Quem sou eu

Minha foto
Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

sábado, 22 de outubro de 2011

Com uma oposição de direita como essa, qualquer governo vira esquerda


Manchete de página no jornalão: PPS e PSDB "festejam" permanência de Orlando Silva na pasta do Esporte, após explicações dadas a Dilma, em seu regresso do périplo pela África. "Agora o governo vai se desgastar". Francamente; não poderia haver reação mais simbólica para entender o contexto político brasileiro. Porque com uma direita como essa, é consequentemente natural que um segmento significativo da cidadania progressista termine se solidarizando com o governo Dilma, e a degradada cúpula petista, como a esquerda possível, diante de algo muito pior que poderia vir na substituição.

E é verdade. Em outra manchete de página, estão as declarações de Lula instando o PCdoB e seu ministro a "resistirem", pois, "se vergarem, serão arrastados".

E a oposição de esquerda - essa esquerda que não se rendeu, nem se vendeu; que continua a defender aquilo que a fez apoiar Lula em 2002, e que se viu frustrada com sua subserviência aos segmentos hegemônicos do grande capital -; essa esquerda fica inteiramente emparedada. Fica sem ter como divulgar suas diferenças ideológicas profundas com a Velha Direita, no combate por puro preconceito - e não por divergência programática - que faz à Nova Direita (a coalizão partidária, base de sustentação parlamentar do governo Dilma na privatização dos aeroportos, nos leilões da bacia sedimentar, realizados pela Agência Nacional de Petróleo, sob a égide do PCdoB: na isenção tributária incessantemente concedida aos especuladores financeiros e às corporações multinacionais; na ausência de qualquer política agrária progressista, tendo em vista a absoluta submissão aos barões do agronegócio; e por aí vai). Essa Nova Direita termina por se transformar na Esquerda Possível, tendo em vista o horror da alternativa de oposição que a grande mídia conservadora fornece, com espaços excusivos, a seus representantes, nas "denúncias" aos malfeitos do governo e seus aliados.

Denúncias, aliás, absolutamente falaciosas, tendo em vista nunca terem ocorrido quando o governo era o dela - não por acaso o insuspeito jornalista Elio Gaspari só se refere à entrega do patrimônio público ao capital privado, com financiamento do BNDES, na contra-reforma neoliberal do mandarinato FHC, como "privataria".

Mas é fácil verificar que, quando há o que denunciar, o Jornal Nacional e seus concorrentes de menor audiência, se concentram em representantes simbólicos - ACM neto, e algum paspalho do PPS, entre os deputados; e o patético tucano Alvaro Dias, quando recorrem ao Senado -. Não se dá voz aos parlamentares do PSOL para que mostrem a semelhança entre as direitas - no poder, e na oposição, que só é oposição por não se locupletar na partilha do botim, ou por puro preconceito de classe.

Mas 2012 vem aí, e o horário obrigatório de TV na campanha eleitoral há de ser o espaço em que a politização da Política será retomada. Com a denúncia dos dois lados da mesma moeda, e a apresentação de uma alternativa concreta de transformação qualitativa da sociedade. Pela esquerda.

Milton Temer,  em 22/10/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário