E aí surge a revelação de algo que antes era só suspeita - o Catar se oferece para a nova missão em função das centenas de soldados que enviou para ajudar os "rebeldes" líbios. Intervenção externa confessada. Operação, é claro, na mesma linha da que a Arábia Saudita desenvolveu ao invadir o Bahrein para reprimir, com seus tanques, os opositores à ditadura lá existente. E o Catar não operou na Líbia sem ter acordado antes com a Arábia Saudita.
Se levarmos em conta os vídeos que registraram vozes falando em espanhol na captura e no assassinato de Kadafi já aprisionado - que se suspeita serem de paramilitares colombianos em trabalho mercenário a favor dos rebeldes -, impõe-se o questionamenteo, a partir do pedido do CNT para a manutenção de tropas estrnageiras de ocupação.
É sobre o quanto existia de realmente concreto como oposição interna a Kadafi. Pelo visto, muito pouco. O que prova, a cada dia, que a derrubada de Kadafi foi armada a partir do exterior, sem nenhum compromisso com restabelecimento de regime de liberdades, mas sim como queima de arquivo, diante de acordos criminosos feitos pelos Estados Unidos - principalmente no governo Bush, com os centros clandestinos de tortura para as vítimas da "guerra ao terror"-, pela França, pela Inglaterra e pela Itália com o Kadafi da era podre.
Segue a matéria sobre a proposta do Catar e as repercussões:
Nova aliança militar vai apoiar Líbia no lugar da Otan--Catar
Estadão.com.br-26 de outubro de 2011 | 20h 38
O principal general do Catar disse na quarta-feira que
os países ocidentais propuseram a criação de uma nova aliança liderada
pelo Catar para apoiar a Líbia depois que a Otan terminar sua missão no
país do norte africano. O general falou depois que a Otan adiou até o final desta semana uma reunião que era esperada para formalizar a decisão de terminar a missão na Líbia no final do mês, depois que autoridades líbias pediram que a missão fosse mantida por mais tempo.
"Depois que ficou claro que a Otan tem uma visão para se retirar em um determinado ponto, os países ocidentais amigos da Líbia propuseram essa ideia de criar uma nova aliança para continuar a apoiar a Líbia", disse o chefe do Estado-Maior do Catar, general Hamad bin Ali al-Attiyah, em comentários transmitidos pela televisão Al Jazeera.
"E eles pediram que ela seja dirigida pelo Catar, porque o Catar é um amigo deles e um amigo próximo da Líbia", acrescentou sem dar mais detalhes.
Attiyah disse também que centenas de soldados do Catar estavam no terreno na Líbia ajudando os combatentes que derrubaram Muammar Gaddafi.
Em Paris, o Ministério das Relações Exteriores francês disse que uma proposta de extensão da missão da Otan seria estudada.
"Vamos levar em consideração com nossos parceiros este pedido. A França continua a apoiar e ajudar o Conselho Nacional de Transição (da Líbia). Nós saudamos a libertação da Líbia e o fato de que a operação, militarmente falando, está em seu fim", disse um porta-voz do ministério do Exterior.
Questionado se uma missão liderada pela Catar seria possível, o porta-voz disse: "Tomamos conhecimento desta notícia, mas é muito cedo para comentar sobre isso e não faria de forma unilateral".
O Catar desempenhou um papel-chave na obtenção de uma resolução da Liga Árabe pedindo proteção internacional aos civis da Líbia no início do levante em março, que culminou na derrubada de Gaddafi após mais de quatro décadas no poder.
Eles também enviaram aviões de guerra para ajudar a operação liderada pela Otan para cumprir o mandato da ONU para proteger os civis.
O líder interino da Líbia, Mustafa Abdel Jalil, disse na quarta-feira na capital do Catar que a Otan deve continuar presente na Líbia até o final do ano para ajudar a prevenir que combatentes leais a Gaddafi fugam do país e escapem da Justiça.
A Otan disse que não tem a intenção de manter forças na região da Líbia após o término de sua missão e tem afirmado repetidamente que o seu mandato da ONU é para proteger os civis, não para perseguir indivíduos -- embora o próprio Gaddafi tenha sido capturado depois que seu comboio foi atingido em um ataque aéreo da Otan.
Esperava-se que embaixadores da Otan se reunissem na quarta-feira para formalizar uma decisão preliminar tomada na semana passada de terminar a missão em 31 de outubro. A porta-voz da otan Carmen Romero disse que esta reunião foi adiada.
(Reportagem de Ahmed Tolba no Cairo e Nicholas Vinocur em Paris)
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