Quem sou eu

Minha foto
Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ronald Barata, brizolista histórico, define Carlos Lupi

O PIOR DO LUPI NO MTE,  É O QUE ELE NÃO FEZ
Em entrevista ao jornal “Correio Braziliense”, o ministro Carlos Lupi afirmou não haver outro meio para realizar cursos de qualificação profissional, a não ser fazendo repasses financeiros para diversas instituições privadas. E desafiou o repórter Vinicius Sassine que o entrevistava: “Qual o outro meio? Me dá uma sugestão”.
Quero refrescar a memória do ministro. No ano 2000, ele foi portador de um trabalho meu ao presidente do PDT, o insigne Leonel Brizola, sobre as iniqüidades e desvios nos repasses do CODEFAT para cursos de Qualificação Profissional. Para minimizar as distorções, propus a criação dos CIEPS da Qualificação Profissional, mantendo-se as Comissões de Emprego do SINE. Brizola gostou e chamou-me para conversar sobre a proposta que consiste em o Estado assumir essa atividade, mantendo-se o planejamento pelas Comissões de Emprego, em vez de distribuir dinheiros para ONGs, organismos sindicais, igrejas, OSCIPS etc. Proposta simples, que qualquer pessoa de bom senso imagina. E sugeri uma possível estrutura para essas escolas. Infelizmente, Brizola não conseguiu encaminhar ao governador da época que havia deixado o PDT. Mas o Lupi, que elogiara a sugestão, ficou com cópia.
Quando o PDT cometeu o terrível equívoco de participar da fisiológica base de apoio ao governo Lula (trabalhei e votei contra) e depois de o Lupi conseguir ser Ministro, lembrei-lhe daquela proposta e lhe entreguei cópia do trabalho elaborado em 2000.
Portanto, ele dispunha de alternativa. Mas não implantou porque, entre outras coisas, reduziria ou acabaria com a principal fonte de recursos para cooptação de dirigentes sindicais e estudantis. Ele poderia, no primeiro caso, pelo menos, ter mandado algum órgão do Ministério examinar o trabalho, ou implantar um projeto piloto. Mas sua memória falhou. É verdade que Lupi não criou essa modalidade de drenar recursos dos trabalhadores pára entidades privadas, muitas delas suspeitas. Mas, o pior é que ele se aliou a sindicalistas que historicamente tiram proveito dessa sinecura e nesses últimos quatro anos os repasses para essas instituições cresceram em mais de 500%, enquanto para os Estados, que são fiscalizados, foram reduzidos. Quanto a Convenção 158 da OIT, arranjou uma forma de enganar que estaria tomando providências.
Lembrei também da Convenção 158 da OIT e lhe entreguei trabalho que elaborei alguns anos antes e que encaminhei ao Partido e a diversos parlamentares. O então deputado paranaense Barbosa Neto, inseriu o trabalho nos anais da Câmara dos Deputados e defendeu a volta da vigência dessa Convenção que impede demissões imotivadas de trabalhadores.
Mas o ministro não possui “memória absoluta”. E mentira, para ele, é lapso de memória. 
A Força Sindical foi quem mais recebeu repasses para agencias de emprego. O Estado do Paraná, que tem um dos menores índices de desemprego, foi que mais recebeu dinheiros do CODEFAT em 2010, ano de eleições. A maioria, através da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, seção Paraná, que tem convenio em curso no valor de R$ 46,4 milhões.  A Confederação é comandada por uma pedetista que também é diretora da Força. Por que não investigar o destino dos dinheiros e quantos cidadãos, relacionando os nomes, frequentaram os cursos? Esses cursos, geralmente são deficientíssimos ou nem são realizados
 Enquanto isso, o desemprego dos jovens ultrapassa a 60%. Falta mão-de-obra qualificada para diversos ofícios, como eletricistas, carpinteiros, caldeireiros, soldadores etc. Estamos importando mão-de-obra do Reino Unido, dos EUA, das Filipinas etc. Mas, para o governo, a culpa pelas deficiências não é de quem pratica “malfeitos”. É da imprensa.
A responsabilidade pelos malfeitos não é apenas do Lupi, pois o CODEAT é que distribui os recursos. Mas, acreditar que o ministro não tenha participação é acreditar em papai Noel, ou em fada, ou na palavra do Lupi.
A FÁBRICA DE SINDICATOS
O Ministério do Trabalho e Emprego, em 10/4/2008, editou a Portaria 186 que permite a pluralidade sindical para organismos de segundo e terceiro graus , as  Federações e Confederações.  É uma afronta à Constituição e está sendo questionada em várias ADINs. Mas não ficou somente nisso.  Vários sindicatos têm sido criados em locais onde  já existe um implantado, da mesma categoria profissional e na mesma base territorial. Verdadeiramente, há um mercado negro de cartas sindicais. Nasce mais de um a cada dia.
O Paulinho da Força, doublé de deputado federal e presidente de Central Sindical, dá as cartas no MTE.  Em três anos, foram concedidos 1.457 registros sindicais e há outros 2.500 pedidos em trâmite na Secretaria de Relações do Trabalho. No primeiro semestre deste ano, o ministro autorizou o funcionamento de 182 entidades sindicais, tanto de trabalhadores como patronais. O novo sindicato recebe a Carta Sindical e a senha para abocanhar recursos da Contribuição Sindical na Caixa Econômica Federal. Isso já causou inúmeras ações na Justiça do Trabalho, impetradas por sindicatos já existentes. É fisiologismo explícito para atender a interesses escusos e prejudiciais à organização dos trabalhadores.
Denúncias divulgadas pela revista ISTOÉ, não desmentidas, mostram a existência de um balcão de negócios por trás da concessão das cartas sindicais, que chegariam a custar R$ 150 mil no mercado negro. A presidente da Federação Nacional dos Terapeutas (Fenate), Adeilde Marques, denuncia que quem paga propina vai para o topo da pilha de processos, mas quem se recusa, fica em baixo. Ela solicitou a regularização da entidade junto ao Ministério do Trabalho, em Brasília e foi encaminhada ao escritório de um  sindicalista ligado à UGT, União Geral dos Trabalhadores. Pediram-lhe R$ 5 mil para agilizar a carta sindical. Ela recusou e, ingenuamente, foi pedir apoio da Força Sindical. Pediram-lhe R$ 40 mil.
Edjane Silveira, do Sindicato dos Servidores Municipais de Nossa Senhora do Socorro, região metropolitana de Aracaju, apresentou denúncia ao Ministério Público Federal contra o mesmo personagem que chantageou Adeilde. Ela recusou-se a pagar o pedágio e procurou outra Central. Mas o indivíduo que pedira os R$ 40 mil, criou, com aprovação do Ministério do Trabalho, um sindicato igual ao de Edjane com um nome quase idêntico: Sindicato dos Servidores do Município de Nossa Senhora do Socorro (Sindispub), comandado pelo mesmo indivíduo que preside outros sindicatos locais da Força Sindical. Ficou provado que o sindicato de Edjane existia desde 2001, mas a Secretaria de Relações do Trabalho arquivou o processo.

Esses dois casos, entre muitos outros, demonstram de forma definitiva o gravíssimo problema. Mas há dezenas de outros casos escabrosos, que já foram divulgados por revistas e jornais.
POR QUE LUPI VAI  CAIR
A permanência de Lupi como ministro, apesar de todos os escândalos (principalmente por ter mentido, para o Congresso Nacional, para a Presidente da República e para o povo), nos leva a pensar que o ministro possui segredos que podem abalar o governo, igual ao Roberto Jeferson.
Gostar de caronas em aviões e desvios éticos, não são determinantes para esse governo. Se o fosse, quantos outros ministros cairiam? Até a mentira está sendo tolerada. O fogo amigo influi, pois há partidos concorrentes na base governamental, de olho no ministério. Mas Lupi resistiu ao absurdo de sua declaração: “Dilma, eu te amo”. Ora, a autoridade máxima da República, aceitando esse tipo de sarcasmo, fica bastante diminuída.
O balanço da gestão Lupi apresenta resultado desastroso. Omitiu-se em muitas coisas importantes. Não atuou para dar ao trabalhador um salário mínimo digno e até foi escanteado das tratativas, realizadas pelo ministro Gilberto Carvalho. Ignorou a luta dos aposentados por reajuste dos proventos acima de um salário mínimo. Não atuou no combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo, tarefa que tem sido realizada pelo Ministério Público do Trabalho e pela Polícia Federal. Desapareceu nas greves de trabalhadores, não mediando nem tomando posição. Não recolocou em vigência a Convenção 158 da OIT que impede demissão imotivada de trabalhadores, denunciada por FHC. Não criou escolas de qualificação profissional, mantendo a sinecura dos repasses. Nenhum direito foi acrescentado para os trabalhadores.
Portanto, Lupi, para cair, apresenta várias razões, todas graves. Mas, a inação significa traição aos princípios do PDT e aos compromissos com a classe trabalhadora.
Portanto, além de tudo o que já se sabe, ele é um T-R-A-I-D-O-R.
EM 29 DE NOVEMBRODE 2011
RONALD SANTOS BARATA

Um comentário: