Quem sou eu

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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Antonio Patriota faz o jogo sujo dos EUA no Oriente Médio

O chanceler Antonio Patriota, com sua versão atual de "coragem, propõe o desarmamento da Siria, com o País passando a ser supervisionado pela Liga Árabe. Patriota não é desinformado, Patriota foi o secretário-geral de Celso Amorim , no Itamaraty. Era o tempo em que o governo Lula mostrava o aspecto positivo de seu governo, nunca contestado pela esquerda progressista - a autonomia em relação ao Departamento de Estado nas decisões sobre a política externa brasileira para o Oriente Médio.
Saiu Celso Amorim, e Patriota parece passar a operar como secretário-geral latino americano para o Departamento de Estado americano. Propor desarmamento da Siria e submissão do país à quadrilha que controla da Liga Árabe - governos autoritários, corruptos e socialmente atrasados, mas aliados incondicionais das políticas imperialistas para a região. São os capatazes das grandes corporações petroleiras, que por sua vez controlam os governos de seus países, juntamente com o complexo industrial militar, acumpliciado ao sistema financeiro privado.
A denúncia do  norte-americano Webster Tarpley, escrevendo a partir de Damasco, mostra as razões para a classificação das declarações de Patriota como verdadeiras patetices de um subordinado ideológico de Hillary Clinton, operando a política externa subalterna do governo Dilma.
Segue a denúncia do intelectual norte-americano



Intelectual norteamericano denuncia: " a CIA, o M16 e a MOSSAD operam juntos na Síria"

[Foto: o embaixador dos Estados Unidos para a Síria, Robert S. Ford (à esquerda) é, de acordo com fontes fiáveis, o oficial americano chave do departamento de Estado, que tem sido responsável pelo recrutamento de terroristas árabes para criar os "esquadrões da morte" geralmente com ativistas da Al-Qaeda (organizaçãofinanciada pela a CIA ) para essas mesmas unidades no Afeganistão, no Iraque, Iêmen e Chechênia para que lutem agora contra o exército sírio e a polícia na Síria para gerar uma guerra civil em este país].
Somos todos Palestinos, 

DOMINGO, 27 DE NOVEMBRO DE 2011

Países ocidentais estão fazendo todo o possível para desestabilizar a paz civil na Síria, denunciou o escritor e jornalista norte-americano Webster Tarpley (Red Voltaire) de Damasco, capital da Síria à TV RT ( Rússia Today). De acordo com ele, os civis sírios tem que lidar diariamente com esquadrões da morte e o terrorismo cego, que é típico das ações secretas de sabotagem e desestabilização usada pela CIA.

"Como o cidadão sírio médio de todas as etnias sabem o que está acontecendo?"
As pessoas queixaram-se que há franco atiradores terroristas que estão atirando contra o povo. É terrorismo cego, simplesmente com o propósito de desestabilizar o país e fazer com que os diversos grupos étnicos se defrontem. Eu não chamaria isso de guerra civil - que é um termo que engana quando estamos nos referindo ao que se passa hoje na Síria.
O que está acontecendo aqui é que as populações civis estão sendo atacadas por esquadrões da morte profissionais, se trata de comando terrorista, método típico utilizado pela CIA, que ninguém sabe como apareceram. «Neste caso é uma ação secreta conjunta e planejada pela CIA, MI6, Mossad, financiada com dinheiro da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar», disse Webster.
O Professor Webster observa que a sociedade Síria é a sociedade mais tolerante do Oriente Médio, o único lugar onde todos os tipos de pessoas e grupos étnicos podem viver juntos em uma notável harmonia, muçulmanos e cristãos de todos os tipos.
"Síria representa um modelo de coexistência pacífica entre diferentes grupos étnicos". A Política dos Estados Unidos busca precisamente atacar esse ponto para romper e gerar o caos no Oriente Médio e para tal, é essencial atacar as linhas étnicas, para que se enfrentem em uma guerra fratricida», acrescentou.
As regras impostas pelo Presidente sírio Assad e seu desempenho como governante são cada vez mais chamadas e consideradas de ilegítimas, pelos ocidentais.
"Após a "Ajuda humanitária"da OTAN à Líbia, que foi verdadeiramente um banho de sangue, com 150.000 mortos e agora com o Egito, onde as pessoas recém se estão dando conta apenas o que era desde o princípio - não houve nenhuma revolução alí - foi um fracasso e agora as pessoas estão começando a entender esse engano".
A Sra. Clinton e a Sra. Rice (sic) continuam a incentivar e promover esse modelo de revoltas, as chamadas Revolução coloridas, mas desta vez estão usando o apoio de tropas terroristas, mercenários, fundamentalistas -o povo da Al-Qaeda e a Irmandade Muçulmana-. Há um movimento cada vez mais crescente entre certos grupos fundamentalistas que diz: ""Nós queremos a reconciliação, queremos a lei e a ordem, e queremos especialmente a legalidade"», precisa o Professor Webster Tarpley."
Postado de www.voltairenet.org

terça-feira, 29 de novembro de 2011


Quando os ditadores "filhos da puta" são protegidos pelas "direitas humanas"
O imperialismo tem sem tempo no jogo entre apoiar valores ou apoiar contra-valores. Na década de 60, em nome da defesa da "civilização ocidental cristã, e contra o comunismo ateu", promoveu as maiores barbaridades, no implantação e sustentação de ditaduras após golpes de Estado, na América Latina e na Asia. Ainda estão bem vivas as declarações de Henry Kissinger, o hilaryclinton de então, classificando como "nossos", e portanto aliados inimputáveis , os ditadores "filhos da puta" que não mediam limites para garantir submissão de seus países aos ditames estratégicos do Departamento de Estado norte-americano. 
Mudaram no tempo, os condutores da política externa das grandes potências capitalistas? 
Certamente que não. Se é verdade que invocam defesa de direitos humanos para justificar sua ação belicosa violenta sobre governos ditatoriass, o fazem com o mesmo critério seletivo. Como no caso em curso, da Siria, onde a praça principal da capital do País não abriga dissidentes, mas sim multidões de apoiadores do governo "condenado" a sanções políticas e econômicas pela Liga Árabe - cujo colégio é composto exatamente por outras ditaduras realmente abominadas por boa parte de seus povos, mas sustentadas e reconhecidas como governos legais por serem aliadas dessas potências capitalistas.
Por isso, é bastante oportuna a reportagem da Isto É, sobre o que se espera com a abertura de arquivos das ditaduras da América Latina nos anos 60, e os segredos da famigerada Operação Condor - ação comum  dos serviços de segurança continentais no assassinato de militantes na luta pela redemocratização dos países sob regimes ditatoriais na região:
  N° Edição:  2194 |  25.Nov.11 - 21:00 |  Atualizado em 29.Nov.11 - 06:42

Ditaduras entrelaçadas
Documentos secretos comprovam que a participação de autoridades brasileiras na Operação Condor foi fundamental para a aliança dos governos totalitários da américa Latina
Wilson Aquino
Edmur Camargo  foi preso em 1971 quando ia ao Uruguai. Entregue à FAB,
desapareceu. Já Alfredo Astiz (à esq.), foi devolvido às autoridades argentinas por
interferência do então diplomata do Brasil em Londres, Roberto Campos 

Não são apenas os brasileiros que vivem a expectativa sobre quais segredos a Co
missão Nacional da Verdade, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff na sexta-feira 18, trará à tona. Ativistas de Direitos Humanos de Argentina, Paraguai e Uruguai esperam que, ao remexer os arquivos da ditadura brasileira, a Comissão esclareça fatos obscuros ocorridos naqueles paí­ses durante o regime militar nos anos 1970 e 1980. Especialmente no que se refere à Operação Condor, a aliança político-militar entre os governos ditatoriais sul-americanos nesse período. A surpresa pode ficar por conta de nomes de autoridades civis brasileiras que colaboraram com o regime ditatorial na América Latina. O correspondente em Brasília do jornal argentino “Pagina/12”, Dario Pignotti, que investiga a Operação Condor desde 1994, encontrou no Brasil documentos que comprovam a importante participação de diplomatas brasileiros na repressão, monitorando e revelando os passos de exilados, bem como agindo no interesse de conhecidos repressores vizinhos, como o capitão de fragata argentino Alfredo Astiz, conhecido como o “Anjo da Morte”. Essa atuação contradiz com a tese estabelecida de que o Brasil desempenhava um papel secundário e discreto na Operação Condor.

Astiz foi responsável pelas mortes das fundadoras da organização Mães da Praça de Maio, de duas freiras francesas e de uma estudante sueca, durante a repressão argentina, e tinha dois pedidos de extradição (França e Suécia). Se ele fosse mandado para a França ou Suécia, ele seria julgado por esses crimes, o que seria a pior solução para Astiz. Por interferência, porém, do então embaixador brasileiro em Londres em 1982, Roberto Campos, o “Anjo da Morte” acabou sendo devolvido pelos ingleses às autoridades argentinas. Na Argentina, ele ficou livre até 2006, quando foi detido. Mês passado, Altiz foi condenado em Buenos Aires à prisão perpétua. 

A maior parte dos telegramas examinados pelo jornal argentino se refere ao aparato repressor dos mandatos de Ernesto Geisel (1974-1979) e João Baptista Figueiredo (1979-1985). Essa cooperação se fortaleceu principalmente depois de 1975 (no início da fase conhecida como “abertura lenta e gradual” pelo governo Geisel) e não se limitou somente ao plano operacional. Outro episódio que evidencia a participação ativa das autoridades brasileiras é a prisão e o posterior desaparecimento, em 1971, do jornalista Edmur Péricles Camargo, 57 anos, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Camargo era um dos presos políticos banidos do Brasil em troca da libertação do embaixador suíço Giovanni Bucher. Ele foi para o Chile, mas resolveu se consultar com um oftalmologista no Uruguai. Quando o avião fez escala na Argentina, os policiais daquele país o prenderam, e ele foi enviado em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) de volta ao Brasil, mas simplesmente desapareceu. Em 1995, Camargo foi considerado oficialmente pelo governo brasileiro como desaparecido político durante a ditadura. 

Na avaliação do secretário de ­Direitos Humanos da Argentina, Eduardo Duhalde, mais do que manter sua caixa-preta fechada, o Brasil foi o fiador da Condor. “Porque a Operação não poderia ter existido sem a vontade política do país hegemônico da região”, justifica.  


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AlFatah e Hamas se unem em torno da Palestina soberana

Israel estrebucha de ódio, mas as duas correntes do povo palestino - Al Fatah e Hamas - chegaram a um acordo de ação comum, pela via pacífica, para o reconhecimento da Nação comum como Estado soberano. 
Independentemente das críticas que se possa fazer a atos vis assumidos por Mahmoud Abbas, em seus contatos revelados pelo WikiLeaks, o fundamental é que o passo dado ontem representa um avanço político de grande significado. A Autoridade Nacional Palestina, na Cisjordania, e o Hamas, em Gaza, unidos, passam a ter um peso representativo inconstestavelmente bem mais forte do que no quadro de divisão anterior, estimulado por Israel.
Que o futuro da Palestina se afirme em felicidade, é o desejado a partir do que vai abaixo, no relato do encontro que Rebelión publicou


Al-Fatah y Hamas aparcan sus diferencias para trabajar como socios

Rebelion 25/11/11


Mahmud Abbas y Khaled Meshaal aseguraron ayer haber resuelto sus diferencias durante la reunión que mantuvieron en El Cairo para impulsar la aplicación del acuerdo de reconciliación firmado en mayo en la capital egipcia. Israel volvió a expresar su rechazo al acuerdo que pone fin al enfrentamiento entre Al-Fatah y Hamas al afirmar que entierra toda posibilidad de eventual regreso a las negociaciones entre el Estado sionista y la Autoridad Palestina (ANP), que llevan más de un año paralizadas.
En un encuentro mano a mano, que las respectivas delegaciones tendrán continuidad en diciembre, ambos líderes aprobaron un documento negociado entre Azzam al-Ahmad, responsable de Al-Fatah para la reconciliación, y Musa Abu Marzuk, número dos de Hamas, que prevé sobre todo «concentrarse en la resistencia pacífica» frente a la ocupación y la colonización israelí.
Abbas y Meshaal coincidieron en que el encuentro ha creado la atmósfera adecuada que dará un impulso a la causa palestina, porque «ya no hay diferencias entre nosotros», aseguró el presidente de la ANP y líder de Al-Fatah, quien agregó que «queremos trabajar como socios y tenemos una responsabilidad conjunta hacia nuestro pueblo y nuestra causa».
Nueva página
«Queremos tranquilizar a nuestro pueblo, de que con esta reunión hemos abierto una nueva página de alto nivel de entendimiento, preocupación por la asociación y seriedad en la aplicación del acuerdo y de todo lo que tiene que ver con la organización de la patria palestina», manifestó Meshaal.
La de ayer fue la primera reunión entre ambos líderes palestinos desde la firma, el 4 de mayo en El Cairo, del acuerdo de reconciliación nacional por todas las facciones palestinas tras el pacto sorpresa logrado el 27 de abril por Hamas y Al-Fatah. Aquel acuerdo puso fin a la disputa entre ambos, que se remontaba a junio de 2007.
Ese acuerdo de mayo, cuya aplicación se había estancado y que la reunión de ayer busca implementar, contempla la constitución de un Gobierno de unidad nacional de tecnócratas e independientes que se encargará de organizar las elecciones previstas para mayo de 2012. Todos los movimientos palestinos tomarán parte en la constitución de ese Ejecutivo, según se indicó ayer. Su sede estaría en Gaza y su primer ministro no parece que vaya a ser el actual jefe del Gobierno en Ramallah, Salam Fayyad, a cuyo nombramiento se opone radicalmente Hamas. Ayer, el propio Fayyad reiteró estar dispuesto a renunciar a esa posibilidad para favorecer la reconciliación palestina.
«Nos hemos puesto de acuerdo para concentrar nuestra próxima etapa en la resistencia popular pacífica y vamos a formar comités para llevarla a cabo», explicó Izzat al-Rishq, dirigente de Hamas, durante una rueda de prensa conjunta ofrecida junto a Al-Ahmad al término de la reunión. «Confirmamos el alto el fuego en Cisjordania y la Franja de Gaza», añadió.
Por su parte, Al-Ahmad recordó que «hay un acuerdo para unificar las fuerzas de seguridad y las instituciones civiles, y vamos a ponerlo en práctica».
Según el documento aprobado ayer, y citado por AFP, ambas partes coinciden en que «las negociaciones (con Israel) han llegado a un callejón sin salida» y se explorarán alternativas.
También confirma un «acuerdo claro sobre el establecimiento de un Estado palestino en los territorios ocupados en 1967, Cisjordania y la Franja de Gaza con Jerusalén Este como capital», lo que significa junto a, y no en lugar de, Israel, como se recoge en el programa fundacional de Hamas, aunque sus líderes abogan desde hace años por un acuerdo con base en esas fronteras previas a la Guerra de los Seis Días, es decir, un Estado palestino en el 22% de la Palestina histórica, pero sin reconocimiento formal del vecino Estado de Israel, que ocuparía el 78% restante.
Además, respalda la celebración de las elecciones presidenciales, legislativas y al Consejo Nacional Palestino en mayo de 2012, con la formación de un Gobierno de unidad nacional tras los comicios.
Según fuentes citadas por la agencia palestina Maan, Abbas y Meshaal volverán a reunirse el próximo 15 de diciembre en El Cairo y se espera que para entonces fijen la fecha para la celebración de las elecciones.
Al-Ahmad y Al-Rishq indicaron que ayer se acordó cumplir con los términos del acuerdo en relación a la liberación de detenidos -en manos de cada uno de los movimientos-, lo que generaría un buen clima para a celebración de la cita electoral.
Según AFP, el 20 de diciembre en El Cairo habrá otra «reunión de la dirección de la OLP con todos los movimientos palestinos, incluidos el Hamas y Yihad Islámica», que no forman parte de la organización, para reformar sus órganos directivos, anunció al-Ahmad. Y dos días después, el 22, volverán a reunirse todas las facciones que firmaron el acuerdo de reconciliación para informarles del pacto entre Al-Fatah y Hamas y formar el nuevo Gobierno de unidad que organice las elecciones, agregó.
Pataleta de Israel
El viceprimer ministro israelí, Silván Shalom, señaló que el acuerdo entre Al-Fatah y Hamas da al traste con el diálogo entre Israel y la ANP. «No se puede hablar con un Gobierno uno de cuyos miembros principales llama a la destrucción del Estado de Israel», dijo en referencia a Hamas.
Shalom dejó claro que Israel «no conversará con un Gobierno que no declare públicamente su reconocimiento del Estado de Israel, rechace el terrorismo y acepte los acuerdos previamente firmados por Israel y la OLP», las tres condiciones del Cuarteto de Madrid (EEUU, UE, ONU y Rusia), que Hamas rechaza.
La oficina del primer ministro, Benjamin Netanyahu, por su parte, exigió nuevamente a Abbas «parar el proceso de reconciliación con Hamas».
http://www.gara.net/paperezkoa/20111125/305809/es/Al-Fatah-Hamas-aparcan-diferencias-para-trabajar-socios

Losurdo:O que está em jogo nas ameaças à Siria

Síria é a bola da vez, numa operação política que pode se transformar em bélica a qualquer momento, por conta de deliberação do Departamento de Estado norte-americano, desde o tempo da doutrina Bush, sobre o "eixo do mal". Síria, primeiro; Irã quando a oportunidade voltar.
Neste artigo de Domenico Losurdo, está bem definido o cenário, falsamente pautado no combate às "violências da ditadura" contra os opositores. Não é isso que está em causa nessa nova versão das Cruzadas, até porque todas as tiranias vizinhas - aliadas incondicionais dos Estados Unidos na sua política contra a Siria - se sentem à vontade para se manter no seu comportamento repressivo contra seus opositores, e continuar vendo seus governantes serem tratados como "reis", "califas"e até "presidentes", como esse facínora Saleh, do Yemen. 
Seguem o artigo de  Domenico Losurdo, colocando os pontos nos is, e uma correspondência do professor Ramez Tabet, um dos principais especialistas de Oriente Médio, insuspeito de qualquer simpatia pré-concebida, em função de suas análises nada lenientes em relação aos governos árabes, inclusive o de Assad.


Os discípulos de Goebbels contra a Síria
Domenico Losurdo
24.11.2011

Qual a natureza do conflito que desde há meses assola a Síria? Com este artigo é meu intuito suscitar em todos os que defendem a causa da paz e da democracia nas relações internacionais algumas perguntas elementares. Pela minha parte, tratarei de responder dando a palavra a órgãos de imprensa e jornalistas insuspeitos de qualquer cumplicidade com os dirigentes de Damasco.
1)       Ocorre antes de mais nada perguntar qual a situação deste país do Médio Oriente antes da chegada ao poder, em 1970, dos Assad (pai e filho) e do regime actual. Pois bem, antes daquela data, «a república síria era um estado débil e instável, um palco para as rivalidades regionais e internacionais»; os acontecimentos dos últimos meses significam de fato o regresso à «situação anterior a 1970». Quem se expressa nesses termos é Itamar Rabinovich, ex-embaixador de Israel em Washington, no International Herald Tribune de 19-20 de Novembro. Podemos extrair uma primeira conclusão: a rebelião apoiada em primeiro lugar pelos EUA e pela União Europeia pode fazer a Síria retroceder a uma situação semicolonial.
2)       As condenações e sanções do Ocidente e a sua aspiração a uma mudança de regime na Síria estão inspiradas na indignação pela «repressão brutal» de manifestações pacíficas, uma repressão exercida pelo poder? Na realidade, já em 2005 «George Bush pretendia derrubar Bashar al-Assad». Continuam a ser palavras do ex-embaixador israelita em Washington, o qual acrescenta que agora o governo de Telavive se juntou a esta política de regime change na Síria: há que acabar de uma vez por todas com o grupo dirigente que a partir de Damasco apoia «o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza» e estreita relações com Teheran. Sim, «profundamente preocupado pela ameaça iraniana, Israel é de opinião de que, se retirar o tijolo sírio do muro iraniano, a política regional poderia entrar numa nova fase. É evidente que o Hezbollah, tal como o Hamas, se movem agora com mais cautela». De modo que o alvo da rebelião e das manobras com ela relacionadas não é apenas a Síria, são também a Palestina, o Líbano e o Irã: trata-se de desferir um golpe decisivo na causa do povo palestinio e de consolidar o domínio neocolonial de Israel e do Ocidente numa região de crucial importância geopolítica e geoeconómica.
3)       Como atingir este objectivo? Guido Olimpio, no Corriere della Sera de 29 de Outubro, explica-o claramente: em Antakya, uma região da Turquia confinante com a Síria, opera já o «Exército Livre Sírio, uma organização que pratica a luta armada contra o regime de Assad». É um exército que recebe armas e instrução militar da Turquia. Além disso (continua Guido Olimpio no Corriere della Sera de 13 de Novembro), Ankara «ameaçou criar uma faixa tampão de 30 quilómetros em território sírio». Vemos pois que o governo sírio tem de fazer frente não apenas a uma rebelião armada, mas a uma rebelião armada apoiada por um país que dispõe dum dispositivo militar de primeira ordem, que é membro da NATO e que ameaça invadir a Síria. Quaisquer que sejam os erros ou as culpas dos seus dirigentes, este pequeno país está a sofrer, de facto, uma agressão militar. A Turquia, que tem tido um período de forte crescimento económico, desde há algum tempo dá mostras de impaciência relativamente ao domínio de Israel e dos EUA no Oriente Médio. Obama responde a essa impaciência empurrando os dirigentes de Ankara para um sub-imperialismo neo-otomano, controlado evidentemente por Washington.
4)       Da análise e dos testemunhos trazidos depreende-se que a Síria se vê obrigada a lutar em condições muito difíceis para a manutenção da sua independência, fazendo face a um formidável bloqueio económico, político e militar. Além disso, a OTAN ameaça direta ou indiretamente os dirigentes de Damasco com a possibilidade de lhes reservar o mesmo fim que teve Khadafi, o assassínio e o linchamento. A infâmia da agressão devia pois ser evidente para todos os que estão dispostos a fazer ao menos um pequeno esforço intelectual. E, todavia, o Ocidente, valendo-se da sua terrível potência de fogo mediático e das novas técnicas de manipulação proporcionadas pelo desenvolvimento da Internet, apresenta a crise síria como um exercício de uma violência brutal e gratuita contra manifestantes pacíficos e não-violentos. Não há quaisquer dúvidas de que Goebbels, o pérfido e brilhante ministro do III Reich, deixou escola. Há que reconhecer, aliás, que os seus discípulos de Washington e Bruxelas conseguiram superar o nunca olvidado mestre. 
Tradução de João Carlos Graça


Prezados amigos,

Enquanto as forças armadas egípcias exterminam os manifestantes que pedem o fim da ditadura - ações que incluem ataques aéreos contra civis -, os conflitos na Síria continuam.

Há quem diga que a ditadura de Assad esteja massacrando civis desarmados. A verdade é bem diferente, segundo fontes pró-ocidentais. Está havendo uma verdadeira guerra civil de baixa intensidade entre grupos armados e as forças governamentais. Estes grupos armados estão assassinando e mutilando as populações cristãs e alauítas da Síria. Tais grupos são armados e ou pagos pela Arábia Saudita, EUA e Israel. A resposta do governo de Damasco não é menos  brutal. 

Turquia, membro da OTAN, já ameaçou atacar a Síria.

Defendo a ideia de que a Síria tem o direito de se defender como melhor lhe convier.

Se Turquia atacar a Síria, o governo de Damasco deve usar os (todos os) meios que forem necessários para neutralizar as forças turcas e seus aliados regionais, incluindo Israel, que ocupa território sírio (as Colinas de Golã). Se Bassar Assad não defender seu país, merecerá ter o mesmo destino dos ex-colegas do Iraque e da Líbia.

Abs.,
Ramez


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Itamaraty cede mais uma ao Departamento de Estado dos EUA

Estados Unidos manifestaram euforia com o voto brasileiro na Resolução contra a Siria na Assembléia Geral da ONU. E têm razão para isso. O Itamaraty se afastou do campo não-alinhado, no qual estão Cuba,Nicarágua,Venezuela eBolívia, para se inscrever na parceria com o Egito (cujo governo assassinou mais de 30 manifestantes em dois dias da ainda intensa mobilização nas ruas), Arábia Saudita, Qatar, Jordânia e Marrocos - territórios ocupados por tiranias repressoras, mas aliados incondicionais dos Estados Unidos -, exemplos nada louváveis de de defensores de direitos humanos.
Ou seja; num momento em que no próprio Estados Unidos se discute a possibilidade de corte nos orçamentos militares - gastos exagerados por conta das desastrosas e trágicas invasões do Iraque e do Afeganistão -, e de enfraquecimento das políticas de intervenção diretas, que marcaram o governo Bush, a diplomacia brasileira se rende. Entra no bolo dos sabujos, dos "pragmáticos", dos que reforçam o que há de pior na ação do Departamento de Estado americano.
Não se trata, aqui, de discutir o caráter do governo Assad. O que se trata é de discutir a mudança de uma política externa que tinha eixo lógico, embora tisnado aqui e ali por iniciativas discutíveis - Haiti, como exemplo mais evidente -, para uma posição explicitamente subalterna, e igualada à de governos que têm toda a cobertura da ONU, da União Européia e das potências ocidentais individualmente, embora sejam muita mais marcados por desprezo aos princípios democráticos do que o próprio governo da Siria.
O que nós ganhamos com isso? Difícil imaginar. O que leva a crer em mais um marco da guinada ideológica do governo Dilma, iniciada internamente com os segmentos tucanos mais próximos a FHC, a quem não cessou de tecer loas, em todas as oportunidades oferecidas. E cada vez mais evidente nas constantes aproximações não exigidas com as diretivas de Washington.

Segue a matéria do Estadão sobre o tema:

Brasil apoia condenação da Síria na ONU

Posição brasileira agradou americanos e europeus; moção foi aprovada pela Assembleia-Geral

22 de novembro de 2011 | 15h 55

Gustavo Chacra, correspondente
NOVA YORK - Com o apoio do Brasil, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a Síria nesta terça-feira, 22, por violação dos direitos humanos durante a repressão do regime aos levantes opositores iniciados há oito meses. Foram 122 votos a favor, 13 contra e 41 abstenções. O Brasil apoiou a decisão.


