Quem sou eu

Minha foto
Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Exministro-PMDB indiciado "líder da organização criminosa". Até quando a cúpula do PT vai bancar malfeitos alheios?

Mais um prócer do PMDB, Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura por sua íntima relação política com o cacique do partido, o vice Michel Temer, é indiciado pela Polícia Federal como "líder da organização criminosa". 
 Não vou entrar em detalhes sobre a questão policial, porque eles estarão na reprodução que faço abaixo da íntegra da matéria original. Prefiro me manter apenas no campo da política, para tirar mais uma conclusão sobre o aspecto deletério que o critério de alianças parlamentar imposto ao PT pelo lulo-pragmatismo está causando de trágico se ainda se pensa na legenda como abrigo de uma esquerda realmente transformadora.
E por que a preocupação? Afinal, contestarão alguns, não é natural que se façam concessões quando se define uma estratégia escorada numa base pluripartidária? Sem dúvida, concessões têm que ser feitas em qualquer disputa de hegemonia num regime democrático. Mas uma coisa é a concessão que o governo se obrigue a fazer. Outra, muito distinta, é a concessão nos princípios programáticos que os partidos se permitam no bojo dessas coligações.
Unidade Popular, no Chile de Allende, e Front Populaire, no governo do socialista Leon Blum da França pré II Guerra Mundial, são exemplos históricos dessa necessidade de ampliação. Mas são exemplos também do oposto do que aqui se realiza sob a égide, primeiro, do governo Lula, e, agora, de Dilma Roussef.
Naqueles governos, a unidade em torno do governo não dispensava uma luta permanente pela hegemonia programática entre os governos que compunham a base de apoio. Pelo contrário. Eram disputas intensas.
O que vemos hoje no Brasil é distinto. Nem sempre os partidos se unem em relação ao governo. Várias medidas, aliás, terminaram encontrando mais apoio na base direitista conduzida pela parceria PSDB-PFL, com o PPS fazendo o papel coadjuvante, do que nas próprias bancadas governistas – o Código Florestal, apenas para citar o último episódio mais candente.
Mas, a despeito disso, é impressionante como a cúpula do PT abre mão do  programa do Partido, de sua tradição combativa e de seus princípios éticos fundadores, para assumir defesa dos parceiros a despeito dos malfeitos que venham a produzir. Não procede. E torna-se até trágico pelos resultados concretos que termina produzindo com sua inaceitável “solidariedade”.
Na semana passada, boa parte dessa cúpula – José Dirceu, no seu próprio portal -  despendeu muita energia na defesa do até então ministro Orlando Silva, despachante do PCdoB no controle, em esfera nacional, das verbas orçamentárias que deveriam ser destinadas ao esporte e que terminam privatizadas por ONGs ligadas a seu partido.
É de se esperar que, nessa  denúncia fundamentada em investigações da Polícia Federal, o procedimento não se repita em defesa de Wagner Rossi. Que a Justiça fique com a deliberação final.

Segue a íntegra da matéria divulgada pelo portal do Estadão:

PF indicia Rossi como 'líder' de esquema

FAUSTO MACEDO - Agência Estado- 31/10/11

Relatório de 40 páginas da Polícia Federal descreve o modus operandi do ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), apontado como "líder da organização criminosa" que teria arquitetado fraude no Programa Anual de Educação Continuada (Paec) - capacitação de servidores - para desvio de R$ 2,72 milhões. A PF vai indiciá-lo criminalmente nesta semana, imputando a ele formação de quadrilha, peculato e fraude à Lei de Licitações.
Segundo o relatório, a investigação descobriu "verdadeira organização criminosa enraizada no seio do Ministério da Agricultura". A PF sustenta que "os investigados, muitos travestidos de servidores públicos, atuavam no âmbito de uma estrutura complexa e bem definida, agindo com o firme propósito de desviar recursos da União".
Rossi foi o quarto ministro do governo Dilma Rousseff a perder o cargo. Ele caiu em agosto, após denúncias de tráfico de influência, falsificação de documento público, falsidade ideológica, corrupção ativa e distribuição de propinas a funcionários que teriam participado do procedimento administrativo que ensejou a contratação da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP.
Lobista. O relatório é subscrito pelo delegado Leo Garrido de Salles Meira. Além do ex-ministro, ele decidiu indiciar outros oito investigados, inclusive o ex-chefe de gabinete Milton Elias Ortolan. A PF confirmou denúncia da revista Veja, que revelou que o lobista Júlio César Fróes Fialho detinha poderes excepcionais na pasta, embora não tivesse vínculo formal com a pasta.
"Toda a trama inicia-se com a associação do lobista com a cúpula do Ministério da Agricultura", assinala a PF. "O plano consistiria em direcionar a execução do programa de capacitação de servidores para determinada instituição de ensino, da qual seria exigida vultosa quantia." A PF destaca que Rossi, Ortolan e Fróes "dando prosseguimento à trama delituosa, associaram-se a dois professores da PUC".
O lobista teria exigido contrapartida de 28% do valor bruto do contrato. Segundo a PF, "a organização criminosa, quando se viu compelida pela consultoria jurídica a efetivar uma pesquisa de preço para dar respaldo à contratação da PUC-SP por dispensa de licitação, passou a forjar diversos documentos".




domingo, 30 de outubro de 2011

Dando espaço ao "desafeto" ideológico, no bom dia de domingo

O bom dia de domingo vem com o elogio a um "desafeto". Não a ele, especificamente, mas aos seus espaços cedidos a dois importantíssimos artigos, publicados na edição de ontem e de hoje. 
No de ontem, a reprodução de mais uma reflexão de Paul Krugman, prêmio Nobel por descuido da comissão de neoliberais responsáveis pela escolha dos eleitos, fazendo a síntese da crueldade com que os governos conservadores da Europa insistem em tratar as crises conjunturais do capitalismo. 
Krugman disseca, didaticamente, os acordos previsíveis, através dos quais mais do mesmo é que possivelmente será aplicado, independentemente da certeza da intranquilidade social crescente que produzirá. Mostra a diferença da saída americana para a crise de 29 - através da solução desenvolvimentista e geradora de empregos, elaborada por Keynes -, e a agora propugnada, com eixo oposto. Punindo a sociedade, transferindo-lhe onus insuportável, para que os verdadeiros responsáveis - as grandes corporações espaculativas do sistema financeiro globalizado - não se vejam prejudicadas em um cêntimo sequer na contabilização de seus privilegiados lucros. 
Na edição de hoje, Dorrit Harrazim, uma das poucas expressões de jornalismo de alto nível internacional que nossas redações possam ter produzido, mostra de forma objetiva como uma nova ordem criminosa pode estar se estabelecendo no mundo - nascida em Bush, mas mantida por meios bem mais sofisticados pelo seu "liberal"sucessor Obama - através das novas armas sofisticadas. 
Dorrit parte das imagens traumáticas e revoltantes que retrataram os últimos momentos de Kadaffi e seu filho antes de serem submetidos ao linchamento e à execução sumária que lhes foram impostas pela tropa de rebeldes "libertários" da Líbia, para chegar à forma sofisticada, de mãos limpas, com que os Estados Unidos vêm eliminando - com imensos danos colaterais - aqueles que considera seus principais inimigos na dita "guerra ao terror".
Ela conclui com  o desdobramento previsível da aplicação dos Veículos Aéreos Não Tripulados - aviões sem piloto, com poderosíssimos equipamentos de geração de imagem que lhe permitem operação a continentes de distância, por "pilotos" alojados em salas do Pentágono, a partir de onde disparam mísseis de alto poder destrutivo. Ilustra com  o assassinato do talibã Mehsud, no terraço da casa do sogro, com a família em volta e o tio médico lhe aplicando  uma injeção intravenosa por conta de tratamento de uma enfermidade de pâncreas, após filmagem nítida por um desses equipamentos, e disparo dos projéteis certeiros que liquidaram eke e todos à volta, em cena aberta. 
Após reconhecer a dificuldade do controle de represálias numa guerra civil, faz a reflexão final  de forma pedagógica: "Encrenca nova é um estado de direito declarar uma guerra sem fronteiras. E em nome dela sair matando inimigos mundo afora. Sem sequer manchar os dedos".
Os dois artigos foram publicados pelo Globo, um 1% louvável, numa espécie de compensação não compensável dos 99% restantes de noticiário ideologicamente ideologizado pela visão reacionária da empresa. Mas fica o elogio por conta do domingo.




sábado, 29 de outubro de 2011

Pra quem não conhece o BipBip, Paulinho do Cavaco canta em verso

O BipBip, botequim de porta única, que reúne sambistas da melhor qualidade, e de onde sairam alguns dos grandes nomes de jovens sambistas de hoje, é frequentado pelos "malucos"que Paulinho do Cavaco festeja em seus versos

Saudades dos meus botequins .wmv

Saudades do meus botequins, samba  satíricao da parceria dos doutrores por notório saber da Universidade BipBip, cujo reitor é o bravo Alfredinho -Paulinho e Luis Pimentel: "Em boteco de grife, eu não piso jamais"

NYTimes anuncia a pilhagem da Líbia, com ameaças crescendo sobre a Siria

Duas matérias fundamentais para a compreensão do que vai pelo Oriente Médio. 
Em alto de primeira página, o New York Times já anuncia a "segunda invasão da Líbia". Não, não se trata de nenhuma nova intervenção militar, mas da invasão das grandes corporações multinacionais, em busca de "novos negócios". 
 Repetição do que ocorreu no Iraque - ali, mais descaradamente por conta da utilização que a trinca delinquente Cheney, Rumsfield, Bush fez do Exército americano na busca de novos territórios para as empresas ianques que controlavam diretamente, ou davam assessoria. 
  É a matéria que publicamos junto com a divulgada pela Sic, portuguesa, logo abaixo, sobre a nova pressão dos "ministros de relações exteriores árabes" sobre o governo sírio, com respeito a assassinatos, como sempre denunciados por organizações de direitos civis que  ninguém consegue identificar.  
Assassinatos que certamente ocorrem, para além dos confrontos diretos, por conta mesmo é da ação de mercenários mobilizados e financiados pelo governo da Arábia Saudita e do Katar. Cujo ministro, aliás, é o porta-voz da ameaça. Dado importante e grave, considerando o que se revelou depois da queda de Kadafi. O Katar havia enviado tropas de seu Exército regular para se juntarem à legião estrangeira que "libertou"o País.


Seguem-se as reportagens. uma em inglês; a outra em português.

West Sees Opportunity in Postwar Libya for Businesses


Bryan Denton for The New York Times
An oil terminal in Misurata, Libya, in May, after an attack by Qaddafi forces. Rebuilding will be a major task in Libya for years.
WASHINGTON — The guns in Libya have barely quieted, and NATO’s military assistance to the rebellion that toppled Col. Muammar el-Qaddafi will not end officially until Monday. But a new invasion force is already plotting its own landing on the shores of Tripoli.

Follow @nytimesworld for international breaking news and headlines.
Western security, construction and infrastructure companies that see profit-making opportunities receding in Iraq and Afghanistan have turned their sights on Libya, now free of four decades of dictatorship. Entrepreneurs are abuzz about the business potential of a country with huge needs and the oil to pay for them, plus the competitive advantage of Libyan gratitude toward the United States and its NATO partners.
A week before Colonel Qaddafi’s death on Oct. 20, a delegation from 80 French companies arrived in Tripoli to meet officials of the Transitional National Council, the interim government. Last week, the new British defense minister, Philip Hammond, urged British companies to “pack their suitcases” and head to Tripoli.
When Colonel Qaddafi’s body was still on public display, a British venture, Trango Special Projects, pitched its support services to companies looking to cash in. “Whilst speculation continues regarding Qaddafi’s killing,” Trango said on its Web site, “are you and your business ready to return to Libya?”
The company offered rooms at its Tripoli villa and transport “by our discreet mixed British and Libyan security team.” Its discretion does not come cheaply. The price for a 10-minute ride from the airport, for which the ordinary cab fare is about $5, is listed at 500 British pounds, or about $800.
“There is a gold rush of sorts taking place right now,” said David Hamod, president and chief executive officer of the National U.S.-Arab Chamber of Commerce. “And the Europeans and Asians are way ahead of us. I’m getting calls daily from members of the business community in Libya. They say, ‘Come back, we don’t want the Americans to lose out.’ ”
Yet there is hesitancy on both sides, and so far the talk greatly exceeds the action. The Transitional National Council, hoping to avoid any echo of the rank corruption of the Qaddafi era, has said no long-term contracts will be signed until an elected government is in place. And with cities still bristling with arms and jobless young men, Libya does not offer anything like a safe business environment — hence the pitches from security providers.
Like France and Britain, the United States may benefit from the Libyan authorities’ appreciation of NATO’s critical air support for the revolution. Whatever the rigor of new rules governing contracts, Western companies hope to have some advantage over, say, China, which was offering to sell arms to Colonel Qaddafi as recently as July.
“Revenge may be too strong a word,” said Phil Dwyer, director of SCN Resources Group, a Virginia contracting company that opened an office in Tripoli two weeks ago to offer “risk management” advice and services to a company he would not name. “But my feeling is those who are in favor” with the transitional council “are going to get the nod from a business point of view.”
The Security Contracting Network, a job service run by Mr. Dwyer’s company, posted on its blog two days after Colonel Qaddafi’s death that there would be plenty of work opening up in Libya.
“There will be an uptick of activity as foreign oil companies scramble to get back to Libya,” the company said, along with a need for logistics and security personnel as the State Department and nonprofit organizations expand operations. “Keep an eye on who wins related contracts, follow the money, and find your next job,” the post advised.
In Tripoli, there is a wait-and-see atmosphere. At breakfast on Friday in a downtown hotel, a British security contractor pointed out the tables of burly men — hired guns like himself. “Look at it,” he said. “Full of ’em.”
Adam Nossiter and David D. Kirkpatrick contributed reporting from Tripoli, Libya.

 

 

 

Ministros árabes denunciam assassínio de civis na Síria

Reuters

Os ministros dos Negócios Estrangeiros árabes denunciaram hoje os "assassínios de civis" na Síria, numa mensagem dirigida ao presidente sírio, Bachar al-Assad, noticiou a agência AFP.

(Sic - 28/10/11) Na mensagem, tornada pública através de comunicado, os ministros árabes  apelam também ao regime de Damasco para "tomar as medidas necessárias" no  sentido de proteger a população civil. 
"A comissão ministerial árabe exprimiu a sua recusa de assassínios de  civis que continuam a ser cometidos na Síria e manifestou esperança de que  o governo sírio tome as medidas necessárias para os proteger", lê-se na  missiva. 
A Síria registou hoje um dos dias de maior violência das últimas semanas,  com 36 civis mortos numa carga com fogo real das forças de segurança para  dispersar manifestações, segundo organizações sírias de direitos humanos.
A delegação ministerial da Liga Árabe, que manteve contactos na quarta-feira,  em Damasco, com Assad, indicou que se reunirá no domingo com responsáveis  sírios, no Qatar, para tentar alcançar "resultados sérios e uma solução  para a crise síria". 
Os ministros, que tentam estabelecer uma mediação entre o regime e a  oposição, afirmaram ter mantido uma conversa "franca" com o presidente Assad.
"O encontro com o presidente Assad foi franco e amigável e vamos prosseguir  a reunião a 30 de outubro (domingo)", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros  do Qatar, que detém também o cargo de primeiro-ministro do país. 
Lusa

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Embaixador USA declara que Brasil deve passar da "abstenção" à ação. Sugestão ou ordem?

É o cúmulo do abuso. O embaixador do Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, ex-assessor para assuntos do Ocidente do delinquente governo Bush, declara em entrevista à TV UOL que o Brasil tem oportunidade "de sair da abstenção para passar à ação". 
O que é isso? Sugestão ou ordem direta? Qualquer que seja, é típico da burrice que caracteriza a quase totalidade da quadrilha que se acercou do governo antecessor de Obama. Pois agora é que o sempre hesitante chanceler Antonio Patriota se vê obrigado, sob pena de entrar no rol dos que seguem ordens diretas do Departamento de Estado americano, de manter os votos que a delegação brasileira vem explicitando na ONU - abstenção para não ter que se definir.
Mas para além da burrice, há a arrogância e a tendência melíflua de bem representar o que o insuspeito Thomas Friedman revela em sua coluna do New York Times, reproduzida pela sua "sucursal"brasileira, o Globo. Os embaixadores de Obama reproduzem a política externa do governo Bush, apenas com maior dissimulação, e através de terceiros, poderosos mas terceiros, como Inglaterra e França.
Fica a expectativa de como reagirão Planalto e Itamaraty, alvos obrigatoriamente necessários de serem ouvidos pela mesma fonte que deu voz ao embaixador da nova versão de big stick


O vídeo da entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, que se inicia com a informação sobre as "excelentes relações atuais' com a administração atual, como a nova informação, a de que até 2015, o tráfego aéreo brasileiro" estará inteiramente aberto às companhias americanas, está em http://www1.folha.uol.com.br/poder/poderepolitica/thomas_shannon-1.shtml

A transcrição em texto segue abaixo:


Thomas Shannon  diz que Brasil tem q passar da “abstenção” à ação –
Entrevista a TV UOL- 26/10/2011
Narração de abertura: Thomas Shannon Jr. é diplomata de carreira e assumiu como embaixador dos Estados Unidos no Brasil em fevereiro de 2010. Shannon tem 53 anos e fala português.
Antes de ser embaixador no Brasil, Thomas Shannon trabalhou no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos. No governo de George W. Bush, foi assessor especial do presidente e diretor sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental.
Em agosto de 2011, Shannon foi chamado de volta a Washington. Ocupou interinamente o importante cargo de subsecretário de Estado para Assuntos Políticos. Agora, em outubro de 2011, reassumiu o posto de embaixador no Brasil.
Folha/UOL: Olá internauta. Bem-vindo ao "Poder e Política Entrevista".
O programa é uma realização do jornal Folha de São Paulo, do portal UOL e da Folha.com. A gravação é realizada aqui no estúdio do Grupo Folha em Brasília.
O entrevistado desta edição do Poder e Política é o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon.
Folha/UOL: Embaixador, muito obrigado pela sua presença. E eu começo perguntando: como andam as relações entre Brasil e Estados Unidos? Melhoraram depois da posse de Dilma Rousseff?
Thomas Shannon: As relações são excelentes. Realmente estamos em um momento positivo nas relações. Positivo não somente bilateralmente, mas também no que o Brasil e os Estados Unidos estão fazendo globalmente. Então, para mim, este é o momento de ser o embaixador dos Estados Unidos no Brasil.
Folha/UOL: O presidente Barack Obama visitou o Brasil neste ano [2011], a presidente Dilma Rousseff tem uma visita pré-agendada aos Estados Unidos para o ano que vem [2012]. Qual é o saldo até agora da visita de Barack Obama ao Brasil?
Thomas Shannon: A visita do presidente Obama, especialmente a sua conversa com a presidente Rousseff, foi importante para definir uma agenda do século 21 entre o Brasil e os Estados Unidos. Uma agenda com enfoque na infraestrutura, na ciência e tecnologia, na educação, na inovação e na maneira como os Estados Unidos e o Brasil podem colaborar nessas quatro áreas entre eles, mas também no mundo.
Folha/UOL: Já há algum projeto mais específico que foi tratado e sobre o qual se avançou nessas áreas?
Thomas Shannon: Vários. Começando com os acordos que assinamos durante a visita, como o acordo de céus abertos, que vai permitir grande movimento de linhas aéreas brasileiras para os Estados Unidos e dos Estados Unidos para o Brasil. Vai melhorar o turismo, vai melhorar o intercambio comercial e de investimento.
Mas também estamos trabalhando em cooperação comercial na área espacial e nosso administrador da Nasa [a agência espacial dos EUA] está aqui no Brasil hoje. Amanhã eu vou para São Paulo para me reunir com ele. Mas também assinamos um acordo de cooperação econômica que vai promover as negociações especialmente em setores de nossas economias onde há complementaridade, que realmente abrem muito espaço para o Brasil e os Estados Unidos avançarem em nossas relações.
Folha/UOL: O caso desse acordo que o sr. mencionou, o "céu aberto", para companhias americanas operarem no Brasil e vice-versa. Quando se pode esperar algum acordo para que alguma companhia americana comece a operar novos voos no Brasil e vice-versa?
Thomas Shannon: Já estamos experimentando novos voos em diferentes cidades aqui no Brasil. Mas primeiro o Congresso tem que aprovar ou ratificar o tratado. Mas temos um memorando de entendimento que vai permitir uma abertura durante os próximos três anos, com a ideia de que, em 2015, o mercado, em termos de linhas aéreas, vai ser totalmente aberto.
Folha/UOL: Já há alguma data prevista, mais firme, para a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington?
Thomas Shannon: Ainda estamos trabalhando com o Planalto para determinar a data. Mas eu acho que... a nossa ideia é que vá ocorrer em março [de 2012].
Folha/UOL: Em março de 2012. Os pontos da agenda que o sr. acha que poderão ser incluídos nessa visita seriam quais os mais importantes?
Thomas Shannon: Nossas relações são super amplas. Então vamos obviamente falar de muitas coisas. Mas os dois presidentes têm muito interesse em melhorar a relação comercial e também de investimento. Também têm muito interesse de avançar nos programas de intercâmbio educacional, especialmente o programa da presidente Rousseff, Ciência sem Fronteiras. Mas também o Brasil por ser um poder global hoje abre um espaço para um diálogo, uma conversação muito mais ampla sobre o mundo.
Folha/UOL: Há um tema que sempre interessa muito aos brasileiros, sobretudo os brasileiros que viajam aos Estados Unidos, que é a obtenção de visto de entrada nos Estados Unidos. Já houve alguma melhoria nos últimos tempos sobre a validade do visto. Mas há sempre a discussão possível de que, no futuro, Brasil e Estados Unidos poderiam abolir o visto de entrada mutuamente. O que o sr. acha disso e qual é essa possibilidade?
Thomas Shannon: Eu acho que isso vai ocorrer no futuro. Simplesmente pela relação entre o Brasil e os Estados Unidos e também pela economia do Brasil, a potencia que é o Brasil hoje e que vai ser o Brasil no futuro.
Folha/UOL: O que está faltando para isso acontecer?
Thomas Shannon: Nos Estados Unidos o Congresso determina os critérios para abolir a necessidade de um visto. Tem a ver com a quantidade de pessoas que viajam aos Estados Unidos e os que podem obter o visto. E também uma série de regras e acordos entre o Brasil e Estados Unidos sobre a integridade de documentos e a confiança que os dois países têm e na identidade de cada pessoas que está viajando. Estamos trabalhando em todas essas áreas. Agora mesmo temos um diálogo bilateral consular entre Itamaraty e Estados Unidos e também entre diferentes entidades do governo dos Estados Unidos e aqui do Brasil para abrir um espaço para progredir nessa área.
Folha/UOL: O sr., sendo realista, acredita que o horizonte para que isso evolua para um acordo seria um ano, cinco anos, dez anos? Ou é difícil dizer?
Thomas Shannon: É difícil dizer neste momento. Porque depende de cada passo desse processo. Mas no momento estamos fazendo todo o possível para facilitar as entrevistas em nossos consulados e também em nossa embaixada e facilitar a autorização dos vistos. Incluindo aumento do [número de] oficiais que estão aqui trabalhando nos assuntos de visto e também ampliando nossa capacidade física de receber mais brasileiros.
Folha/UOL: O Brasil hoje, entre os países que necessitam de visto ara entrar nos Estados Unidos, encontra-se em qual posição no ranking de países que mais pedem visto de entrada?
Thomas Shannon: É o terceiro país no mundo, depois de China e México.
Folha/UOL: Isso vem sendo assim já há algum tempo?
Thomas Shannon: Isso é coisa nova, durante os últimos anos. Reflete a economia do Brasil, especialmente a emergência de uma classe média aqui. Ou seja, neste ano vamos autorizar mais de 800 mil vistos no Brasil e no ano que vem estamos esperando mais de 1 milhão de vistos.
Folha/UOL: O Brasil tem ficado cada vez mais proeminente no cenário global, atuado em várias frentes diplomáticas e uma delas é o pleito, o desejo do Brasil, de integrar de maneira permanente o Conselho de Segurança da ONU. Os Estados Unidos já demonstraram simpatia a respeito disso, mas não há um comprometimento. É possível evoluir nessa área, o comprometimento dos Estados Unidos a respeito do desejo do Brasil?
Thomas Shannon: É parte de nosso diálogo bilateral com o Brasil. E o importante é que durante a visita do presidente Obama ele mostrou mais que simpatia. Ele mostrou respeito. E também reconhecimento do papel importante que o Brasil já está assumindo no mundo. Mas também é importante reconhecer e entender que não é simplesmente um compromisso entre países sobre quem vai estar no Conselho. Temos que construir um processo para chegar a esse ponto. Ou seja: como reformar o Conselho de Segurança? E nesse sentido o Brasil e os Estados Unidos andamos juntos porque reconhecemos a importância de reformar o Conselho.
Folha/UOL: O sr. acha que na visita da presidente Dilma o palavreado diplomático pode evoluir um pouquinho? Porque na última visita do presidente Obama ele realmente declarou respeito pela posição brasileira de querer uma reforma do Conselho e uma vaga. O sr. acha que vai evoluir um pouco mais ou vai ficar nesse estágio ainda?
Thomas Shannon: Temos trabalho a fazer. E por isso temos essa conversa, esse diálogo bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos. Então eu não vou antecipar os resultados, mas estamos trabalhando.
Folha/UOL: O sr. acha que tem sido mais positiva do que negativa a negociação nessa área entre os dois países? Ou neutra?
Thomas Shannon: Eu acho que, pelo papel do Brasil no mundo, a cada dia é mais positiva. Mas, outra vez, temos que reconhecer que o desafio mais importante é construir um processo de reformar o Conselho. Não somente identificar os países que podem integrar um novo Conselho.
Folha/UOL: Qual seria a ação ou a atitude que o governo brasileiro poderia empreender para ter realmente condições de integrar o Conselho de Segurança [da ONU]?
Thomas Shannon: O processo de reformar o Conselho e determinar os novos integrantes ou membros do Conselho não é tanto uma troca transacional, como [também] um processo de reconhecer poder, o poder no mundo, e os países que têm capacidade de atuar no mundo. E nesse sentido eu acho que o Brasil é obviamente parte deste grupo de países. Porque a reforma vai indicar países que vão ficar no Conselho por muitos anos. Então é bem difícil dizer que eu vou trocar ou intercambiar uma presença permanente para uma ação particular. Então não é transacional. É muito mais importante do que isso.
Folha/UOL: Vamos falar de relações comerciais Brasil-Estados Unidos. O Congresso do seu país deve em 2012 aprovar uma nova lei de subsídios agrícolas. A chamada "Farm Bill". Em tese haverá ali alguns elementos que serão contestados pelo governo brasileiro em termos de subsídios. Como o sr. acha que vai ser esse novo pacote de subsídios que o Congresso deve aprovar?
