Esta carta aberta do professor Ramez Tabet, talvez um dos mais importantes analistas do Oriente Médio na Academia brasileira, é fundamental para a compreensão de que oposições se deve levar em conta na avaliação da já quase guerra civil instalada na Siria. O que é o governo Assad? Quem são os democratas progressistas, e quem são os fundamentalismos reacionários? De que forma cada um desses segmentos se coloca diante disso que a mídia conservadora desinforma, numa campanha clara de apoio ao que há de pior do confronto?
É o que Ramez Tabet interpreta em sua carta aberta
Guerra Civil na Síria: "600 militantes líbios estariam prestando apoio a oposição na Síria"
Prezados amigos,
A Síria já está em guerra civil, e não há outra palavra para descrever o que se passa naquele país que foi o berço de grandes civilizações, impérios na Antiguidade e no Medievo.
De um lado, um governo ferozmente repressivo, de outro uma oposição que se divide em dois grupos.
Um grupo oposicionista é autêntico, composto por liberais, nacionalistas e comunistas autênticos cansados das promessas não cumpridas em 41 anos de ditadura férrea. Estes oposicionistas são minoritários e não estão armados, por isso, mesmo podemos afirmar que já foram derrotados pela repressão (não apenas do governo).
Um outro grupo oposicionista é formado pelos ejetados do poder por Hafez e seu filho e sucessor Bassar Assad nas lutas palacianas (e não tão palacianas assim) ao longo de 40 anos de ditadura. Estes oposicionistas formam um movimento minoritário e heterodoxo, mas é o mais perigoso. Nele estão desde primos de Bassar até ex-generais todo-poderosos como Abdel Khalim Khaddam. Um grupo que inclui até mesmo a Irmandade Muçulmana. Desnecessário dizer que é jsutamente este grupo que recebe armas e dinheiro dos EUA, Israel e Arábia Saudita.
Sobre a participação de Israel na guerra civil siria, é difícil acreditar que as Falanges "cristãs" Libanesas e as Forças Libanesas ("cristãs") são tradicionais e paradoxais aliadas da Irmandade Muçulmana. As Falanges e as Forças Libanesas são aliada de Israel até os dias atuais. Não deixando de mencionar que há uma ala pró-Síria das Falanges, que óbviamente está fechada com o regime de Assad.
Israel também apóia os curdos que combatem o governo sírio (da mesma forma como fizeram com Saddam Hussein).
Claro que a Arábia Saudita é a maior patrocinadora desta guerra civil, pois patrocina estes grupos armados com armas, dinheiro e até mesmo com a ideologia wahhabita.Tudo com a benção de Washington DC.
Estes oposicionistas estão assassinando indiscriminadamente sírios cristãos, alauítas e druzos.
Há uma guerra, portanto, travada supostamente por "sunitas" contra cristãos, druzos e alauítas.
Esta guerra civil síria está diretamente conectada com a repressão no Egito e nos demais países árabes contra as manifestações populares.
Mas, somente na Síria o Estado está ameaçado de se desintegrar. Há dois países que combatem abertamente a Síria: Turquia e Israel, membros da OTAN, que ocupam territórios árabes sírios. A Arábia Saudita demonstra claramente sua geoestratégia de romper o "arco xiita", derrubando o governo sírio, isolando o Iraque (ditadura pró-Irã). A geoestratégia saudita é impedir tambem a ascenção de regimes laicos e nacionalistas no mundo árabe, como o existente na Síria.
Milhares de terroristas já estão na Síria exterminando a população e tentando destruir o Estado sírio até mesmo solicitando uma invasão estrangeira.
É dever do governo de Damasco repelir qualquer invasão estrangeira, assim como criar condições para a descompressão do regime, sem destruir o Estado sírio ameaçado por Israel e Turquia, que já promoveram ataques militares ao páis e ocupam territórios sírios. Bassar al-Assad está a altura do desafio?
Sds.,
Ramez
A Síria já está em guerra civil, e não há outra palavra para descrever o que se passa naquele país que foi o berço de grandes civilizações, impérios na Antiguidade e no Medievo.
De um lado, um governo ferozmente repressivo, de outro uma oposição que se divide em dois grupos.
Um grupo oposicionista é autêntico, composto por liberais, nacionalistas e comunistas autênticos cansados das promessas não cumpridas em 41 anos de ditadura férrea. Estes oposicionistas são minoritários e não estão armados, por isso, mesmo podemos afirmar que já foram derrotados pela repressão (não apenas do governo).
Um outro grupo oposicionista é formado pelos ejetados do poder por Hafez e seu filho e sucessor Bassar Assad nas lutas palacianas (e não tão palacianas assim) ao longo de 40 anos de ditadura. Estes oposicionistas formam um movimento minoritário e heterodoxo, mas é o mais perigoso. Nele estão desde primos de Bassar até ex-generais todo-poderosos como Abdel Khalim Khaddam. Um grupo que inclui até mesmo a Irmandade Muçulmana. Desnecessário dizer que é jsutamente este grupo que recebe armas e dinheiro dos EUA, Israel e Arábia Saudita.
Sobre a participação de Israel na guerra civil siria, é difícil acreditar que as Falanges "cristãs" Libanesas e as Forças Libanesas ("cristãs") são tradicionais e paradoxais aliadas da Irmandade Muçulmana. As Falanges e as Forças Libanesas são aliada de Israel até os dias atuais. Não deixando de mencionar que há uma ala pró-Síria das Falanges, que óbviamente está fechada com o regime de Assad.
Israel também apóia os curdos que combatem o governo sírio (da mesma forma como fizeram com Saddam Hussein).
Claro que a Arábia Saudita é a maior patrocinadora desta guerra civil, pois patrocina estes grupos armados com armas, dinheiro e até mesmo com a ideologia wahhabita.Tudo com a benção de Washington DC.
Estes oposicionistas estão assassinando indiscriminadamente sírios cristãos, alauítas e druzos.
Há uma guerra, portanto, travada supostamente por "sunitas" contra cristãos, druzos e alauítas.
Esta guerra civil síria está diretamente conectada com a repressão no Egito e nos demais países árabes contra as manifestações populares.
Mas, somente na Síria o Estado está ameaçado de se desintegrar. Há dois países que combatem abertamente a Síria: Turquia e Israel, membros da OTAN, que ocupam territórios árabes sírios. A Arábia Saudita demonstra claramente sua geoestratégia de romper o "arco xiita", derrubando o governo sírio, isolando o Iraque (ditadura pró-Irã). A geoestratégia saudita é impedir tambem a ascenção de regimes laicos e nacionalistas no mundo árabe, como o existente na Síria.
Milhares de terroristas já estão na Síria exterminando a população e tentando destruir o Estado sírio até mesmo solicitando uma invasão estrangeira.
É dever do governo de Damasco repelir qualquer invasão estrangeira, assim como criar condições para a descompressão do regime, sem destruir o Estado sírio ameaçado por Israel e Turquia, que já promoveram ataques militares ao páis e ocupam territórios sírios. Bassar al-Assad está a altura do desafio?
Sds.,
Ramez
Bomb voyage: 600 Libyans ‘already fighting in Syria’
The Libyan government apparently wants to share its successful experience of overthrowing the Gaddafi regime with like-minded Syrians. It has sent 600 of its troops to support local militants against the Assad regime, according to media reports.
The fighters have joined the Free Syria Army, the militant group carrying out attacks on government forces in Syria,reports the Egyptian news website Al-Ray Al-Arabi citing its sources. The report says the troops entered Syria through Turkish territory.
The alleged incursion happened with the consent of the chairman of the Libyan National Transitional Council (NTC) Mustafa Abdul Jalil. The NTC allegedly welcomed volunteers to join the surge.
Last Friday British media reported a secret meeting between NTC envoys and Syrian rebels had been held in Istanbul. The Libyan governing body reportedly pledged to supply arms, money and fighters to the Syrians.
Bashar Assad’s government has repeatedly accused foreign forces of smuggling armed groups and weapons into Syria and thus fueling the ongoing violence.
In mid-October the Libyan NTC was the first government to recognize the rebel Syrian National Council as the legitimate representatives of the Syrian people.
The Libyan population is in possession of many weapons, which they received during the civil war by plundering military depots, through smuggling or as aid from NATO members and countries like Qatar, which took part in the ousting of Muammar Gaddafi. The NTC has difficulties in disarming the ex-rebels, who want to keep their firearms, either for personal protection or as means to make their living.
In November, the Libyan capital, Tripoli, saw a mass protest by the rebels, who demanded that the NTC pay their wages. Some even threatened to overthrow the new government the way they did with the previous one, unless their demands are met.
Funneling armed, underemployed and eager-to-fight youngsters to another country could be a convenient move for the NTC. The Syrian government, however, is likely to see them as mercenaries, which NATO member Turkey allowed into their country as an alternative to a full-scale military campaign, which is impossible without the sanction of the United Nations Security Council.
The fighters have joined the Free Syria Army, the militant group carrying out attacks on government forces in Syria,reports the Egyptian news website Al-Ray Al-Arabi citing its sources. The report says the troops entered Syria through Turkish territory.
The alleged incursion happened with the consent of the chairman of the Libyan National Transitional Council (NTC) Mustafa Abdul Jalil. The NTC allegedly welcomed volunteers to join the surge.
Last Friday British media reported a secret meeting between NTC envoys and Syrian rebels had been held in Istanbul. The Libyan governing body reportedly pledged to supply arms, money and fighters to the Syrians.
Bashar Assad’s government has repeatedly accused foreign forces of smuggling armed groups and weapons into Syria and thus fueling the ongoing violence.
In mid-October the Libyan NTC was the first government to recognize the rebel Syrian National Council as the legitimate representatives of the Syrian people.
The Libyan population is in possession of many weapons, which they received during the civil war by plundering military depots, through smuggling or as aid from NATO members and countries like Qatar, which took part in the ousting of Muammar Gaddafi. The NTC has difficulties in disarming the ex-rebels, who want to keep their firearms, either for personal protection or as means to make their living.
In November, the Libyan capital, Tripoli, saw a mass protest by the rebels, who demanded that the NTC pay their wages. Some even threatened to overthrow the new government the way they did with the previous one, unless their demands are met.
Funneling armed, underemployed and eager-to-fight youngsters to another country could be a convenient move for the NTC. The Syrian government, however, is likely to see them as mercenaries, which NATO member Turkey allowed into their country as an alternative to a full-scale military campaign, which is impossible without the sanction of the United Nations Security Council.
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Ramez Philippe Maalouf
Mestre em Geografia Humana - USP / Especialista em História das Relações Internacionais - UERJ
GeoPo - Laboratório de Geografia Política: (0xx11) 3091 - 1134 / (0xx11) 9669 - 8416
Av. Prof. Lineu Prestes, 338.
05508-000 Cid. Universit. - Butantã - São Paulo - SP - Brasil
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