Quem sou eu

Minha foto
Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O gênero dramático em Édipo Rei



O gênero dramático em Édipo Rei Imprimir E-mail
Sergio Granja   
Sáb, 19 de Janeiro de 2008 22:32
Édipo e a Esfinge
Édipo e a Esfinge
A essência do drama, segundo Staiger, é a tensão. Toda a trama está concentrada em direção ao desfecho. Há economia de personagens e unidade de acão, tempo e lugar. A composição dramática é escrita na forma de diálogo; e o "Eu" dramático (protagonista, deuteragonista, tritagonista) está todo no que faz e diz, interagindo no mundo e com o mundo.
Enquanto a epopéia narra a ação progressivamente, o drama representa a ação tensamente. Não é à toa que drama em grego quer dizer ação. Vale dizer, o drama é a ação sem a mediação de um narrador.
ÉDIPO REI, de Sóflocles, é uma tragédia. A tragédia é a desgraça irreparável do herói vitimado pelo destino. Staiger diz que, "quando se destrói a razão de uma existência humana, quando uma causa final e única deixa de existir, nasce o trágico".
Na peça de Sófocles, Édipo, rei de Tebas, é o protagonista; e a rainha Jocasta, a deuteragonista. As outras personagens são o cunhado Creonte (irmão de Jocasta), o adivinho Tirésias (que é um velho cego), o sacerdote (que fala em nome do povo), e o emissário de Corinto. Há ainda o coro.
Édipo é o herói trágico. Ele não tem culpa de nada (é vítima do destino) e se sacrifica pelo seu povo. A tragédia se abate também sobre Jocasta, que se pôs contra o destino. Jocasta se suicida (enforcando-se) ao saber que se tornara mulher de seu filho. Édipo, ao descobrir que matara seu pai, Laio, e se casara com sua mãe, cega-se (vazando os olhos) e pede que seu cunhado e tio Creonte o expulse de Tebas. Com o banimento, o herói trágico salva o reino da maldição da peste (que seria uma punição pela presença do assassino de Laio entre os tebanos).
A peça converge inteira para o desfecho trágico. A verdade vai sendo revelada nos diálogos, num clima de tensão produzido pelo entrechoque das personagens.
É mais ou menos como a peça que se desenrola agora no proscênio da política nacional.
Gramsci postula que a tragédia na vida de um partido não está em não chegar ao poder, mas em chegar lá e negar o seu programa. Então, parafraseando Staiger, podemos dizer que, quando se destrói a razão da existência de um partido, quando uma causa final e única deixa de existir, nasce o trágico.
Coisas do destino... Só que o destino trágico aqui é uma teia tramada no jogo dos atores políticos: as concessões e as alianças que se fazem ditam o espaço do que é permitido e do que não é tolerado; a opção pelo pragmatismo obriga à assimilação dos valores dominantes em detrimento da radicalidade dos princípios; o trânsito da contestação à integração é um deslocamento que submete o transeunte à lógica política e econômica que é o fundamento mesmo da miséria moral e social brasileira.
Não foi por acaso que o PSOL foi expelido do PT.
Sergio Granja é autor do romance Louco d’Aldeia em dois tempos (Record, 1996).

2 comentários:

  1. Ótimo texto. Tomara que o PSOL lembre disso pra sempre.

    ResponderExcluir
  2. Otimo gostei muito..porém não estava dizendo a parte dramatica do texto

    ResponderExcluir