interrogation approaches". The documents detail the promotion of exploitative techniques such as the "Emotional Love Approach: Playing on the love a detained person has for family, homeland or comrades". In the "Fear Up (Harsh)" approach, by contrast, "the interrogator behaves in an overpowering manner with a loud and threatening voice in order to convince the source he does indeed have something to fear; that he has no option but to co-operate".

The ’Detainee Policies’ provide a more complete understanding of the instructions given to captors as well as the ’rights’ afforded to detainees. We call upon lawyers, NGOs, human rights activists and the public to mine the ’Detainee Policies’ and investigate important issues such as the denial of access to the ICRC (International Committee of the Red Cross) to detainee facilities, as well as to research and compare the different generations of SOPs and FRAGOs to help us better understand the evolution in these policies and why they have occurred. Publicise your findings using the hashtag #WLfindDP

Friends of WikiLeaks: https://wlfriends.org
WikiLeaks has begun releasing the 'Detainee Policies': more than 100 classified or otherwise restricted files from the United States Department of Defense covering the rules and procedures for detainees in U.S. military custody. Over the next month, WikiLeaks will release in chronological order the United States' military detention policies followed for more than a decade. The documents include the Standard Operating Procedures (SOPs) of detention camps in Iraq and Cuba, interrogation manuals and Fragmentary Orders (FRAGOs) of changes to detainee policies and procedures. A number of the 'Detainee Policies' relate to Camp Bucca in Iraq, but there are also Department of Defense-wide policies and documents relating to Abu Ghraib, Guantanamo Bay and European U.S. Army Prison facilities. [read the full press release here]
Name  Description        Date of creation              Date of release                Region of effect              Document type               Pages 
US-DoD-BUCCA-SOP-Anx-C-IF-Procedures-Draft-001-2004-04-01          SOP for Internment Facility procedures at Camp Bucca (draft)     2004-04-01         2012-10-27         Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                4
US-DoD-BUCCA-SOP-Apx-1-Sec-OIC-DO-to-Anx-B-Duty-POSNs-2004-04-01     SOP for Security OIC-Duty Officer (SOIC/DO) responsibilities at Camp Bucca 2004-04-01         2012-10-27         Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                 2
US-DoD-BUCCA-SOP-Apx-10-CCT-SOG-to-Anx-B-Duty-POSNs-2004-04-01        SOP for Compound Control Team SOG responsibilities at Camp Bucca 2004-04-01         2012-10-27         Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                 2
US-DoD-BUCCA-SOP-Apx-11-Detainee-Release-SOP-2004-04-01           SOP for detainee release at Camp Bucca             2004-04-01     2012-10-27         Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                4
US-DoD-BUCCA-SOP-Apx-12-Intelligence-IF-SOP-2004-04-01   SOP for intelligence collection at Camp Bucca    2004-04-01                 2012-10-27         Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                8
US-DoD-BUCCA-SOP-Anx-A-Familiarization-2004-03-27               SOP for familiarization to Camp Bucca   2004-03-27         2012-10-26     Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                5
US-DoD-BUCCA-SOP-Working-Draft-001-2004-03-19     Main SOP for Camp Bucca (working draft)          2004-03-19         2012-10-26     Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                35
US-DoD-BUCCA-SOP-Apx-2-Bucca-ROE-to-Anx-A-Familiarization-2004-03-05   SOP for Rules of Engagement at Camp Bucca                 2004-03-05         2012-10-26         Camp Bucca, Iraq            Standard Operating Procedure                2
US-DoD-Links-to-OIF-Observations-2003-04-09               References for urban operations manual            2003-04-09         2012-10-26     U.S. DoD             Reference List for OIF   11
US-DoD-MOU-US-UK-AUS-re-Detainees-2003-03-25    MOU between U.S. U.K. And Australia for transfer of detainees                 2003-03-25         2012-10-26         US, UK, AUS, Iraq, Afghanistan                Memorandum of Understanding            3
US-DoD-DELTA-SOP-2002-11-11              Main SOP for Camp Delta, Guantanamo              2002-11-11         2012-10-25         Camp Delta, Cuba        Standard Operating Procedure                33
US-DoD-CH-03-Annex-J-Visitation-2002-01-30 SOP for conducting visits to confined inmates and detainees    2002-01-30                 2012-10-25         U.S. Army Correction Facility-Europe     Standard Operating Procedure                4
US-DoD-CH-07-Annex-C-Disorder-FOUO-2001-10-11    SOP for disorder emergency plan           2001-10-11         2012-10-25                 U.S. Army Correction Facility-Europe     Standard Operating Procedure                8
US-DoD-CH-07-Annex-D-EandA-FOUO-2001-10-09        SOP for apprehending and returning escaped detainees            2001-10-09     2012-10-25         U.S. Army Correction Facility-Europe     Standard Operating Procedure                5
US-DoD-DoD-Directive-1994-08-18-reissued-2004          DoD directive for program for enemy prisoners of war and other detainees (reissued 2004)          1994-08-18         2012-10-25         U.S. DoD             DoD Directive    4

domingo, 21 de outubro de 2012

´Democracia é incompatível com Capitalismo´, denuncia livro espanhol

A democracia está sob ameaça com o aumento absurdo do poder do sistema financeiro privado sobre os governos que mergulharam na "modernização" neoliberal, e aí com grande responsabilidade da socialdemocracia - principalmente a brasileira, durante o mandarinato de FHC, com o desmonte do Estado e a privatização de um patrimônio estratégico -. É o que denuncia o livro recentemente lançado de dois importantes acadêmicos espanhóis "Os donos do mundo. As armas do terrorismo financeiro", de Juan Torrez Lopez, da Universidade de Sevilha, e Vicenç Navarro, catedrático da Universidade Pompeu Fabra, ainda sem tradução.

Os pontos principais estão destacadas na entrevista que se segue, concedida ao Publico, da Espanha

"El capitalismo es cada día más incompatible con la democracia"

Autores de 'Los amos del mundo. Las armas del terrorismo financiero'. Denuncian los excesos de la banca y de los especuladores, a los que acusan de provocar la crisis y de hinchar artificialmente la deuda pública de España

JORGE OTERO Madrid 21/10/2012 09:19 Actualizado: 21/10/2012 09:25
Juan Torres López, el pasado martes en Madrid. En los últimos 30 años el sistema capitalista se ha degradado hasta el punto de convertir a la economía mundial en un gran casino donde la especulación sin control se ha convertido en la única norma. Nadie ha puesto brida a esa especulación sin límites: muy al contrario, el poder político ha claudicado ante el gran capital financiero encabezado por la banca internacional. Los bancos y las grandes corporaciones han terminado por adueñarse del mundo y crear una sociedad donde la desigualdad aumenta, el Estado de Bienestar está cada día más debilitado y millones de personas mueren por las decisiones económicas que toman los poderosos.
Ese el panorama que dibujan Juan Torres López, catedrático de Economía Aplicada en la Universidad de Sevilla y miembro de ATTAC, y Vicenç Navarro, catedrático de Políticas Públicas en la Universidad Pompeu Fabra y habitual colaborador de Público, en su libro Los amos del mundo. Las armas del terrorismo financiero (Espasa Calpe). En esta entrevista (por problemas de agenda Vicenç Navarro sólo pudo responder a una pocas preguntas por escrito) los dos autores señalan a los bancos como los principales culpables de una crisis que creen que se podría haber evitado. 
Nicolas Sarkozy, expresidente de Francia, dijo al principio de la crisis: "Vamos a refundar el capitalismo". Casi cinco años después nada de eso ha sucedido. ¿El actual sistema capitalista es intocable?
Juan Torres: El capitalismo es un sistema que ha traído consigo unos avances sociales impensables y con él la democracia ha avanzado más que nunca. Pero el capitalismo también comporta una concentración de la renta y de la riqueza sin igual que resulta cada día más incompatible con la democracia. En los últimos años estamos viviendo un capitalismo muy singular, un capitalismo casi sin normas que ha resuelto que el afán de lucro es el único motor y eso está creando grandes problemas. El capitalismo se ha convertido en un casino y en un casino las pérdidas son grandísimas individual y socialmente. Aunque ha sufrido una profunda degradación, el capitalismo le ha dado un poder tan grande a algunos grupos sociales que estos se pueden permitir el lujo de transmitir al resto de la sociedad que todo va bien y que no hay otra manera posible de vivir. Lo que pasa es que los demás, antes o después, se dan cuenta de que esto no va de ninguna manera bien. Y en esa tensión estamos.
Vicenç Navarro: La crisis de legitimidad del capitalismo se debe a la captación del Estado por intereses particulares entre los cuales destaca el capital financiero.
¿Ha faltado voluntad o coraje político de los gobernantes para cambiar las cosas?
La actual clase política está vinculada a partidos que dependen de la financiación de los bancos. Es una contradicción pensar que alguien que está financiado por unos bancos va a poner en cuestión el status quo de esos mismos bancos. Eso no va darse, al menos con esta clase política.
¿Hay que asumir entonces que los ciudadanos ya no pueden contar con los políticos?
V.N: En una democracia el poder debe derivar de la ciudadanía. Cuando las instituciones representativas han sido instrumentalizadas por el poder financiero y económico, la ciudadanía tiene que salir a la calle para recuperar la democracia.
J.T: La desafección hacia la política es extraordinaria. Se está produciendo un resquebrajamiento social porque la gente se da cuenta de que esto es una mentira, que esto no funciona, que los partidos políticos no son capaces de aportar soluciones. Sin embargo, este proceso ni es automático, ni es generalizado ni es fácil porque los bancos y las grandes empresas dominan los medios de comunicación. Pero también eso empieza a resquebrajarse: la gente empieza a no fiarse de los medios de comunicación convencionales y empieza a informarse por otros más alternativos. Obviamente eso no pasa de un día para otro y durante el camino se producen traumas y conflictos sociales.
