As FARCs publicam carta em que responsabilizam manobra provocadora do governo Manoel Santos, da Colômbia, em episódio que deveria proporcionar a libertação de reféns que terminaram sendo assassinados num confronto provocado, desnecessariamente, pelas forças governistas.
"As FARCS queriam devolver os reféns vivos. Mas o governo Santos os queria mortos", diz a carta endereçada às mediadoras que tinham a senadora Patricia Córdoba, à frente, com quem os guerrilheiros haviam acertado a libertação. As razões são evidentes: a devolução de mais esses reféns, vivos, comprovaria que cabe ao governo, submetido aos ditames do Departamento de Estado, a responsabilidade pela não abertura de negociações para uma saída política na guerra civil que assola a Colômbia há mais de quatro décadas.
Os detalhes estão na íntegra da matéria do Correio do Brasil:
Farc lamenta morte de prisioneiros e responsabiliza governo colombiano
8/12/2011 0:59, Por Adital
A entrega de seis prisioneiros de guerra dasForças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP), queseria realizada no último dia 26, em Caquetá, na Colômbia, terminou de modoinesperado – com a morte de quatro prisioneiros. O fato aconteceu porque oExército colombiano surpreendeu a ação.
A ação mal sucedida provocou a morte do coronel Édgar Yesid Duarte, domajor Elkin Hernández e do intendente Álvaro Moreno, todos policiais, e dosargento José Libio Martínez, do Exército, o mais antigo prisioneiro daguerrilha, capturado em 21 de dezembro de 1997.
Na quinta-feira (1º), uma carta do Secretariado do Estado Maior Central das Farc-EP direcionada àsmediadoras internacionais Piedad Córdoba, Lucía Topolanski, Jody Williams,Elena Poniatowska Amor, Alice Williams, Mirta Baravalle, Isabel Allende,Rigoberta Menchú, Socorro Gómez, Hermana Elsie Mongue e Ángela Jeira lamentavaa morte dos quatros prisioneiros e assegurava que todos seriam libertados emresposta a pedido feito em agosto pela ex-senadora Piedad Córdoba.
“A dor não é somente dos familiares dos prisioneiros em nosso poder. Ohumanitarismo deve olhar, sempre, com seus dois olhos. Em sã lógica, um acordode paz na Colômbia deve estar antecedido por uma troca de prisioneiros entre aspartes combatentes porque, sem dúvida, um evento tal aplanaria o caminho doentendimento e o fim da guerra, do conflito social e armado que se prolonga porseis décadas pela intransigência estéril dos governos”, assinala a carta.
As Farc nomearam de irracional a tentativade resgate militar por parte do exército colombiano, quando todos sedirecionavam para o local onde seria feita a entrega aos mediadores/as.”Surpreende a atitude do governo colombiano, que não duvidamos, estava cientede nossa determinação. As Farc queriam libertá-los vivos, mas o governo de JuanManuel Santos preferiu devolvê-los mortos a seus entes queridos”, manifestaramem carta.
As Farc rechaçaram a justificativa do ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, de que a operação executada pelo Exército não era de resgate, mas sim debusca. E reforçaram que a intenção era entregar com vida os prisioneiros – comofeito em outros resgates – com o objetivo de abrir espaço para o diálogo e apaz.
“Acostumados a impor uma guerra sem regras,à degradação que encarnam os ‘falsos positivos’, à eliminação física dopensamento revolucionário, à criminalização da opinião e do protesto, aos massacres,às fossas comuns e ao deslocamento forçado da população, pretendem agora que seconsagre o direito perpétuo à impunidade. Quem deve ser conduzido aostribunais, é o outrora ministro dos ‘falsos positivos’ que hoje ostenta a faixapresidencial”, criticaram.
Apesar dos acontecimentos, as Farc afirmamque a luta pela paz não para. Devido à entrega dos prisioneiros não ter sidobem sucedida e em nome da memória de Alfonso Cano –máximo dirigente das Farc morto em confronto com o Exército em quatro denovembro deste ano- os guerrilheiros asseguraram que será realizada alibertação de outros prisioneiros de guerra “apesar de que alguns deles caíramna insensata tentativa de resgate militar”.
Vários resgates de prisioneiros de guerradas Farc já foram feitos com o apoio da Cruz Vermelha, de organizações dedireitos humanos, como Colombianas e Colombianos pela Paz, e de países como oBrasil. Pelo menos cinco pessoas foram resgatadas com vida neste ano.
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