Thomas Shannon: Sempre é perigoso para um diplomata antecipar o que vai fazer o nosso Congresso, porque os fatores de poder lá são complicados. Mas eu acho que essa votação no Congresso em 2012 vai ser em suma positiva. Então eu acho que vão avançar as relações agrícolas entre o Brasil e os Estados Unidos.
Folha/UOL: Porque há sempre essa negociação a respeito de alguns produtos principais como etanol e algodão. Nessas duas áreas o sr. acha que pode haver algum avanço em relação ao que se tem hoje?
Thomas Shannon: Pois, outra vez, eu vou deixar essas coisas do Congresso. Mas eu acho que já estabelecemos um palco, uma área de negociação entre o Brasil e os Estados Unidos nessa área. Uma área de cooperação, que é positiva e que indica para o nosso Congresso os benefícios que podem existir com um Farm Bill adequado.
Folha/UOL: Mas o seu governo tem interagido para que, enfim, digamos no caso do etanol, que é um caso sempre mencionado. Que possa ser mais facilitada a compra do etanol brasileiro por americanos?
Thomas Shannon: Há um debate no Congresso e entre a administração e o Congresso sobre isso. E parte tem a ver com nossa política de energia, ou energética, e tem a ver com nosso orçamento público e os gastos de nosso orçamento público. Mas eu acho que o Brasil e os Estados Unidos somos parceiros em [fazer] avançar a ideia de energia renovável. E especialmente a capacidade de criar novos tipos de biocombustíveis.
Folha/UOL: O sr. está aqui desde 2010. Então conviveu um pouco com o governo Lula. Agora com o governo Dilma Rousseff. Com dois chanceleres, Celso Amorim e Antonio Patriota. Há alguma mudança no dia a dia, no tratamento, nas relações Brasil-Estados Unidos com essa troca de governo?
Thomas Shannon: O fantástico das relações entre o Brasil e os Estados Unidos é que não é status quo. Ou seja, cada dia é um dia novo. Porque tem que ver como é a transformações do Brasil domesticamente e internacionalmente. E tem que ver como são as transformações de que ocorrem no mundo, na área global. Então da maneira com que o Brasil e os Estados Unidos estabelecem relações e estabelecem diálogos dinâmicos que mudam a cada dia. Durante o tempo de Lula e de Celso Amorim havia avanços importantes na relação. Especialmente na estrutura da relação, essa estrutura de diálogo. Mas também com a presidente Rousseff e o ministro Patriota estamos avançando. Ou seja, há continuidade no sentido de uma trajetória positiva.
Folha/UOL: Surgiu algum tema novo, com a chegada de Patriota e Dilma Roussef ao governo, nas relações? Ou foi só uma continuidade.
Thomas Shannon: Como falou o ministro Patriota, a continuidade não quer dizer repetir. Ou seja, estamos construindo realmente a cada dia mais coisas importantes na relação. Eu acho que a troca de ideias e a conversa entre o Brasil e os Estados Unidos em assuntos de Oriente Médio já está a cada dia mais sofisticada e mais útil para os dois países e também na área social. Especialmente na área de educação. E essa iniciativa da presidente Rousseff, Ciência sem Fronteiras, estamos trabalhando para abrir um espaço para brasileiros nas universidades nos Estados Unidos. Então eu acho que na área de diplomacia tradicional e também na área da diplomacia nova, essa diplomacia social, que conecta nossas sociedades. Estamos avançando de uma maneira superinteligente.
Folha/UOL: O sr. mencionou que houve uma evolução, uma sofisticação nas conversas Brasil-Estados Unidos a respeito, por exemplo, de Oriente Médio. O sr. teria como dar um exemplo de como evoluiu essa discussão?
Thomas Shannon: Eu acho que pela crise na Líbia e, depois, na Síria. Havia uma intensificação nessas conversas entre o Brasil e os Estados Unidos. E também pelo fato de que o Brasil hoje é membro do Conselho de Segurança da ONU. E isso ajuda muito, para nós, a entender a posição do Brasil. E também acho que ajuda o Brasil a entender a posição dos Estados Unidos. Por exemplo: o papel do Brasil no Conselho de Direitos Humanos. Para nós é sumamente interessante, especialmente sua capacidade de falar abertamente sobre a importância de não reprimir civis durante manifestações e outras atividades na Líbia e na Síria e sua capacidade de falar diretamente da importância dos Direitos Humanos na Primavera Árabe.
Folha/UOL: Mas então como o sr. e seu governo interpretariam as abstenções do Brasil no Conselho de Segurança neste ano sobre ação militar na Líbia, sobre repressão a manifestantes pelo governo da Síria. O Brasil se absteve várias vezes, não votou com os Estados Unidos. Qual é a sua interpretação disso?
Thomas Shannon: Obviamente nosso desejo é que o Brasil vote conosco. Mas entendemos o papel do Brasil neste momento. Especialmente essa intenção de balancear sua relação nos Brics [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e na Ibsa [Ibas, grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul]. Mas o importante é reconhecer que, a cada instante, o Brasil falou publicamente da importância dos direitos humanos, falou publicamente da importância de o governo não usar violência contra seus próprios cidadãos e que com o processo dos eventos, especialmente na Líbia, o Brasil efetivamente mudou [sua posição] de abstenção a participação na reconstrução da Líbia. Ou seja, o Brasil mostrou capacidade de avançar com a comunidade internacional.
Folha/UOL: Mas o sr. não acha que o país, no caso o Brasil, poderia manter o discurso sobre direitos humanos e ainda assim ter uma posição mais assertiva no Conselho [de Segurança da ONU] ao invés de se abster?
Thomas Shannon: Eu acho que o Brasil, com seu papel a cada dia mais importante no mundo, está entendendo de uma forma nova o seu próprio poder e a sua própria influência no palco global. Eventualmente o Brasil vai entender que é uma coisa atuar dentro da formalidade das organizações internacionais e outra coisa é falar de seus princípios e valores. E eu acho que, nesse sentido, o Brasil tem a oportunidade de tomar passos importantes e de passar de um país que se abstenha para um país que atua.
Folha/UOL: O governo brasileiro nos últimos anos manteve relações amistosas com certos governos de países que não têm tradição democrática. O sr. acha que nesse caso também o Brasil vai evoluir para uma posição diferente?
Thomas Shannon: Esse é um pecado que todos nós temos, estabelecer relações com países que, às vezes, não são 100% democráticos. Mas é um pecado que podemos reconhecer e tentar pedir desculpas. Meu próprio país, nesta etapa, está tentando mostrar, no Oriente Médio, mostrar que reconhecemos a importância da Primavera Árabe e que é necessário trabalhar para abrir um espaço para a democracia no Oriente Médio. E eu acho que o Brasil está na mesma etapa.
Folha/UOL: O Brasil tem posições críticas sobre, por exemplo, a prisão de Guantánamo. O chanceler Patriota esteve aqui, deu uma entrevista. Disse que, enfim, vê com certo desconforto a manutenção da prisão de Guantánamo. Diz também que alguns procedimento da Guerra ao Terror nos Estados Unidos "revelaram suas limitações, estão sendo revistos". Essas críticas do governo brasileiro, Guantánamo, certos procedimentos que foram usados na Guerra ao Terror, são positivas na relação entre os dois países, que se faça esse tipo de crítica?
Thomas Shannon: Da maneira com que o Brasil fala de direitos humanos no mundo, vai falar sobre temas não somente sobre o Oriente Médio mas também sobre nós, de vez em quando. Da mesma maneira em que nós vamos falar de situações no Brasil. E são bem-vindos, porque são parte de um diálogo. Eu acho que esse comentário é um comentário dado com respeito.
Folha/UOL: Estamos falando de Oriente Médio. Agora, recentemente, foi morto Muammar Gaddafi. As circunstâncias em que ele morreu ou foi assassinado ainda não são conhecidas. E há uma suspeita de que as forças aliadas da Otan facilitaram para que os rebeldes capturassem e, eventualmente, matassem Muammar Gaddafi. O que seu governo tem a comentar sobre este episódio?
Thomas Shannon: O nosso governo expressou nosso interesse na investigação por parte do Conselho Nacional de Transição [órgão político do governo interino da Líbia] da Líbia sobre as circunstâncias da morte de Gaddafi. E nossa secretária de Estado [Hillary Clinton] falou da importância desta investigação. Mas é importante também reconhecer que o fim de uma ditadura sempre é complicado. Porque a ditadura destrói as instituições judiciais, destruí as instituições policiais e destrói as outras instituições que realmente podem facilitar uma transição de poder. Infelizmente no momento em que Gaddafi decidiu ir para Sirte e antecipar seu próprio fim dizendo que estava disposto a ser morto.
Folha/UOL: Mas não teria sido mais prudente que as forcas aliadas tivessem tentado evitar esse desfecho até como um certo esforço didático para a nova democracia que pode surgir?
Thomas Shannon: Claro. Sempre. Mas o mundo é complicado. E é importante nesse momento se concentrar no futuro da Líbia e no futuro de um país que realmente tem inspirações democráticas e que precisa de ajuda do mundo para realizar essas aspirações.
Folha/UOL: No caso de outro líder que também foi morto, Osama Bin Laden, há também muita dúvida sobre a forma como ele acabou sendo morto. Nesse caso o sr. acha que nós ainda temos dúvida sobre o que aconteceu? O sr. poderia compartilhar conosco qual é a versão, no momento, para a morte de Bin Laden naquele episódio?
Thomas Shannon: Não, eu acho que é óbvio. Ou seja, durante a tentativa de capturá-lo, ele foi morto. Assim fechou o capítulo.
Folha/UOL: O sr. não acha que deveria ter havido também um esforço das forças americanas para capturá-lo e colocá-lo em julgamento?
Thomas Shannon: Olhe, nossas forças armadas não são policiais. E estamos em guerra com a Al Qaeda. Osama Bin Laden era o líder da Al Qaeda, o autor intelectual dos ataques contra os Estados Unidos em vários instantes e também ataques em outros países. Nossa intenção é atacar da maneira possível a hierarquia da Al Qaeda. E ele foi um alvo legítimo.
Folha/UOL: Há uma interpretação dos Estados Unidos sempre sobre a Tríplice Fronteira, Brasil, Paraguai e Argentina, de que ali seria um foco potencial ou verdadeiro de ativistas que praticam atos terroristas. O governo brasileiro não compartilha dessa avaliação. Por que há essa divergência de avaliação sobre a Tríplice Fronteira entre Brasil e Estados Unidos?
Thomas Shannon: É importante dizer que há uma cooperação excelente entre o Brasil, Argentina, Paraguai, os Estados Unidos e outros países na luta contra o terrorismo. Seja na América do Sul, seja em outras partes do mundo. E também do meu ponto de vista, a atuação da Polícia Federal, da Abin e outras entidades do Brasil muito responsáveis nessa área. Mas o Brasil como outros países na América do Sul tem uma concepção de terrorismo que está limitado ao ato de terrorismo, ou seja, está limitado ao ato de violência. Nosso entendimento é muito maior. Tem a ver com o financiamento, com as estruturas logísticas e também com a maneira com que grupos que não são diretamente terroristas se vinculam a grupos terroristas fora da área. E obviamente para nós há grupos e pessoas que usam seus negócios e outras atividades, especialmente atividades ilegítimas, para financiar outros grupos. Nisso temos uma conversa mais aberta e mais importante entre o Brasil e os Estados Unidos.
Folha/UOL: No caso da Tríplice Fronteira há uma convicção de que lá existem esses grupos?
Thomas Shannon: Indivíduos. São homens de negócios. Nosso Ministério do Tesouro já identificou algumas pessoas que, para nós, estão usando seus negócios para financiar grupos, especialmente no Líbano.
Folha/UOL: Recentemente o Brasil, o Itamaraty, Ministério das Relações Exteriores no Brasil, abriu seus arquivos diplomáticos. A Folha de S.Paulo teve acesso a mais de 10 mil documentos, o que foi uma medida muito positiva para a transparência. E num dos telegramas analisados, vindos de Washington, o embaixador à época, Rubens Barbosa, identificou que havia um... ele tinha, ele escrevia, certeza de grampo. De que o telefone da Embaixada em Washington havia sido grampeado. E suspeitava do governo dos Estados Unidos. O sr. conhece esse episódio e sabe em que circunstância isso ocorreu?
Thomas Shannon: Não. Infelizmente eu não conheço esse episódio.
Folha/UOL: Quando a notícia foi divulgada, que foi agora que o sr. já era embaixador aqui em Brasília, o sr. fez algum relatório, recebeu alguma informação dos Estados Unidos sobre isso?
Thomas Shannon: Não. Não. Nossa ideia é enfocar no futuro.
Folha/UOL: O sr. acha possível que isso possa ter ocorrido?
Thomas Shannon: Eu realmente não posso fazer nenhum comentário. Tem que falar com o embaixador Barbosa.
Folha/UOL: Lixo hospitalar. Uma notícia recente nos jornais brasileiros dando conta de que lixo hospitalar de origem dos Estados Unidos chegou ao Brasil para ser vendido. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos [do PSB], que é onde chegaram esses materiais, disse que a fiscalização dos Estados Unidos foi deficiente e permitiu o embarque do lixo hospitalar para o Brasil. O sr. concorda?
Thomas Shannon: Eu falei com o governador Campos sobre isso. Depois de nossa conversa eu mandei a Pernambuco agentes do FBI e também de nossa agência de imigração e aduanas para trabalhar com a Polícia Federal e também com o secretário de Segurança do Estado de Pernambuco na investigação. Estamos fazendo um avanço importante. Parte desta investigação tem a ver com a companhia que exportou essas coisas e a maneira como foi fiscalizada nos Estados Unidos.
É importante reconhecer que esse lixo são lençóis já usados e que esse uso de lençóis não é nada que é estritamente dos Estados Unidos. Quer dizer, há lençóis também do Brasil que são usados nessa indústria de roupa. Mas eu acho que nossa conversa, entre eu e o governador, e nossa participação indicam que estamos preocupados por esses lençóis e pelo processo de fiscalização. Mas também pela relação entre a companhia nos Estados Unidos e a companhia aqui no Brasil.
Folha/UOL: Agora, houve de fato uma falha na fiscalização? E mais: é proibido exportar esse tipo de material nos Estados Unidos, ou não?
Thomas Shannon: A investigação vai determinar isso. Não é proibido exportar lençóis. É proibido exportar outro tipo de lixo hospitalar. Então temos que determinar exatamente que tipo de lixo entrou no país e que tipo de lixo foi autorizado a sair dos Estados Unidos.
Folha/UOL: Já há alguma informação preliminar a respeito do que aconteceu?
Thomas Shannon: Nessa etapa da investigação eu não posso falar do progresso da investigação. Mas eu acho que vai ajudar muito o governador Campos e o Estado de Pernambuco a enfrentar esse tipo de desafio.
Folha/UOL: Estamos chegando no final. Cuba: um país que tem relações problemáticas com os Estados Unidos. O sr. vê avanços no regime cubano recentes? E qual a perspectiva que o sr. imagina que exista para melhorar a relação com os Estados Unidos em breve?
Thomas Shannon: Há mudanças dentro de Cuba. Especialmente na área agrícola e a capacidade dos cubanos obterem, como donos, terra, imóveis etc. Esse é um passo importante. Mas infelizmente em nossa relação bilateral temos um problema bem difícil. A detenção de um cidadão norte-americano Alan Gross, que complica de uma maneira não muito feliz nossa capacidade de dialogar. E para nós é realmente muito importante que o governo de Cuba dê liberdade ao sr. Gross.
Folha/UOL: O sr. acha que, numa perspectiva temporal, quantos ainda vai durar tudo isso?
Thomas Shannon: É impossível dizer. Porque esse é um jogo que precisa de avanços reais, verdadeiros. Não é um jogo de tempo. É um jogo de acontecimento.
Folha/UOL: Passados alguns meses do episódio WikiLeaks, o sr. acha que o vazamento causou mais prejuízo ou há também alguns aspectos benéficos em todo esse episódio para que todo o mundo, os países, conheçam mais as opiniões dos Estados Unidos?
Thomas Shannon: Para mim WikiLeaks foi um ato contra não somente os Estados Unidos, mas também a diplomacia internacional. Porque a ideia é impor uma transparência que não permita um lugar de confidencialidade entre países para ter uma conversa. Então, nesse sentido, o vazamento prejudicou.
Mas a transparência geralmente é bom. As decisões do Congresso do Brasil, recentemente, em permitir acesso a documentos do governo é algo positivo e mostra a maneira com que democracias têm que fazer este tipo de coisa. Ou seja, usar suas instituições, seus representantes eleitos democraticamente para determinar qual é o direito do cidadão conhecer ou saber o que faz o seu governo mas também o direito do Estado de ter um espaço de confidencialidade para tomar decisões. Nesse balanço encontra-se a melhor estrada para chegar a uma transparência verdadeira.
Folha/UOL: No seu dia a dia, depois do episódio WikiLeaks, o que mudou em termos de segurança e cuidado na transmissão de informações reservadas? Houve mudanças?
Thomas Shannon: Nosso sistema tem a capacidade de proteger a si mesmo. WikiLeaks não foi um problema sistemático dentro dos Estados Unidos, foi o problema de uma pessoas que roubou essa informação. Mas no sentido mais comum, no sentido de nossas relações com as pessoas com que conversamos a cada dia não mudou muito. Ou seja, há reconhecimento de que as pessoas falam conosco porque querem influir nossa maneira de atuar e isso vai continuar.
Folha/UOL: O sr. é um diplomata de carreira. Recentemente esteve em Washington a chamado do presidente Obama, ocupou interinamente um cargo no Departamento de Estado. Como foi essa sua experiência recente em Washington, o que o sr. fez nesses cerca de dois meses?
Thomas Shannon: Eu estava lá atuando temporariamente como subsecretário de Assuntos Políticos. Ou seja, eu estava trabalhando em assuntos globais e preparando para a Assembleia Geral [da ONU]. Foi uma experiência excelente porque estava trabalhando diretamente com a secretaria de Estado, mas também com meus colegas lá na Casa Branca. Eu sai com uma excelente ideia de como é o mundo neste momento. Mas também voltar ao Brasil foi um momento feliz para mim porque comparado ao resto do mundo, o Brasil anda muito bem.
Folha/UOL: O sr. é diplomata de carreira e trabalhou já com presidentes republicanos e agora um democrata. Há uma diferença de trabalho no dia a dia de um para outro sensível no seu caso?
Thomas Shannon: Excelente pergunta. Eu não sei se eu tenho uma excelente resposta porque realmente os interesses dos Estados Unidos não mudam muito entre um governo democrata e um governo republicano, especialmente nas embaixadas os problemas que enfrentamos a cada dia, mais ou menos, são os mesmos problemas. Eu acho que até o mais importante desses assuntos, da diferença entre os partidos, é a diferença entre as pessoas. Principalmente entre presidentes e secretários de Estado. Porque eles impõem certos aspectos de suas personalidades no trabalho e sua visão de mundo no trabalho.
Folha/UOL: O sr. poderia citar um diferença entre o presidente Obama e o presidente George W. Bush?
Thomas Shannon: Olhe, há muitas diferenças. Da mesma maneira há muita semelhança. Eu realmente não quero comparar ou contrastar líderes americanos. Mas eu posso dizer que, para mim, durante a visita do presidente Obama aqui ao Brasil, algo que realmente me afetou foi a emoção exibida pelo povo brasileiro pelo presidente americano. Durante muitas presidências nos Estados Unidos essa foi a primeira vez que eu vi um bem-vindo tão...
Folha/UOL: Haverá eleições presidenciais nos Estados Unidos no ano que vem. Qual o peso do estado da economia para as chances de reeleição do presidente Obama na sua opinião?
Thomas Shannon: A economia é importante. É básica. Mas também o povo americano é mais sofisticado do que isso. Ou seja, o povo americano vai selecionar um presidente baseado não somente na economia mas também na capacidade de projetar nosso poder no mundo, de colaborar no mundo para nosso benefício.

 





Zé Dirceu em defesa do PCdoB e seu ex-ministro. Farsa ou Tragédia?

A nota em defesa de Orlando Silva, no blog do ex-chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu, assim como a vinculação das denúncias contra ex-ministro do PCdoB a um golpe contra o governo Dilma, mostra o estado de total desagregação ideológica em que algumas de suas principais lideranças mergulharam o Partido dos Trabalhadores. 
José Dirceu, mais do que ninguém, sabe perfeitamente as razões de os ex-comunistas ocuparem todas as instâncias oficiais do esporte - União, secretarias de Estado e secretarias municipais -, em coligações as mais esdrúxulas. Sabe que tal operação tem muito mais a ver com a compra de uma sede milionária em São Paulo, com previsíveis pagamentos de "comissões" intermediárias, do que com qualquer manobra tática em um processo de luta revolucionária, ou sequer de transformação social minimamente qualitativa da realidade sócio-econômica brasileira. 
Sabe muito bem que essa ocupação de espaço estatal tem a ver, isso sim, com a privatização da res publica. Tem a ver com uma forma de fazer política absolutamente desmobilizadora das energias outrora organizadas por um saudoso PT, onde o debate Reforma x Revolução chegou a ser ponto principal de pauta dos Congressos e Encontros nacionais. De um falecido PT onde a retirada, ou não, da categoria Socialismo do programa partidário mobilizava a militância em disputas de alto nível. 
Tem a ver, enfim, com a guinada ideológica que o lulo-pragmatismo impôs ao Partido, e a boa parte de legendas que antes compunham um campo de esquerda na sustentação das campanhas presidenciais de Lula e do PT. Tem a ver com um governo de acomodação entre os interesses e privilégios intocáveis do grande capital financeiro e industrial e a concessão de gorjeta providencial aos segmentos mais miseráveis da população - medida revelada, ao longo do tempo, muito mais como de entorpecimento de mobilizações sociais intensas, ocorridas durante o mandarinato tucano-pefelista de FHC, do que com a solução definitiva do problema da fome.
O governo Dilma não está em perigo, e Zé Dirceu sabe disso melhor do que qualquer outro brasileiro. Não está sob ameaça da mídia conservadora ou do grande capital, por conta de, sem causar nenhum dano aos interesses das classes dominantes do País, ser considerado por boa parte das cabeças pensantes, outrora resistentes ao sistema, como a "esquerda possível", tal o grau de truculência da minúscula oposição parlamentar da velha direita. Ou seja, diante de tal oposição parlamentar, qualquer governo vira progressista, com condições de neutralizar as outroras combativas organizações do movimento social - CUT, UNE e, mesmo parcialmente, até o MST. 
É lógico que a mídia conservadora - no mais das vezes pintando uma imagem positiva da "presidenta" como faxineira dos malfeitos, e sem os preconceitos de classe que tinha contra Lula - aproveita. Aproveita dos bonecos-falantes, tipo ACM, neto, na Câmara dos Deputados, ou o ridículo Alvaro Dias, no Senado, para arrancar sempre um pouco mais do que o já obtido nos salvíficos empréstimos subsidiados do BNDE, ou na venda dos espaços de inútil  propaganda milionária das empresas estatais (alguém terá que me convencer da necessidade da Petrobrás de fazer publicidade de seus produtos, a não ser como cala-boca seletivo). 
Com essa velha direita, portanto, até José Dirceu encontra espaço para teorias conspiratórias como as que desenvolve na defesa de Orlando Silva, como forma de não reconhecer a existência de uma oposição de esquerda, uma esquerda que não se vendeu nem se rendeu. E que é ocultada pela grande mídia, a despeito do imenso e qualitativo trabalho que consegue fazer no Congresso Nacional, mesmo com mínima representação numérica.
Mas que se cubram, Zé Dirceu e as direitas. O que está ocorrendo a partir das manifestações indignadas nas mais diversas capitais das principais potências capitalistas do mundo pode exercer papel de contágio abaixo do Equador. Estão aí os estudantes chilenos liderados por uma jovem comunista ( de fato, não "doB") levando o governo pinochetista de Piñera ao desespero. E estão aí os governos bolivarianos - que não brigam com o governo Dilma, mas que certamente brigarão muito menos ainda com um governo realmente anticapitalista em nosso País.

Para quem quiser ler a cantilena de Zé Dirceu, na íntegra, o endereço é http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=13614&Itemid=2

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Catar se oferece para organizar coalizão de ocupação da Líbia no lugar da OTAN

A notícia revela uma verdade que antes era apenas suspeita. O Catar, emirado aliado dos Estados Unidos, que reconhece ter enviado aviões de guerra para auxiliar os bombardeios da OTAN, se oferece agora para coordenar uma coalizão de "aliados" do novo regime para por em prática a ocupação da Líbia que o Conselho de Nacional de Transição havia solicitado à própria OTAN. 
E aí surge a revelação de algo que antes era só suspeita - o Catar se oferece para a nova missão em função das centenas de soldados que enviou para ajudar os "rebeldes" líbios. Intervenção externa confessada. Operação, é claro, na mesma linha da que a Arábia Saudita desenvolveu ao invadir o Bahrein para reprimir, com seus tanques, os opositores à ditadura lá existente. E o Catar não operou na Líbia sem ter acordado antes com a Arábia Saudita.
Se levarmos em conta os vídeos que registraram vozes falando em espanhol na captura e no assassinato de Kadafi já aprisionado - que se suspeita serem de paramilitares colombianos em trabalho mercenário a favor dos rebeldes -, impõe-se o questionamenteo, a partir do pedido do CNT para a  manutenção de tropas estrnageiras de ocupação.  
É sobre o quanto existia de realmente concreto como oposição interna a Kadafi. Pelo visto, muito pouco. O que prova, a cada dia, que a derrubada de Kadafi foi armada a partir do exterior, sem nenhum compromisso com restabelecimento de regime de liberdades, mas sim como queima de arquivo, diante de acordos criminosos feitos pelos Estados Unidos - principalmente no governo Bush, com os centros clandestinos de tortura para as vítimas da "guerra ao terror"-, pela França, pela Inglaterra e pela Itália com o Kadafi da era podre.
Segue a matéria sobre a proposta do Catar e as repercussões:

Nova aliança militar vai apoiar Líbia no lugar da Otan--Catar

Estadão.com.br-26 de outubro de 2011 | 20h 38
O principal general do Catar disse na quarta-feira que os países ocidentais propuseram a criação de uma nova aliança liderada pelo Catar para apoiar a Líbia depois que a Otan terminar sua missão no país do norte africano.
O general falou depois que a Otan adiou até o final desta semana uma reunião que era esperada para formalizar a decisão de terminar a missão na Líbia no final do mês, depois que autoridades líbias pediram que a missão fosse mantida por mais tempo.
"Depois que ficou claro que a Otan tem uma visão para se retirar em um determinado ponto, os países ocidentais amigos da Líbia propuseram essa ideia de criar uma nova aliança para continuar a apoiar a Líbia", disse o chefe do Estado-Maior do Catar, general Hamad bin Ali al-Attiyah, em comentários transmitidos pela televisão Al Jazeera.
"E eles pediram que ela seja dirigida pelo Catar, porque o Catar é um amigo deles e um amigo próximo da Líbia", acrescentou sem dar mais detalhes.
Attiyah disse também que centenas de soldados do Catar estavam no terreno na Líbia ajudando os combatentes que derrubaram Muammar Gaddafi.
Em Paris, o Ministério das Relações Exteriores francês disse que uma proposta de extensão da missão da Otan seria estudada.
"Vamos levar em consideração com nossos parceiros este pedido. A França continua a apoiar e ajudar o Conselho Nacional de Transição (da Líbia). Nós saudamos a libertação da Líbia e o fato de que a operação, militarmente falando, está em seu fim", disse um porta-voz do ministério do Exterior.
Questionado se uma missão liderada pela Catar seria possível, o porta-voz disse: "Tomamos conhecimento desta notícia, mas é muito cedo para comentar sobre isso e não faria de forma unilateral".
O Catar desempenhou um papel-chave na obtenção de uma resolução da Liga Árabe pedindo proteção internacional aos civis da Líbia no início do levante em março, que culminou na derrubada de Gaddafi após mais de quatro décadas no poder.
Eles também enviaram aviões de guerra para ajudar a operação liderada pela Otan para cumprir o mandato da ONU para proteger os civis.
O líder interino da Líbia, Mustafa Abdel Jalil, disse na quarta-feira na capital do Catar que a Otan deve continuar presente na Líbia até o final do ano para ajudar a prevenir que combatentes leais a Gaddafi fugam do país e escapem da Justiça.
A Otan disse que não tem a intenção de manter forças na região da Líbia após o término de sua missão e tem afirmado repetidamente que o seu mandato da ONU é para proteger os civis, não para perseguir indivíduos -- embora o próprio Gaddafi tenha sido capturado depois que seu comboio foi atingido em um ataque aéreo da Otan.
Esperava-se que embaixadores da Otan se reunissem na quarta-feira para formalizar uma decisão preliminar tomada na semana passada de terminar a missão em 31 de outubro. A porta-voz da otan Carmen Romero disse que esta reunião foi adiada.
(Reportagem de Ahmed Tolba no Cairo e Nicholas Vinocur em Paris)



"Agora ou nunca", clama Merkel, prevendo o pântano da crise européia

"Agora ou nunca" é o que afirma a gerentona Angela Merkel com respeito ao acordo para a recuparação da Zona do Euro. Ela, pressionando pela recapitalização dos bancos, com fundos do ervanário público, para depois reprivatizar o que o Estado comprou.
Os bancos, não acatando a manobra da recapitlização no momento em que suas ações, por conta de suas próprias irresponsabilidades, ou ilegalidades, especulativas, registram acentuada baixa de valor no chamado "livre mercado"..
E a Grécia, dependendo da solução externa, pelo caminho covarde que seu governo socialdemocrata elegeu para enfrentar a dívida pública que um governo da direita mais reacionária, lhe deixou como herança maldita. Aceitando pagar, sem nenhuma auditoria de contratos, transferindo para o arrocho de direitos sociais, salários e aposentadorias dos trabalhadores todo o ônus da operação onde os banqueiros não terão um cêntimo de lucros reduzidos.
É o capitalismo na sua expressão mais pura, de essência cruel e anti-humana.
Segue a matéria do Clarin:

Merkel advirtió que las imperfecciones de la UE deben resolverse “ahora o nunca”

Clarin Economía

26 OCT 2011 10:05h
Dijo que Europa fracasará si no logra una "unión de estabilidad". Hoy participará de de una decisiva cumbre en Bruselas en la que el bloque pretende aprobar medidas anticrisis.

    LIDERES. LA CANCILLER ALEMANA ANGELA MERKEL, AYER, JUNTO A LA JEFA DEL FMI, LA FRANCESA CHRISTINE LAGARDE.





  • CANCILLER ALEMANA ANGELA MERKEL, AYER, JUNTO A LA JEFA DEL FMI, LA FRANCESA CHRISTINE LAGARDE.

La canciller alemana, Angela Merkel, consideró hoy que hay que "resolver las imperfecciones" de la unión monetaria europea "ahora o nunca" y recalcó que Europa está condenada al fracaso si no se convierte en una "unión de estabilidad".

En su declaración de gobierno ante la Cámara baja del Parlamento alemán, en la que pidió por última vez el apoyo al Fondo Europeo de Estabilización Financiera (FEEF) ampliado, la canciller subrayó que cuando se garantice la estabilidad "se habrá entendido la dimensión política de la crisis".

"Así habremos aprovechado la oportunidad, si no, fracasaremos", agregó poco antes de la votación en el Bundestag y de emprender viaje a Bruselas para participar en la decisiva cumbre europea, en la que está previsto que se apruebe todo un paquete de medidas anticrisis.

La unión monetaria se encuentra ante "la mayor prueba de resistencia de su historia", enfatizó Merkel. "La situación es seria -agregó- y exige constancia. Nos movemos en terreno nuevo y la tarea durará mucho tiempo", advirtió.

Momentos después de las declaraciones de Merkel, el Parlamento alemán aprobó con una amplia mayoría de 503 de los 596 diputados el refuerzo del FEEF, que hasta ahora cuenta con 440.000 millones de euros y garantías por 780.000 millones para comprar bonos de países con problemas de deuda.

El Bundestag ya aprobó el 29 de septiembre con una abrumadora mayoría la ampliación de los fondos de ayuda para socios comunitarios con problemas de deuda, dando un espaldarazo crucial al proyecto europeo en medio de la crisis. Con aquella difícil votación Merkel salió reforzada.

La canciller manifestó el firme compromiso de Berlín a ayudar a Europa a salir de la crisis en la que se haya inmersa y reconoció los progresos de Irlanda, la disposición de Portugal, el avance de Grecia y el valor de España para modificar su Constitución poco antes de las elecciones generales y controlar su deuda.

"Haremos todo lo posible para que Grecia pueda volver a la senda del crecimiento. Queremos que se levante rápido", insistió. "Los griegos merecen nuestro respeto y una viable perspectiva de futuro en la Unión Europea".


Família de Kadafi pretende denunciar OTAN, no Tribunal de Haia

Matéria quente do Le Monde. Porque é sabido que executar prisioneiros após combate é considerado crime de guerra, e resulta em condenações do Tribunal de Haia. Mas ocorre que tal Tribunal não é uma instituição com tradição de isenção. Tem operado como extensão do que é anteriormente condenado pelos Estados Unidos - que, aliás, não reconhece a existência do Tribunal para a ele não ter que submeter seus militares criminosos nas ações explícitas ou secretas que desenvolvem em todo o mundo -. Já tinha, aliás, anunciado julgamento do próprio Kadafi.
Como agirá o Tribunal diante da denúncia da família de Kadafi contra a OTAN, tendo em vista o atropelo da resolução da ONU que limitava sua intervenção à proteção de civis, através de exclusivo bloqueio do território aéreo da Líbia, e sem participação em operações terrestres? 
Ora, é sabido - até pelo pedido feito pelo CNT para que a permanência da OTAN se estenda até 2012 - que o braço armado da União Européia extrapolou. É sabido que sua participação bélica foi decisiva no episódio da morte de Kadafi. Portanto, sua responsabilidade na execução tem que ser investigada, e julgada. Alguém acredita que isso ocorrerá?

Segue a matéria do Le Monde:

La famille de Kadhafi envisage de porter plainte contre l'OTAN

LEMONDE.FR avec AFP | 26.10.11 | 13h06   •  Mis à jour le 26.10.11 | 13h14


Mouammar Kadhafi a été enterré en Libye dans la nuit de lundi à mardi dans un lieu tenu secret. Ici, les tombes de soldats kadhafistes, à Misrata.
Mouammar Kadhafi a été enterré en Libye dans la nuit de lundi à mardi dans un lieu tenu secret. Ici, les tombes de soldats kadhafistes, à Misrata.REUTERS/THAIER AL-SUDANI

La famille de Mouammar Kadhafi envisage de porter plainte contre l'Organisation du traité de l'Atlantique Nord (OTAN), pour "crime de guerre", auprès de la Cour pénale internationale (CPI), après la mort à Syrte de l'ancien dirigeant libyen, confirmant une information d'Europe 1.

L'ex-leader en fuite depuis la chute de Tripoli fin août, a été capturé vivant le 20 octobre près de la ville de Syrte et tué par balles peu après, dans des circonstances encore floues. Me Marcel Ceccaldi a affirmé que ce décès avait pour cause "le fait que les hélicoptères de l'OTAN aient tiré sur le convoi de Mouammar Kadhafi, qui a ensuite été achevé." "L'homicide volontaire est défini comme un crime de guerre par l'article 8 du Statut de Rome de la CPI", a poursuivi Me Ceccaldi.
"HOMICIDE"
L'avocat n'a pas dit quand la plainte serait déposée, indiquant que son "périmètre" devait encore être précisément arrêté. "L'homicide de Kadhafi montre que les Etats membres n'avaient pas pour but de protéger la population mais de renverser le régime", a-t-il dit. La plainte devrait viser "les organes exécutifs de l'OTAN, qui ont arrêté les conditions d'intervention en Libye" et remonter la chaîne de responsabilités en amont, jusqu'aux chefs d'Etats des pays de la coalition, a-t-il précisé.
"Ou la CPI intervient en tant que juridiction indépendante et impartiale, ou elle ne le fait pas et, alors, la force prime le droit", a poursuivi Me Ceccaldi.
Le Conseil national de transition (CNT) affirme que l'ancien dirigeant a été tué d'une balle dans la tête lors d'un échange de tirs. Des témoignages et les vidéos tournées au moment de son arrestation laissent penser qu'il a pu être victime d'une exécution sommaire.
Alors que plusieurs organisations internationales, dont l'ONU, ont réclamé une enquête, le président du CNT, Moustapha Abdeljalil, a annoncé lundi la formation d'une commission d'enquête. Mouammar Kadhafi a été enterré en Libye dans la nuit de lundi à mardi dans un lieu tenu secret.