"La crisis se podría haber evitado si los Estados no hubieran aplicado las políticas neoliberales"
Dado el curso de los acontecimientos, todo parece indicar que el sistema financiero en su conjunto va a salir reforzado de esta crisis.
J.T: De momento los bancos están logrando que las medidas que se están adoptando sirvan más para fortalecer su poder que para salir de la crisis que ellos mismos han ocasionado. Ahora bien, ¿eso va a ser definitivo? Eso está por ver. ¿Va a poder mantenerse en España un sistema financiero basado en bancos que están quebrados por mucho poder que tengan esos bancos? Eso está por ver. Porque a lo mejor resulta que esas medidas son incompatibles con los propios bancos.
V.N: No está claro que esto sea así. En este momento en España y en Europa la banca y las compañías de seguros dominan la configuración de las políticas públicas. Pero hay un enfado popular generalizado que podría cambiar esta situación.
¿Se podría haber evitado la crisis?
V.N: Sí. Podría haberse evitado si los Estados no hubieran desregulado el capital financiero que creó la crisis financiera y si no hubieran llevado a cabo las políticas neoliberales que determinaron la crisis económica causada por la escasez de la demanda por parte de la población, que ha sido una consecuencia de la reducción de las rentas del trabajo a costa de las rentas del capital.
J.T: Claro que sí. Entre 1945 y 1970 prácticamente no hubo crisis financieras. Pero desde el año 1970 ha habido 130 entre crisis y perturbaciones del sistema. ¿Por qué? De 1945 a 1970 había control de capitales, supervisión nacional y leyes que impedían que la especulación se llevara como se está llevando ahora. Pero esas condiciones se cambiaron porque se quiso convertir a los financieros en el espacio privilegiado del beneficio. Pero si cambias esas condiciones regulatorias lo que va a ocurrir es que se te van a multiplicar las crisis. Si queremos dominar las crisis sabemos lo que tenemos que hacer: tenemos que controlar los capitales, evitar los productos financieros de altísimo riesgo, vigilar a la banca y no dejar que haga lo que quiera. Y sobre todo, tenemos que limitar el privilegio de crear dinero a través de la deuda y actuar decisivamente contra los que están utilizando esa libertad para producir estafas y engaños.
Vicenç Navarro en una imagen de archivo¿La crisis es una gran estafa?
Esta crisis es la sucesión de muchas estafas: fue una estafa la difusión de hipotecas basura; fue una estafael papel que jugaron las agencias de calificación al decir que esas hipotecas eran buenas; fue una estafa que los bancos centrales y las agencias de supervisión miraran para otro lado; fue una estafa decir que ayudar a los bancos iba a servir para que aumentara el crédito; han sido una estafa todas las reformas financieras que se han hecho; es una estafa aprovechar la crisis para hacer reformas laborales; es una estafa que se haya querido convertir la deuda privada que han creado los bancos en deuda pública. Todo es una estafa continuada.
¿Hemos tocado fondo?
No quisiera ser muy pesimista pero esto no ha tocado fondo. Empecinarse en políticas de austeridad va a seguir empeorando las cosas.
¿Cómo hemos llegado a esta situación?
Ha habido un cambio en las políticas y en la correlación de fuerzas sociales. Se han adoptado políticas que han provocado una desigualdad muy grande y, por tanto, un reforzamiento del poder de los arriba. En estos momentos el 1% de más rico de los Estados Unidos se queda con el 75% de los ingresos. Eso da un poder tan ingente que permite disponer de medios de comunicación, de escuelas, de universidades, de intelectuales, de tertulianos, de medios de todo tipo para difundir la doctrina neoliberal. Ese bombardeo ideológico dificulta mucho la capacidad de respuesta de la ciudadanía y la difusión de discursos alternativos. Y así es mucho más fácil aplicar políticas que no sirven para lo que dicen servir, sino para aumentar el poder de los bancos y de los especuladores y hacer que la desigualdad sea cada vez mayor.
Ustedes denuncian que ese discurso dominante va incluso contra la lógica económica.
Concentrar los recursos en la actividad especulativa, en fomentar una riqueza financiera que no crea actividad económica ni empleo, va en contra de toda
lógica. Eso demuestra que la economía está patas arriba. Teóricamente eso no se puede soportar.
Estamos asistiendo a un alarmante aumento de la desigualdad social.
Sí, y posiblemente seguirá aumentando. La desigualdad, además de ser algo condenable porque limita la capacidad de desarrollo de los seres humanos, es económicamente nefasta porque provoca que los de abajo cada vez gasten menos y cada vez tengan menos capacidad económica. Por el contrario, los de arriba acumulan un volumen de ingresos que no va al ahorro productivo sino a la especulación.
¿Cómo se puede reducir esa desigualdad?
J.T: Hay que ir a los orígenes del problema. España tiene un mercado de trabajo muy precario que provoca un abusivo incremento de las rentas del capital.También está perdiendo impulso en las políticas sociales y redistributivas que mejoren esa desigualdad originaria. Ahí es donde habría que actuar.