A condenação é mais um sinal do isolamento do regime sírio, que já foi suspenso da Liga Árabe. A resolução, porém, tem menos peso do que uma ação do Conselho de Segurança, onde Bashar Assad ainda conta com o apoio da Rússia e da China. Estes países, que possuem interesses comerciais e militares na Síria, vetaram no início de outubro uma resolução no órgão máximo da ONU condenando o regime de Damasco. Tal posição deve ser mantida se o tema voltar ao conselho.
Na primeira vez em que a resolução foi a votação no conselho, o Brasil optou pela abstenção. Desta vez, na assembleia, a administração de Dilma Rousseff decidiu votar em acordo com os Estados Unidos e seus aliados europeus na condenação à Síria.
Durante a manhã, o voto dos brasileiros era considerado um mistério para diplomatas estrangeiros. Inclusive, minutos antes da votação, o Brasil se absteve em uma moção para impedir que a resolução fosse levada a plenário. Esta posição parecia indicar uma abstenção também na condenação aos sírios, como havia feito em relação ao Irã no dia anterior. No fim, o voto do Brasil provocou uma surpresa e agradou aos Estados Unidos e à União Europeia.
A administração de Dilma Rousseff, que havia optado por se abster no conselho, decidiu votar a favor na assembleia, onde o peso da resolução tem menos força, possuindo apenas um caráter simbólico. "O voto do Brasil foi um passo positivo e precisa ser notado", disse um diplomata ocidental ao Estado. Os brasileiros vinham mantendo uma posição distinta dos Estados Unidos e seus aliados europeus em quatro dos principais temas envolvendo a ONU neste ano - Líbia, Síria, Palestina e Irã.
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, celebrou o resultado da votação ao dizer que as "Nações Unidas se levantou em defesa do povo da Síria e contra o regime de Assad que tem tentado silenciar os dissidentes através de assassinatos, prisões arbitrárias e tortura de civis, incluindo crianças".
O texto pede que as autoridades sírias cumpram com as suas obrigações internacionais e cooperem integralmente com a Comissão de Inquérito estabelecida pela Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Apoio a Assad
Apesar da derrota, os sírios ainda mantêm apoio em diferentes partes do mundo, especialmente do movimento dos não-alinhados. Os representantes da Venezuela, Cuba, Nicarágua, Irã e Vietnã discursaram em defesa de Assad.
Segundo o embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, "a resolução faz parte de uma política dos EUA contra os sírios". O representante de Damasco ainda disse ter documentos provando supostos planos dos EUA para matar Assad. Nos debates anteriores à votação, o embaixador da Síria atacou a Arábia Saudita, ironizando a monarquia de Riad por apoiar uma resolução de direitos humanos. "Como eles podem nos condenar quando levamos em conta a forma como eles tratam as minorias religiosas e as mulheres", questionou o representante sírio.
Até agora, as forças de segurança da Síria já mataram 3,5 mil pessoas na repressão à oposição. As milícias opositoras, por sua vez, são responsáveis por mais de mil mortes de membros das forças de segurança. O governo de Assad culpa "grupos armados e terroristas" pela onda de violência no país.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Discurso (proibido) de Vera Paiva na sanção da Lei da Comissão da Verdade




"Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011, 11:00.  Palácio do Planalto, Brasília.
Excelentíssima Sra. Presidenta Dilma, querida ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário. Demais ministros presentes. Senhores representantes do Congresso Nacional, das Forças Armadas. Caríssimos ex-presos políticos e familiares de desaparecidos aqui presentes, tanto tempo nessa luta.
Agradecemos a honra, meu filho João Paiva Avelino e eu, filha e neto de Rubens Paiva, de estarmos aqui presenciando esse momento histórico e, dentre as centenas de famílias de mortos e desaparecidos, de milhares de adolescentes, mulheres e homens presos e torturados durante o regime militar, o privilégio de poder falar.
Ao enfrentar a verdade sobre esse período, ao impedir que violações contra direitos humanos de qualquer espécie permaneçam sob sigilo,  estamos mais perto de enfrentar a herança que ainda assombra a vida cotidiana dos brasileiros. Não falo apenas do cotidiano das famílias marcadas pelo período de exceção. Incontáveis famílias ainda hoje, em 2011,  sofrem em todo o Brasil com prisões arbitrárias, seqüestros, humilhação e a tortura. Sem advogado de defesa, sem fiança. Não é isso que está em todos os jornais e na televisão quase todo dia, denunciando, por exemplo, como se deturpa a retomada da cidadania nos morros do Rio de Janeiro? Inúmeros dados indicam que especialmente  brasileiros mais pobres e mais pretos, ou interpretados como homossexuais, ainda são cotidianamente agredidos sem defesa nas ruas, ou são presos arbitrariamente, sem direito ao respeito, sem garantia de seus direitos mais básicos à não discriminação e a integridade física e moral que a Declaração dos Direitos Humanos consagrou na ONU depois dos horrores do nazismo em 1948.
Isso tudo continua acontecendo, Excelentíssima Presidenta. Continua acontecendo pela ação de pessoas que desrespeitam sua obrigação constitucional e perpetuam ações  herdeiras do estado de exceção que vivemos de modo acirrado de 1964 a 1988.
O respeito aos direitos humanos, o respeito democrático à diferença de opiniões assim como a construção da paz se constrói todo dia e a cada geração! Todos, civis e militares, devemos compromissos com sua sustentação.
Nossa história familiar é uma entre tantas registradas em livros e exposições. Aqui em Brasília a exposição sobre o calvário de Frei Tito pode ser mais uma lição sobre o período que se deve investigar.
Em Março desse ano, na inauguração da exposição sobre meu pai no Congresso Nacional, ressaltei que há exatos  40 anos o tínhamos visto pela última vez. Rubens Paiva que foi um combativo líder estudantil na luta “Pelo Petróleo é Nosso”, depois engenheiro construtor de Brasília, depois deputado eleito pelo povo, cassado e exilado em 1964. Em 1971 era um bem sucedido engenheiro, democrata preocupado com o seu país e pai de 5 filhos. Foi preso em casa quando voltava da praia, feliz por ter jogado vôlei e poder almoçar com sua família em um feriado. Intimado, foi dirigindo seu carro, cujo recibo de entrega dias depois é a única prova de que foi preso.  Minha mãe, dedicada mãe de família, foi presa no dia seguinte, com minha irmã de 15 anos. Ficaram dias no DOI-CODI, um dos cenário de horror naqueles tempos. Revi minha irmã com a alma partida e minha mãe esquálida. De quartel em quartel, gabinete em gabinete passou anos a fio tentando encontrá-lo, ou pelo menos ter noticias. Nenhuma noticia.
Apenas na inauguração da exposição em São Paulo , 40 anos depois, fizemos pela primeira vez um Memorial onde juntamos família e amigos para honrar sua memória. Descobrimos que a data em que cada um de nós decidiu que Rubens Paiva tinha morrido variava muito, meses e anos diferentes...Aceitar que ele tinha sido assassinado, era matá-lo mais uma vez.
Essa cicatriz fica menos dolorida hoje, diante de mais um passo para que nada disso se repita, para que o Brasil consolide sua democracia e um caminho para a paz.
Excelentíssima Presidenta: temos muitas coisas em comum, além das marcas na alma  do período de exceção e de sermos mulheres, mãe, funcionária pública. Compartilhamos os direitos humanos como referência ética e para as políticas públicas para o Brasil.  Também com 19 anos me envolvi com movimentos de jovens que queriam mudar o pais. Enquanto esperava essa cerimônia começar, preparando o que ia falar, lembrava de como essa mobilização começou. Na diretoria do recém fundado DCE-Livre da USP,  Alexandre Vanucci Leme, um dos jovens colegas da USP sacrificados pela ditadura, ajudei a organizar a 1a mobilização nas ruas desde o AI-5, contra prisões arbitrárias de colegas presos e pela anistia aos presos políticos. Era maio de 1977 e até sermos parados pelas bombas do Coronel Erasmo Dias, andávamos pacificamente pelas ruas do centro distribuindo uma carta aberta a população cuja palavra de ordem era
HOJE, CONSENTE QUEM CALA.
Acho essa carta absolutamente adequada para expressar nosso desejo hoje, no ato que sanciona a Comissão da Verdade. Para esclarecer de fato o que aconteceu nos chamados anos de chumbo, quem  calar consentirá, não é mesmo?
Se a Comissão da Verdade não tiver autonomia e soberania para investigar, e uma grande equipe que a auxilie em seu trabalho, estaremos consentindo. Consentindo, quero ressaltar, seremos cúmplices  do sofrimento de milhares de famílias ainda afetadas por essa herança de horror que agora não está apoiada em leis de exceção, mas segue inquestionada nos fatos.
A nossa carta de 1977, publicada na primeira página do jornal o Estado de São Paulo no dia seguinte, expressava a indignação juvenil com a falta de democracia e justiça social, que seguem nos desafiando. O Brasil foi o último país a encerrar o período de escravidão, os recentes dados do IBGE confirmam que continuamos uma país rico, mas absurdamente desigual... Hoje somos o último país a, muito timidamente mas com esperança, começar a fazer o que outros países que viveram ditaduras no mesmo período fizeram. Somos cobrados pela ONU, pelos organismos internacionais e até pela Revista Economist, a avançar nesse processo. Todos concordam que re-estabelecer a verdade e preservar a memória não é revanchismo, que responsáveis pela barbárie sejam julgadas, com o direito a defesa que os presos políticos nunca tiveram, é fundamental para que os torturadores de hoje não se sintam impunes para impedir a paz e a justiça de todo dia. Chile e Argentina já o fizeram,  a África do Sul deu um exemplo magnífico de como enfrentar a verdade e resgatar a memória. Para que anos de chumbo não se repitam, para que cada geração a valorize.
Termino insistindo que  a DEMOCRACIA SE CONSTRÓI E RECONSTRÓI A CADA DIA. Deve ser valorizada e reconstruída a CADA GERAÇÃO.
E que hoje, quem cala, consente, mais uma vez.
Obrigada."
Vera Paiva  (filha de Rubens Paiva)

Bancos, os que mais lucram com a política do governo Dilma

Essa notícia me provoca engulhos. O dado aparece no dia em que a Câmara vota a extensão da DRU (Desvinculação, que prefiro chamar de Desvio, da Receita da União). E vota porque o governo quer usar 20% do orçamento - arrancados às políticas pública essenciais - para garantir superavit com o qual paga os juros recordes (mundiais) pelos títulos da dívida pública que já passa de R$ 2 trilhões. Paga a quem? Aos banqueiros especuladores. Que me perdoem os petistas de boa cepa que não se locupletam, mas PQP!


Lucro dos bancos é o maior entre companhias de capital aberto em 2011

Montante de R$ 37,2 bi de janeiro a setembro é 17% superior ao resultado no mesmo intervalo de 2010 



Aline Bronzati, da Agência Estado- 22 de novembro de 2011 | 11h 34

SÃO PAULO - Os bancos apresentaram o maior lucro, de R$ 37,2 bilhões, entre as empresas de capital aberto no Brasil de janeiro a setembro de 2011, conforme estudo elaborado pela Economática. O montante é 17% superior ao apresentado no mesmo intervalo do ano passado, quando foi apurado resultado de R$ 31,8 bilhões. No total, o setor bancário reúne 23 instituições.
Com uma boa distância, a segunda colocada foi a área de mineração com R$ 29,5 bilhões no período de referência contra R$ 20,0 bilhões vistos em 2010. Cinco empresas representam o setor, embora a Vale responda praticamente pela totalidade do resultado apresentado. O setor de petróleo e gás, dominado pela Petrobrás, ficou com o terceiro lugar, com lucro de R$ 28,3 bilhões, aumento de 13,7% perante o volume de R$ 24,9 bilhões visto até setembro do ano passado.
Segundo o estudo da Economática, no qual foram avaliados 25 setores, apenas dois registraram prejuízo no acumulado deste ano até setembro. São eles papel e celulose, com perdas de R$ 640,0 milhões contra um lucro de R$ 1,3 bilhão em 2010, e eletroeletrônicos, com resultado negativo de R$ 38 milhões ante um lucro de R$ 695 milhões um ano antes. Além disso, 16 setores registraram lucro menor até setembro de 2011 na comparação com o mesmo período do exercício anterior.
De janeiro a setembro, as 335 empresas de capital aberto no Brasil apresentaram lucro de R$ 151,1 bilhões, expansão de R$ 13,5 bilhões ou 9,8% na comparação com 2010. Se retirado o setor bancário da análise, o volume cai para R$ 113,9 bilhões contra R$ 105,7 bilhões em 2010.
As mais lucrativas
A liderança dentre as 20 companhias mais lucrativas em 2011 está nas mãos da Vale, que acumula o mesmo posto na América Latina. Em seguida vem a Petrobrás, e as outras quatro posições estão com bancos. Na análise por setor, bancos e energia elétrica são os que têm maior presença, com quatro empresas cada no levantamento.
Das 20 empresas melhor avaliadas, cinco delas registram um lucro menor em 2011 com relação ao ano de 2010. Nos três primeiros trimestres deste ano, somadas, essas organizações apresentaram lucro de R$ 121,3 bilhões, alta de 24,2% ante o ano passado. A fatia corresponde a 80,2% da cifra acumulada pelas 335 empresas da amostra total da Economática.

No Egito, Irmandade Muçulmana fica com militares, contra as manifestações

"Irmandade Muçulmana" é uma organização político-religiosa, que ganhou força através de financiamento pesado das potências ocidentais, ainda ao tempo do governo Nasser, no Egito. Conservadora, era o instrumento essencial que os EUA tinham para dar início a uma operação, casada com Israel, contra o Panarabismo que Nasser liderava, a partir da implantação da República Árabe Unida. Naquela ocasião, a unidade nacional entre Egito,Siria e Iraque, os dois últimos também sob governo laico, do partido socialista árabe Baath, constituiam uma ameaça ao imperialismo, e ao controle histórico que secularmente tinham na região.
Para combater a virada à esquerda, a partir da derrota dos antigos chefes de governo subordinados ao ocidente, jogar com os segmentos conservadores do islamismo foi a estratégia adotada. Estratégia que resultou em prevalência de grupos religiosos sobre as correntes marxistas, principalmente na OLP, então em ascensão na disputa ideológica.
Em alguns casos, como Al Qaeda, Hizbolah e Hamas, o anticomunismo laico se substituiu por um antiamericanismo feroz. Um tiro saindo pela culatra do canhão do imperialismo,
Mas não foi o que ocorreu com a Irmandade gerada no Egito. Essa sempre se fixou no campo pró-potências capitalistas, e agora segue o caminho natural. Alia-se aos militares repressores ao se recusar a participar das últimas manifestações no Cairo, e dá a eles, depois da renúncia do gabinete civil, o gás necessário para continuar dando as cartas, sob as tênues e apenas simbólicas sugestões, da ONU e dos EUA, e sob o silêncio da União Européia, de melhor comportamento nas repressões que já causaram dezenas de mortes na Praça Tahir.
Segue a matéria do LeMonde

Egypte : les Frères musulmans participent au dialogue avec l'armée

LEMONDE.FR avec AFP et Reuters | 22.11.11 | 06h30   •  Mis à jour le 22.11.11 | 14h21


Des membres des Frères musulmans et des militants salafistes sur la place Tahrir au Caire (Egypte), le 29 juillet 2011.
Des membres des Frères musulmans et des militants salafistes sur la place Tahrir au Caire (Egypte), le 29 juillet 2011.REUTERS/MOHAMED ABD EL GHANY

Les Frères musulmans d'Egypte, la force politique la mieux organisée du pays, ont annoncé leur particpation à la réunion de dialogue organisée ce mardi 22 novembre par le conseil militaire, après trois jours de violences entre manifestants et police. Alors que le chef de l'armée, le maréchal Hussein Tantaoui, devait s'adresser sous peu à la Nation, plusieurs milliers de personnes étaient déjà rassemblées en début d'après-midi sur l'emblématique place Tahrir du Caire pour exiger la remise du pouvoir à une autorité civile.

Les Frères musulmans avaient déjà déclaré, la veille, qu'ils ne se joindraient pas à cette manifestation massive. Le parti a annoncé que cette décision émanait du "souci de ne pas entraîner le peuple vers de nouveaux affrontements sanglants avec des parties qui cherchent davantage de tensions", selon un communiqué posté lundi soir sur son site Internet. Il fait référence aux trois jours d'affrontements meurtriers entre forces de l'ordre et manifestants hostiles au pouvoir militaire en place depuis la chute de Hosni Moubarak. Dans la nuit de lundi à mardi, deux personnes ont été tuées à Ismaïliya, selon des sources médicales, dans un hôpital de cette ville sur la mer Rouge, portant à vingt-six le bilan des morts depuis samedi.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Contas públicas da Alemanha também entram no rol de suspeita de fraude



 Ao mesmo tempo em que o líder do grupo parlamentar CDU-CSU, a coligação direitista que sustenta o governo da kaiser Angela Merkel, ousa proclamar em pleno Bundestag que "a Europa agora fala alemão", como se uma nova versão do III Reich se houvesse instalado por conta de uma virtuosa superioridade econômica, uma sombra se espalha sobre o quadro dito exemplar das finanças alemãs. 
A denúncia de um expert da Natixis, consultoria financeira global, é de que manobras contábeis pouco éticas, teriam ocultado que o déficit alemão de 2009, a partir da ajuda aos bancos em 2008, corresponderia a 5,1%, nível semelhante ao da França, hoje alvo de especulações, e não aos 3,2% anunciados. 
Mas não fica aí o clima de dúvidas. Economistas alemães ligados aos grandes bancos começam a se preocupar com a tendência ascendente da dívida pública, este ano se acrescendo de € 25 bilhões. 
E é do presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean Claude Juncker, que vem um dos mais violentos ataques: "A Alemanha tem uma dívida mais elevada do que a da Espanha. Somente ninguém parece querer saber disso"
Segue, a íntegra da matéria do le Monde, para concluir que os "livres mercados", se impondo hoje sobre alguns dos maiores governos mundiais, podem se transformar nos agentes de um quadro imprevisível de retrocessos sociais em todo o mundo. 
Et si l'Allemagne n'était pas si exemplaire...
Description: EMONDE| 19.11.11 | 13h59   •  Mis à jour le 21.11.11 | 09h35

"Maintenant l'Europe parle allemand." Maladroit, choquant, le propos du président du groupe parlementaire CDU-CSU, Volker Kauder, au Bundestag, mardi 15 novembre, n'a pourtant fait qu'illustrer le statut que l'Allemagne a officieusement acquis ces derniers mois.
Ce sont les marchés qui l'ont consacrée. Mais aussi l'opinion publique. Désormais, la chancelière allemande, Angela Merkel, peut faire la leçon et imposer ses vues pour résoudre la "pire crise depuis l'après guerre" de l'Union monétaire. Mythe ou réalité ?
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Membre du club très fermé des pays notés AAA (l'équivalent d'un 20/20) par les agences de notation, le pays revêt à première vue toutes les qualités - ou presque - dont peut rêver un chef d'Etat. Un déficit public en baisse que le Fonds monétaire international (FMI) voit à moins de 1,7 % du produit intérieur brut (PIB) en 2011. Un stock de dettes, certes élevé à 82,6 % du PIB, mais sur la pente descendante. Un chômage contenu à 6 % de la population active (contre 9,5 % prévu en France). Et, enfin, une balance des paiements courants excédentaire.
Mais, aux yeux des experts, Berlin n'est pas si exemplaire. "Son déficit est honteusement truqué !", dénonce Sylvain Broyer, économiste chez Natixis. Et de développer : après le choc de 2008, le pays a eu recours à une tactique légale, mais peu éthique, pour comptabiliser les dizaines de milliards d'euros déboursés (ou offerts en garanties) afin de relancer son économie et sauver son secteur financier.
Les sommes, poursuit M. Broyer, ont été logées dans un fonds spécial "Sondervermögen" qui a contribué à faire grossir la dette mais n'est pas pris en compte dans le calcul du déficit public. Sans cette astuce le déficit allemand en 2009 n'aurait pas été de 3,2 % mais de 5,1 %, calcule Natixis. Un niveau comparable à celui de la France... De quoi faire écho aux propos de Jean-Claude Juncker, le président luxembourgeois de l'Eurogroupe. "En Allemagne, on fait souvent comme si le pays n'avait aucun problème, comme si l'Allemagne était exempte de dettes tandis que tous les autres auraient des dettes excessives", a-t-il lâché récemment. Une contre-vérité à ses yeux : "L'Allemagne a une dette plus élevée que celle de l'Espagne. Seulement personne ne veut le savoir ici."
RALENTISSEMENT
De fait, selon la Commission européenne, si l'on regarde le ratio dette sur PIB, l'Allemagne fait moins bien que neuf autres pays de la zone euro. Et malgré des recettes fiscales en forte hausse (de 40 milliards d'euros) en 2011 grâce à une croissance dynamique, la dette publique devrait croître, en valeur absolue, cette année de 25 milliards d'euros. La rigueur allemande serait donc toute relative ? D'influents économistes allemands, de sensibilités différentes, partagent l'avis de M. Juncker.
"Le niveau de la dette allemande est inquiétant, si l'on se projette dans l'avenir", juge Henrik Enderlein, dirigeant de la Hertie School of governance. Le déclin démographique du pays, qui contribue à modérer le taux de chômage, se traduira par "une baisse massive des recettes du gouvernement", explique-t-il. Dans le même temps, le vieillissement de la population va faire exploser les coûts de la sécurité sociale et de l'assurance-maladie". En 2010 une étude de la Banque des règlements internationaux (BRI) chiffrait d'ailleurs l'explosion des dépenses de santé en Allemagne à 10 % du PIB en 2035...
"La dette est bien au-dessus des 60 % prévus par le traité de Maastricht. L'Allemagne non plus n'a pas rempli sa tache", déplore Hans-Werner Sinn. Le très influent président de l'Ifo poursuit : "L'endettement déjà élevé montre que l'Allemagne ne peut sauver personne sans perdre elle-même sa notation." Autrement dit, le pays ne serait pas à l'abri, lui non plus, d'une dégradation qui le verrait perdre, un jour, son "AAA", sésame pour emprunter à bon compte sur les marchés financiers. A travers sa participation au Fonds européen de stabilité financière, censé sauver les pays en déroute de l'Union monétaire, "l'Allemagne a déjà mis sa note gravement en danger. Les primes d'assurances sur les emprunts à dix ans de l'Etat allemand ont décuplé par rapport à ce qu'ils étaient avant la crise", précise l'économiste eurosceptique.
Jochen Möbert, économiste à la Deutsche Bank , évoque "trois risques (qui) pourraient menacer la note allemande : une récession, une aide accrue aux pays périphériques et une aversion des marchés pour les emprunts d'Etat". L'Allemagne n'est pas menacée de récession. Mais, comme l'ensemble de la zone euro, elle est promise à un ralentissement en 2012 : les experts tablent sur une croissance de 0,9 % l'an prochain contre 3 % en 2011.
Pour l'heure, les marchés, qui désormais n'hésitent plus à s'attaquer à la Belgique ou à la France, réservent à l'Allemagne un traitement de faveur. Dans la zone euro, d'ailleurs, c'est Berlin qui doit débourser le taux d'intérêt le plus faible pour emprunter.
Mais le "modèle de stabilité allemand", hérité en grande partie des réformes structurelles (marché du travail, système des retraites) menées sous le gouvernement Schröder, soit bien avant la crise, n'est pas non plus un rempart imprenable. A en croire les économistes en tout cas.
Claire Gatinois et Frédéric Lemaître (à Berlin)

domingo, 20 de novembro de 2011

Um texto brilhante. de homenagem à cultura negra



MEUS HERÓIS CIVILIZADORES

Luis Antonio Simas 

QUINTA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2011

Não existe redenção para as grandes tragédias, mas a vingança sublime e a única forma de transcendência  dos homens ao desmazelo da vida  é transformar a má fortuna e a dor em beleza, civilização e arte. Os meus heróis civilizadores não frequentaram bibliotecas, não discutiram a alta filosofia nas academias e universidades, não escreveram tratados iluministas, não pintaram os quadros do Renascimento, não escreveram romances, não compuseram sinfonias, não conduziram exércitos em grandes guerras, não redigiram leis, não fundaram empresas, não elaboraram tratados e constituições e não planejaram monumentos, edifícios e pontes.

Os homens que me civilizaram chegaram às praias do meu país nos porões infectos dos tumbeiros e foram vendidos e marcados feito gado no mercado.

Eu fui civilizado pelo rufar dos tambores misteriosos, pelo toque de São Bento Grande no berimbau de cabaça, pela dança desafiadora do Obá dos Obás, pelo bailado da dona do afefé - sagrado vento - e pelo xaxará do senhor da varíola, a quem reverencio e peço a calma para não estranhar o mundo - Atotô! 

Aprendi a olhar com admiração os homens ao conhecer os dribles de Mané, a ginga de Pastinha, a sabedoria de Menininha, a força de Candeia, os versos de Silas, o miudinho de Argemiro, as esculturas de Mestre Didi, as toalhas rendadas de Tia Prisciliana, o cachimbo de Dona Eulália, o canto de Anescar, o tempero da Iyá Bassê, o lamento dos vissungos, o machado do jongo, as folhas de Ossain e os cantos de evocação de Oxupá, dindinha lua.

Quem me criou não tinha educação formal e não me deu o Dom Quixote, o Crime e Castigo, o Dom Casmurro, o Grande Sertão e outros tantos grandes livros que, como esses, eu li um dia e passei a amar. Quem me criou, porém, me contou das artimanhas de Exu, da flecha certeira de Oxóssi, dos amores de Ogum, das mulheres de Xangô, do tronco forte de Tempo e do pano branco de Lemba - e eu passei a gostar de ouvir e inventar histórias, no alargamento da vida.

Quem me criou não me levou aos teatros, não me apresentou a grandes óperas e não me presenteou com discos de sublimes sinfonias - que dessas coisas quem me criou não sabia. Mas quem me conduziu cantou, para confortar as minhas noites, sambas, toadas, jongos, afoxés, cirandas, maracatus, alujás, calangos, xibas e xotes -  e eu fui apaziguando a alma com os sons do meu povo.

E é por isso, por essas áfricas que me fizeram como sou, que gosto da rua, do mercado, dos amigos, da gente miúda feito eu, do porre, da bola, do beijo, da troça, da raça, do sol, da cachaça, da carne, da alegria, da subversão, da insubmissão, da guerrilha, do vento, da aldeia, do mistério, da mistura, do dendê, das pernas tortas, do português torto, da língua do Congo e do pranto do banzo. 

Mojubá, agô, que essas ideias todas são mais fortes nesses dias de agosto em que aniversariou Candeia e relembramos o encantamento do mulato Caymmi. E eu me pego todo dia a orar a Zâmbi por um Brasil mais tolerante com o seu povo. Há que se  lamentar e reverenciar (todos os dias) o martírio dos tumbeiros, fazer do tronco do castigo o totem da humanidade e louvar a todos os quilombolas, de ontem e de hoje, que me ensinaram a amar a  terra e celebrar a vitória da vida sobre a morte - lição maior de Licutam, Luísa Mahin, Zomadônu e Zacimba Gaba. O Brasil haverá de saber quem eles são.

É só assim que a gente afaga o tempo, serpenteia a dor e apascenta, entre um tombo e outro, o olhar sobre a belezura do que pode ser o mundo.

Abraços