O PIOR DO LUPI NO MTE, É O QUE ELE NÃO FEZ
Em
entrevista ao jornal “Correio Braziliense”, o ministro Carlos Lupi
afirmou não haver outro meio para realizar cursos de qualificação
profissional, a não ser fazendo repasses financeiros para diversas
instituições privadas. E desafiou o repórter Vinicius Sassine que o
entrevistava: “Qual o outro meio? Me dá uma sugestão”.
Quero
refrescar a memória do ministro. No ano 2000, ele foi portador de um
trabalho meu ao presidente do PDT, o insigne Leonel Brizola, sobre as
iniqüidades e desvios nos repasses do CODEFAT para cursos de
Qualificação Profissional. Para minimizar as distorções, propus a
criação dos CIEPS da Qualificação Profissional, mantendo-se as Comissões
de Emprego do SINE. Brizola gostou e chamou-me para conversar sobre a
proposta que consiste em o Estado assumir essa atividade, mantendo-se o
planejamento pelas Comissões de Emprego, em vez de distribuir dinheiros
para ONGs, organismos sindicais, igrejas, OSCIPS etc. Proposta simples,
que qualquer pessoa de bom senso imagina. E sugeri uma possível
estrutura para essas escolas. Infelizmente, Brizola não conseguiu
encaminhar ao governador da época que havia deixado o PDT. Mas o Lupi,
que elogiara a sugestão, ficou com cópia.
Quando
o PDT cometeu o terrível equívoco de participar da fisiológica base de
apoio ao governo Lula (trabalhei e votei contra) e depois de o Lupi
conseguir ser Ministro, lembrei-lhe daquela proposta e lhe entreguei
cópia do trabalho elaborado em 2000.
Portanto,
ele dispunha de alternativa. Mas não implantou porque, entre outras
coisas, reduziria ou acabaria com a principal fonte de recursos para
cooptação de dirigentes sindicais e estudantis. Ele poderia, no primeiro
caso, pelo menos, ter mandado algum órgão do Ministério examinar o
trabalho, ou implantar um projeto piloto. Mas sua memória falhou. É
verdade que Lupi não criou essa modalidade de drenar recursos dos
trabalhadores pára entidades privadas, muitas delas suspeitas. Mas, o
pior é que ele se aliou a sindicalistas que historicamente tiram
proveito dessa sinecura e nesses últimos quatro anos os repasses para
essas instituições cresceram em mais de 500%, enquanto para os Estados,
que são fiscalizados, foram reduzidos. Quanto a Convenção 158 da OIT,
arranjou uma forma de enganar que estaria tomando providências.
Lembrei
também da Convenção 158 da OIT e lhe entreguei trabalho que elaborei
alguns anos antes e que encaminhei ao Partido e a diversos
parlamentares. O então deputado paranaense Barbosa Neto, inseriu o
trabalho nos anais da Câmara dos Deputados e defendeu a volta da
vigência dessa Convenção que impede demissões imotivadas de
trabalhadores.
Mas o ministro não possui “memória absoluta”. E mentira, para ele, é lapso de memória.
A
Força Sindical foi quem mais recebeu repasses para agencias de emprego.
O Estado do Paraná, que tem um dos menores índices de desemprego, foi
que mais recebeu dinheiros do CODEFAT em 2010, ano de eleições. A
maioria, através da Confederação Nacional dos Trabalhadores
Metalúrgicos, seção Paraná, que tem convenio em curso no valor de R$
46,4 milhões. A Confederação é comandada por uma pedetista
que também é diretora da Força. Por que não investigar o destino dos
dinheiros e quantos cidadãos, relacionando os nomes, frequentaram os
cursos? Esses cursos, geralmente são deficientíssimos ou nem são
realizados
Enquanto
isso, o desemprego dos jovens ultrapassa a 60%. Falta mão-de-obra
qualificada para diversos ofícios, como eletricistas, carpinteiros,
caldeireiros, soldadores etc. Estamos importando mão-de-obra do Reino
Unido, dos EUA, das Filipinas etc. Mas, para o governo, a culpa pelas
deficiências não é de quem pratica “malfeitos”. É da imprensa.
A
responsabilidade pelos malfeitos não é apenas do Lupi, pois o CODEAT é
que distribui os recursos. Mas, acreditar que o ministro não tenha
participação é acreditar em papai Noel, ou em fada, ou na palavra do
Lupi.
A FÁBRICA DE SINDICATOS
O
Ministério do Trabalho e Emprego, em 10/4/2008, editou a Portaria 186
que permite a pluralidade sindical para organismos de segundo e terceiro
graus , as Federações e Confederações. É uma afronta à Constituição e está sendo questionada em várias ADINs. Mas não ficou somente nisso. Vários sindicatos têm sido criados em locais onde já
existe um implantado, da mesma categoria profissional e na mesma base
territorial. Verdadeiramente, há um mercado negro de cartas sindicais.