V.N: Las desigualdades sociales continuarán aumentando. La solución es promover las opciones y partidos políticos que se comprometan con la reducción de tales desigualdades.
"La única fuerza que puede cambiar el rumbo de las cosas es la fuerza de la gente, movilizándose y desobedeciendo a lo que es injusto"
¿Es la crisis una excusa para desmantelar el Estado de bienestar?
V.N: Sí. Hay un ataque frontal a la España y a la Europa social.
J.T: Más que como excusa, la crisis se utiliza como una oportunidad para poner en marcha las políticas que antes el poder no se atrevía a adoptar por ir en contra de la voluntad de los ciudadanos. Ahora esas políticas de recortes se pueden aplicar con más facilidad.
¿Son partidarios de convocar un referéndum sobre las políticas del Gobierno del PP como propone la Cumbre Social?
Completamente. Nos parece que es algo elemental que los ciudadanos se pronuncien sobre las medidas que toman los Gobiernos. Eso es la democracia. Estamos asistiendo a un pulso histórico: Como decía Habermas, hace unos meses se está desmantelando la democracia en Europa y lo vemos día a día. Ni siquiera la voz de un Parlamento es hoy en día capaz de frenar las medidas que están tomando los Gobiernos sometidos a los poderes financieros. La única fuerza que puede cambiar el rumbo de las cosas es la fuerza de la gente, movilizándose y actuando como se ha actuado cada vez que se han producido importantes transformaciones sociales: desobedeciendo a lo que es injusto y reclamando cosas diferentes. Ese poder de la gente es un poder invencible. En España lo vimos cuando la guerra de Irak. No hay fuerza alguna que se le pueda poner enfrente.
¿El rescate de la banca va a resolver los males del sector financiero? ¿Era necesario?
Con el rescate bancario se está echando agua en un colador. Nosotros creemos que lo que tendría que haberse rescatado era el sistema financiero en su conjunto y no a bancos que eran irrescatables. El rescate ha estado técnicamente mal hecho y políticamente mal justificado. No era eso lo que había que hacer.
V.N: El rescate bancario es una estafa monumental. Es la ayuda masiva a la banca española y a la banca alemana. La evidencia de que esto es así es abrumadora.
¿Se tendría que haber dejado caer a algún banco?
V.N: Sí.
J.T: Si un banco ha actuado de manera irresponsable y fraudulenta, pues que afronte las pérdidas que tenga que afrontar. El Estado tiene que garantizar que esa caída del banco no provoque un problema en el conjunto de la economía, pero eso no pasa por rescatar a personas que han engañado y que han desarrollado una mala gestión, sino por crear otrasfuentes de financiación alternativas para que la economía siga funcionando. La prueba de que el rescate de la banca no ha funcionado es que después de haberse hecho no se ha resuelto lo fundamental: que las empresas y los consumidores dispongan de crédito.
Eso no es lo que dicen los grandes bancos. El pasado mes de septiembre el presidente del BBVA dijo: "No hay crédito porque ya no nos piden crédito".
Decir eso es una irresponsabilidad y una falacia. Es incalificable que el presidente de un banco diga eso. Es evidente que hay miles de empresarios que ya no piden crédito porque han tenido que cerrar precisamente por esa falta de crédito.
¿Qué responsabilidad tiene el Banco Central Europeo?
El Banco Central Europeo (BCE) es una pieza de primer orden para explicar lo que ha ocurrido. El BCE no es un auténtico banco central, es una entidad al servicio de
los bancos privados. Su constitución hace que los países del euro estén cojos pues no pueden contar con un instrumento fundamental: la financiación que en última instancia les proporciona un banco central. Le pongo un ejemplo: si desde 1989 hasta el año 2011 la deuda que ha ido generando España se hubiera financiado al 1% por un Banco Central Europeo, la deuda pública que ahora tendríamos sería del 14% del PIB, pero al financiarse por la banca privada alcanza el 90% del PIB.
"La deuda pública de España no está generada ni por las autonomías ni por el despilfarro, sino por la acumulación de intereses de los poderosos"
Es decir, España tiene una deuda inflada artificialmente.
La deuda pública de España no está generada ni por las autonomías ni por el despilfarro, por muchos excesos que se hayan cometido. Nuestra deuda proviene de una acumulación de intereses provocada por la falta de un auténtico banco central. Los países de la Eurozona pagan 350.000 millones de euros en intereses y eso genera aún más deuda a esos países. En España hemos pagado más de 200.000 millones sólo en intereses desde 1990. Estamos recargando nuestra deuda de una manera artificial e innecesaria.
¿Por qué el BCE no actúa como un auténtico banco central?
Las atribuciones del BCE se impusieron por parte de la banca privada europea, que quería conservar su negocio, que es prestar dinero y crear deuda. Lo que decían los bancos era: "Si el BCE va a prestar dinero, entonces no lo voy a prestar yo, y si yo no presto entonces dejo de ganar'.
¿Es positiva la creación de la unión bancaria y de un supervisor europeo?
Sí, sin duda. Lo que no tiene lógica es que en Europa haya 27 supervisores bancarios cuando los bancos operan a nivel europeo. Hay 27 supervisores bancarios porque esa es la manera de que los bancos no sean supervisados. Debería haber un supervisor europeo a la escala a la que actúan los bancos: si los bancos son internacionales tiene que haber un supervisor internacional, si son nacionales tiene que supervisarlos un supervisor nacional. El supervisor tiene que ser un buen supervisor: hay que plantear quien vigila a los vigilantes. Porque si el supervisor va a ser un socio de los supervisados, pues entonces lógicamente no adelantaremos nada. Tendría que ser un supervisor independiente, controlado por los parlamentos y con garantías de que sus miembros son personas honestas y libres.
Hay mucho que supervisar: los excesos de la banca han sido numerosos.
Lo que han hecho los bancos en estos últimos años es de una tremenda irresponsabilidad: las preferentes, los créditos, etcétera. La degeneración del negocio bancario ha sido terrible por la falta de regulación, la confusión de la banca tradicional con la banca de inversión y por la especulación sin freno. Hoy día la banca necesita una depuración total.Ya lo decía Keynes: a nadie se le ocurre construir un casino en el centro de la ciudad, en el sitio más visible y más accesible y, además, poner la entrada barata. Así creas la ruina. Y eso es lo que se ha hecho en todo el mundo: se ha dado todo tipo de facilidades a los especuladores. El Banco de España sabía lo de las preferentes, sabía lo que estaba pasando y no hizo nada. Los inspectores lo denunciaban. Lo que ha pasado es muy grave.
¿Se puede limitar el poder de los bancos?
En los años 60 el coeficiente de caja que tenían que tener los bancos era del 30% eso significaba que sólo el 70% de los depósitos se destinaba a crear dinero financiero. Hoy en día esecoeficiente de caja es del 2%. Hasta los liberales consecuentes, no los liberales que hay en este país perfectamente se podría el sistema de creación de dinero bancario.
"Es necesario que el tamaño del sector bancario disminuya y sea sustituido en parte por bancas públicas que garanticen el crédito"
¿Se puede limitar el poder de los bancos?
El negocio de los bancos es crear dinero de la deuda, por tanto hay que cortar de raíz su capacidad para crear esa deuda, su capacidad para crear dinero financiero de la nada, en definitiva. La única solución que tiene la economía mundial es cortar ese privilegio, limitar el dinero del depósito de sus clientes que se destina a la especulación y a la deuda. Le pongo un ejemplo: en los años 60 el coeficiente de caja que tenían que tener los bancos era del 30%, eso significaba que sólo el 70% de los depósitos se destinaba a crear dinero financiero. Hoy en día ese coeficiente de caja es del 2%. Hasta los liberales consecuentes, no los liberales que hay en España, saben perfectamente que se podría cercenar el sistema de creación de dinero bancario.
Otra de las soluciones que ustedes proponen es la creación de una banca pública. ¿No sería este un buen momento para hacerlo aprovechando la inyección de dinero público en Bankia y en el resto de cajas intervenidas?
V.N: Es necesario que el tamaño del sector bancario disminuya y sea sustituido en parte por bancas públicas que garanticen el crédito.
J.T: En España hubo una magnífica banca pública que funcionó perfectamente. El problema de las cajas de ahorro no es que hayan sido públicas, sino que han actuado como entidades privadas. Las cajas tendrían que haber sido sometidas a principios de actuación de servicio público. Eso no se ha hecho porque los grandes bancos están tratando de salir de la quiebra quedándose con todo el mercado y con el propio patrimonio de las cajas.
¿El Estado va a recuperar el dinero público que se ha puesto en los bancos? ¿Qué garantías hay?
Garantías no hay. Lo previsible es que no se vaya a recuperar el dinero. Técnicamente el proceso que se está llevando a cabo no es el más apropiado. El Banco malo que quieren crear difícilmente va a permitir que se recupere el dinero. Ha habido experiencias en otros países, por ejemplo Suecia, donde sí se recuperó y que se podrían haber seguido aquí. Pero no se ha hecho.
portada del libro¿El banco malo entonces no va a solucionar nada?
El banco malo es una oportunidad perdida, no va a funcionar bien porque no va a ser posible que se capitalice con dinero internacional. Pero no es sólo por eso: pimero, la experiencia demuestra que los bancos malos funcionan cuando se crea banco a banco (el banco malo de un banco); segundo, no se va quedar con todos los activos; tercero, no se sabe con qué activos se va a quedar. Lo primero que habría que haber hecho es una lectura de cuál es exactamente la bolsa de activos inmobiliarios que tiene cada banco, uno a uno, y no hacerlo en términos genéricos. Además, el banco malo tendría que valorar de otra manera los activos inmobiliarios. Todo indica que va a valorar favorablemente a la banca los activos inmobiliarios y luego dar lugar a que el Estado absorba las pérdidas cuando se acumulen una serie de activos inmobiliarios a los que no se va a poder dar salida.