Nasce mais de um a cada dia.
O Paulinho da Força, doublé de deputado federal e presidente de Central Sindical, dá as cartas no MTE. Em
três anos, foram concedidos 1.457 registros sindicais e há outros 2.500
pedidos em trâmite na Secretaria de Relações do Trabalho. No primeiro
semestre deste ano, o ministro autorizou o funcionamento de 182
entidades sindicais, tanto de trabalhadores como patronais. O novo
sindicato recebe a Carta Sindical e a senha para abocanhar recursos da
Contribuição Sindical na Caixa Econômica Federal. Isso já causou
inúmeras ações na Justiça do Trabalho, impetradas por sindicatos já
existentes. É fisiologismo explícito para atender a interesses escusos e
prejudiciais à organização dos trabalhadores.
Denúncias
divulgadas pela revista ISTOÉ, não desmentidas, mostram a existência de
um balcão de negócios por trás da concessão das cartas sindicais, que
chegariam a custar R$ 150 mil no mercado negro. A presidente da
Federação Nacional dos Terapeutas (Fenate), Adeilde Marques, denuncia
que quem paga propina vai para o topo da pilha de processos, mas quem se
recusa, fica em baixo. Ela solicitou a regularização da entidade junto
ao Ministério do Trabalho, em Brasília e foi encaminhada ao escritório
de um sindicalista ligado à UGT, União Geral dos
Trabalhadores. Pediram-lhe R$ 5 mil para agilizar a carta sindical. Ela
recusou e, ingenuamente, foi pedir apoio da Força Sindical. Pediram-lhe
R$ 40 mil.
Edjane
Silveira, do Sindicato dos Servidores Municipais de Nossa Senhora do
Socorro, região metropolitana de Aracaju, apresentou denúncia ao
Ministério Público Federal contra o mesmo personagem que chantageou
Adeilde. Ela recusou-se a pagar o pedágio e procurou outra Central. Mas o
indivíduo que pedira os R$ 40 mil, criou, com aprovação do Ministério
do Trabalho, um sindicato igual ao de Edjane com um nome quase idêntico:
Sindicato dos Servidores do Município de Nossa Senhora do Socorro
(Sindispub), comandado pelo mesmo indivíduo que preside outros
sindicatos locais da Força Sindical. Ficou provado que o sindicato de
Edjane existia desde 2001, mas a Secretaria de Relações do Trabalho
arquivou o processo.
Esses
dois casos, entre muitos outros, demonstram de forma definitiva o
gravíssimo problema. Mas há dezenas de outros casos escabrosos, que já
foram divulgados por revistas e jornais.
POR QUE LUPI VAI CAIR
A
permanência de Lupi como ministro, apesar de todos os escândalos
(principalmente por ter mentido, para o Congresso Nacional, para a
Presidente da República e para o povo), nos leva a pensar que o ministro
possui segredos que podem abalar o governo, igual ao Roberto Jeferson.
Gostar
de caronas em aviões e desvios éticos, não são determinantes para esse
governo. Se o fosse, quantos outros ministros cairiam? Até a mentira
está sendo tolerada. O fogo amigo influi, pois há partidos concorrentes
na base governamental, de olho no ministério. Mas Lupi resistiu ao
absurdo de sua declaração: “Dilma, eu te amo”. Ora, a autoridade máxima
da República, aceitando esse tipo de sarcasmo, fica bastante diminuída.
O
balanço da gestão Lupi apresenta resultado desastroso. Omitiu-se em
muitas coisas importantes. Não atuou para dar ao trabalhador um salário
mínimo digno e até foi escanteado das tratativas, realizadas pelo
ministro Gilberto Carvalho. Ignorou a luta dos aposentados por reajuste
dos proventos acima de um salário mínimo. Não atuou no combate ao
trabalho infantil e ao trabalho escravo, tarefa que tem sido realizada
pelo Ministério Público do Trabalho e pela Polícia Federal. Desapareceu
nas greves de trabalhadores, não mediando nem tomando posição. Não
recolocou em vigência a Convenção 158 da OIT que impede demissão
imotivada de trabalhadores, denunciada por FHC. Não criou escolas de
qualificação profissional, mantendo a sinecura dos repasses. Nenhum
direito foi acrescentado para os trabalhadores.
Portanto,
Lupi, para cair, apresenta várias razões, todas graves. Mas, a inação
significa traição aos princípios do PDT e aos compromissos com a classe
trabalhadora.
Portanto, além de tudo o que já se sabe, ele é um T-R-A-I-D-O-R.
EM 29 DE NOVEMBRODE 2011
RONALD SANTOS BARATA
Grande Barata!!! Saudações e solidariedade da Serra de Nova Friburgo!
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