Recientemente varios países europeos han acordado impulsar una tasa que grave las transacciones financieras, la llamada tasa Tobin ¿Es una solución?
La tasa Tobin nunca se ha planteado como una solución. Es un instrumento que puede meter un palo en las ruedas de la especulación y proporcionar ingresos muy importantes a los Estados. Pero eso no es una solución, es un paliativo. Aún no sabemos cómo se va a aplicar, qué alcance va a tener, cuál va a ser su forma de operar. Por tanto, cabe pensar que a lo mejor esto ha sido la típica cortina de humo para que los Gobiernos digan "estamos tomando medidas muy progresistas para ver si sacamos las cosas adelante".
Una de las cosas que más puede indignar a los lectores del libro es el capítulo dedicado a lo que ustedes llaman "terrorismo financiero". Dicen que el dinero mata, literalmente, sobre todo el que se gana con la especulación en los mercados alimentarios.
No hay derecho a que fondos especulativos estén provocando artificialmente la subida del precio de los alimentos y que eso esté matando a millones de personas. ¿A la población mundial eso le da igual? Que especulen con otra cosa, pero que no maten a la gente de hambre. Eso debería ser considerado como un delito económico contra la humanidad perseguido por tribunales internacionales. Algún día esa figura penal llegará, igual que llegó la abolición de la esclavitud, el voto femenino o el fin de la segregación racial en Estados Unidos.
"Debería instaurarse el  delito económico contra la humanidad"
Hablan de los paraísos fiscales, que están más extendidos de lo que la gente piensa ¿Cómo se puede luchar contra ellos?
Los paraísos fiscales no han existido siempre, nacieron a partir de una determinada legislación y otra ley puede impedir su existencia. Es fácil acabar con ellos si se tiene voluntad y poder político para tomar esa decisión. Pero si los que están gobernando son cómplices de quienes utilizan esos paraísos fiscales, entonces es imposible. Gibraltar no podría actuar como paraíso fiscal si España no le diera las líneas de teléfono, así de fácil.
¿Un 'corralito'  como el que hubo en Argentina está descartado en España?
No, aún puede ocurrir. El corralito en Argentina no fue una necesidad técnica, para nada. Fue una medida de defensa en un momento en que la banca cogió el dinero y salió corriendo. En España el corralito ya se debería haber adoptado para que no se lleven lo que se están llevando.
¿La banca ética es una buena alternativa a la banca tradicional?
En España está creciendo. Hay experiencias en otros países que son muy interesantes. En Suecia hay bancos que funcionan sin interés. Una de las cosas buenas que tiene la crisis es que se están desarrollando ese tipo de cosas.

'Hay que latinoamericanizar Europa'

Chantal Mouffe, politóloga belga, participa de Seminário em Buenos Aires, negando que só haja um modelo de "democracia ocidental", e valoriza os governos que, no continente, se defrontam com a direita neoliberal que tenta classificá-los como "populistas autoritários". Segue a entrevista dada ao jornal argentino independente Pagina 12:

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Chantal Mouffe plantea la necesidad de aceptar distintos modelos de democracia en un mundo multipolar y destaca las recientes experiencias en América latina “que muestran que es posible luchar contra el neoliberalismo”. También defiende la idea de alternativa por sobre la de alternancia.
Pagina 12- 21/10/12
En un mundo multipolar, la democracia no puede ser un modelo único, exportado desde Europa y Norteamérica al resto del mundo. “Hay que aceptar que va a haber distintas formas de democracia, que corresponden a su adscripción en distintos contextos históricos”, dice la politóloga belga Chantal Mouffe. En perfecto castellano, modulado por una tonalidad francesa, Mouffe reivindica las experiencias democráticas latinoamericanas, en las que observa no un rechazo al modelo liberal-democrático occidental, sino una rearticulación de esas tradiciones pero “con predominio de la soberanía popular”.
–¿Cómo caracterizaría las diferencias entre las democracias europeas y las actuales experiencias democráticas en Latinoamérica?
–En la medida en que uno acepta, como es una tendencia importante hoy en las ciencias sociales, que no hay una modernidad sino muchas trayectorias diferentes hacia lo que se puede llamar modernidad, en la medida en que uno acepta la existencia de diferentes modernidades alternativas, también hay que aceptar formas múltiples de democracia. El modelo que es específico de Europa incluye una cierta articulación del liberalismo y la democracia, es una articulación entre dos tradiciones distintas, muy influenciada por la tradición judeocristiana y por la reforma protestante. Es una articulación contingente, no necesaria. No es legítimo pretender que ese modelo occidental sea aceptado por el resto del mundo. En el caso de América latina, uno no puede decir que la región no es parte de Occidente, pero eso tampoco quiere decir que Latinoamérica deba aceptar el modelo europeo. Creo que hay que pluralizar la idea de Occidente, aceptar variaciones en su interior y hablar de Occidentes. En las experiencias de las nuevas democracias de Sudamérica no hay un rechazo a la tradición liberal, pero sí hay una articulación distinta entre las tradiciones liberal y democrática.
–¿En qué consiste?
–En Europa, el elemento liberal de las democracias se ha vuelto absolutamente dominante, mientras el elemento democrático, el de la igualdad y la soberanía popular, ha sido subordinado y, en algunos casos, eliminado. Si uno pregunta en Europa qué es la democracia, responden Estado de derecho, respeto de los derechos del hombre, separación de poderes, pero nadie va a hablar de soberanía popular y de igualdad. Algunos teóricos hasta sostienen que todo eso se ha vuelto obsoleto. No es sólo que la tradición liberal se ha vuelto hegemónica, sino que hay una interpretación específica, neoliberal, de esa tradición. Esto es lo que ocurre en Europa y en Estados Unidos, por eso es que muchos teóricos hablan de una posdemocracia, de una democracia que ha perdido todo sentido democrático. Contra los teóricos que consideran que el principio democrático y el liberal van necesariamente juntos, yo defiendo la tesis de que hay una lucha entre esas dos tendencias. En la historia europea, hubo momentos en que predominó el elemento democrático y en otros dominó el elemento liberal, como ocurre hoy. Ese predominio del componente liberal es lo que están poniendo en cuestión los gobiernos latinoamericanos, que han puesto al elemento democrático como elemento principal. El elemento liberal no ha sido eliminado, pero está subordinado. Por eso es que en Europa no se entienden las experiencias latinoamericanas y hay hostilidad hacia ellas, no sólo desde la derecha, también desde la izquierda. ¿Por qué no puede aceptar a estas democracias latinoamericanas? Tienen una cierta idea de que la democracia es el predominio de los procedimientos liberales. Lo fundamental para entender a las democracias latinoamericanas es que no se trata de un rechazo al modelo liberal-democrático, sino de una rearticulación con predominio de la soberanía popular.
–Usted ha criticado el principio de alternancia en el poder y, en su lugar, ha defendido la necesidad de que las democracias ofrezcan alternativas. ¿Cuál es su postura ante las reelecciones presidenciales?
–Acabo de leer un artículo en Le Monde Diplomatique, donde José Natanson argumenta contra la re-reelección y considera que hay que poner límites al poder del pueblo. Estoy de acuerdo con que el poder del pueblo debe tener cierto marco, pero uno no puede decir que países donde existe la posibilidad de la reelección indefinida, como Venezuela, sean menos democráticos que países sin esa posibilidad, como los europeos. En Europa se da una situación de alternancia: hay elecciones pero el pueblo no puede realmente escoger entre proyectos distintos. Elegir entre centroizquierda y centroderecha es prácticamente como elegir entre Coca Cola y Pepsi Cola. A partir de eso trato de explicar la falta de interés en la política representativa, la gente advierte que no hay diferencia. Desde mi perspectiva, el criterio para saber si un país es democrático es si a la gente se le da la posibilidad de escoger, si tienen alternativas y no simplemente alternancia entre partidos distintos que, una vez en el poder, no hacen ninguna transformación fundamental. El problema de la reelección lo veo como un fetichismo de ciertos procedimientos liberales. También es algo muy reciente, porque hasta hace poco un país como Francia no tenía ningún límite para la reelección del presidente. Se dan situaciones absurdas, como en Chile, donde el presidente puede tener un solo mandato. Michelle Bachelet era una persona muy popular y podría haber sido reelegida, pero la normativa no se lo permitía: eso sí que es una traba al poder del pueblo. La reelección puede ser una manera de luchar contra el predominio del liberalismo sobre la democracia. Evidentemente, eso no quiere decir tampoco que se deban abandonar todos los límites liberales.
–En su razonamiento, la alternativa queda atada a la figura del líder que ejerce la presidencia, pero también se podría pensar en que, dentro de un mismo espacio político, distintas figuras encarnen esa alternativa. Para decirlo de otra manera, la reelección indefinida ¿no promueve la debilidad de un proyecto al ligarlo a una sola persona?, ¿no elimina un incentivo a que los partidos generen mayor democracia interna y a que los gobiernos distribuyan el ejercicio del poder?
–Claro que, idealmente, es mejor cuando no hay una sola persona de la que depende un proyecto, porque eso siempre es muy peligroso. No es lo ideal. Pero cuando ése es el caso, no veo por qué no puede admitirse la reelección de esa persona. Idealmente, hay que crear las condiciones donde haya varias personas identificadas con un proyecto. Pero, cuando eso no ocurre, sería absurdo poner en riesgo un proyecto.
–¿Encuentra alguna relación entre las diferencias de las democracias latinoamericanas y europeas y los modos en que una y otra región están enfrentando la crisis del capitalismo global?
–Lo que me parece muy interesante de las experiencias de Sudamérica es que se está poniendo en cuestión el modelo neoliberal: la ruptura con el FMI, la creación de instituciones regionales, una apuesta al desarrollo de un modelo alternativo. En Europa no parece haber interés en salir del neoliberalismo, y eso está relacionado con esa situación de posdemocracia, donde no hay diferencias claras entre centroderecha y centroizquierda. El problema fundamental es que se ha creado una especie de consenso al centro –el modelo teorizado por Tony Blair, por Anthony Giddens–, la idea de que después de la caída del Muro de Berlín ya no hay antagonismos y que no hay alternativas al modelo neoliberal, un marco en el cual los partidos de centroizquierda apenas pueden gestionar de manera un poco más humana esa globalización neoliberal. Pero en esos partidos no se ve ninguna tentativa de romper. Hay que reconocer que la Unión Europea no ayuda, porque tal como existe es parte del modelo neoliberal. Todas las medidas que está desarrollando la UE tratan de encontrar una salida neoliberal a una crisis provocada por el neoliberalismo. Soy profundamente europea y no quiero romper con la UE, pero creo que necesita un cambio muy profundo, para que empiece a permitir el desarrollo de un modelo alternativo. Afortunadamente, en forma muy reciente, en algunos países se está empezando a ver el nacimiento de partidos políticos que se sitúan a la izquierda de los partidos socialistas, que quieren llegar al gobierno –no son partidos de protesta– y desarrollar un modelo distinto, como el Partido de Izquierda en Francia, Syriza en Grecia o Die Linke en Alemania. Eso a muchos nos da esperanza de que pueda haber una puesta en cuestión del modelo neoliberal. En esos partidos hay un enorme interés por lo que pasa en América latina. Muchos creemos que hay que latinoamericanizar Europa, hay que aprender de estas experiencias que muestran que es posible luchar contra el neoliberalismo. Acá están más avanzados. Claro que han pasado por experiencias muy dolorosas...
–Al comprender al conflicto como inherente a la política y al considerar al consenso racional como imposible, usted plantea que la tarea de la democracia es transformar los antagonismos (la confrontación amigo-enemigo) en agonismos (adversarios que se reconocen derechos). ¿La responsabilidad de esa transformación se la atribuye a la sociedad y sus organizaciones en su conjunto? ¿O en particular al poder del Estado?
–Evidentemente, el Estado tiene un rol importante, pero también los partidos políticos, que son parte de la sociedad. La política necesariamente implica un nosotros y un ellos. Lo específico de la política son los conflictos que no se pueden resolver nunca de manera racional, poniéndose de acuerdo, por eso es que he criticado el modelo deliberativo. En la sociedad siempre hay sectores enfrentados. El conflicto tiene que ver con relaciones de poder, con la hegemonía. Esto es lo que la perspectiva liberal no quiere reconocer. El marxismo lo reconocía, pero lo limitaba a la lucha de clases, que no es la única forma posible de antagonismo. Entonces, el objetivo de la democracia no es encontrar los procedimientos para poner a todo el mundo de acuerdo, porque eso no es posible, sino encontrar cómo manejar el conflicto. Si el conflicto se da de manera antagónica, en una confrontación amigo-enemigo, donde no se reconoce la legitimidad del oponente y se trata de eliminarlo, sobre esa base no es posible organizar una sociedad democrática. Por eso es que muchos liberales creen que tienen que negar la dimensión del conflicto para pensar la democracia. Yo creo que el conflicto se puede dar también bajo la forma del agonismo, que no elimina el conflicto sino que en lugar de plantear una relación amigo-enemigo plantea una relación de adversarios. Si bien hay una lucha hegemónica, esa lucha se da bajo ciertos procedimientos democráticos. La tarea fundamental de una política democrática es crear todas las instituciones y los procedimientos para permitir al conflicto manifestarse de una manera agonística. Si eso no existe, el conflicto aparece bajo formas violentas. Por eso creo que hay responsabilidad de los partidos, que tienen que considerar a los otros como adversarios, no como enemigos a eliminar. Pero también es necesario al nivel del Estado que existan los canales que permitan esa expresión. Para tener una lucha agonística, es necesario que de los dos lados haya reconocimiento agonístico.
–¿Cómo analiza, desde esa perspectiva, casos como los de Venezuela o Argentina?
–El caso de Venezuela es particularmente interesante en ese sentido, porque parece que se está dando un movimiento del antagonismo al agonismo. Durante toda una primera etapa, la oposición no admitía a Hugo Chávez y lo trataba como enemigo, intentaron darle un golpe de Estado: ése es un trato antagonista. Ahora –si no es una maniobra– parece haber un cambio: aceptaron entrar en las elecciones, Henrique Capriles no propone destruir todo lo que hizo Chávez y reconoce muchas cosas; parece estar creando las condiciones para lo que llamo un consenso conflictual –porque para que haya lucha agonística es necesario que haya una base común entre los adversarios, el respeto por ciertas reglas del juego–. En el caso de la Argentina, me parece que la situación es parecida a lo que era Venezuela antes de Capriles, porque no hay un consenso conflictual. Desde la oposición no se plantea una política de confrontación agonística con el Gobierno, me parece que hay tentativas de deslegitimarlo y ponerle trabas a algunas medidas –como el caso de la ley de medios–. No es una oposición constructiva, no parece proponer ningún proyecto alternativo, sino solamente tratar de impedir lo que propone el Gobierno.

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