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Jornalista, por conta de cassação como oficial de Marinha no golpe de 64, sou cria de Vila Isabel, onde vivi até os 23 anos de idade. A vida política partidária começa simultaneamente com a vida jornalística, em 1965. A jornalística, explicitamente. A política, na clandestinidade do PCB. Ex-deputado estadual, me filio ao PT, por onde alcanço mais dois mandatos, já como federal. Com a guinada ideológica imposta ao Partido pelo pragmatismo escolhido como caminho pelo governo Lula, saio e me incorporo aos que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, onde milito atualmente. Três filh@s - Thalia, Tainah e Leonardo - vivo com minha companheira Rosane desde 1988.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A desculpa sonsa de Gilberto Carvalho

Gilberto Carvalho, secretário-geral do governo Dilma, e liderança neoPTista das mais próximas de Lula, levanta tese que precisa ser discutida seriamente. Tenho acordo com ele, quando afirma em matéria anexa, diferença entre apoio e aliança para justificar o encontro Lula-Maluf, na casa do "estupra, mas...".
Numa campanha eleitoral, candidato não recusa apoios até porque quem disputa hegemonia, por caminhos institucionais, pretende que essa hegemonia se estenda à maioria da cidadania que vota - alcançando principalmente os que até então não foram alcançados por nossas propostas no debate das idéias -. Ou seja; aquele eleitor que termina convencido a partir de concluir que suas fidelidades anteriores o traiam e enganavam, apostando em sua alienação. E que se veem diante de uma alternativa nova.
Um candidato de esquerda não pretende convencer um banqueiro, um latifundiário do agronegócio ou um empreiteiro que cresce na corrupção. Mas tem que disputar o voto do eleitor - assalariado, pequeno empresário ou autônomo - que, enganado pela riqueza mediática nas campanhas dos representantes parlamentares desses setores, acha que tais sacripantas possam representar seus interesses específicos.
Se alguém desse campo anunciar publicamente seu apoio, aceitando o nosso programa e nosso candidato sem impor condições, o problema não existe.
É o caso, por exemplo, da campanha de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro. Sem abrir mão de suas posições de princípio, alinhadas com o programa do PSOL, conquista adesões por conta de valores que atravessam o campo das esquerdas, influenciando intelectuais e segmentos assalariados médios em função do que fez com seu mandato de deputado estadual - cassação de Alvaro Lins, o todo poderoso controlador do aparato de segurança corrupto, que fez campanha ao lado de Cabral jr, Dornelles e Itagiba. CPI das milícias, mostrando onde o crime organizado penetrava, e continua penetrando, no aparelho do Estado, sob elogios de Cesar Maia e seu então pupilo Eduardo Paes. CPI do tráfico de armas. Ações destacadas que se somaram a iniciativas fundamentais pela Saúde e Educação públicas no Estado -.
Não é o caso no exemplo Lula-Maluf, segundo as próprias palavras de Gilberto: "não houve dinheiro, mas concessão de cargo no governo federal". Ou seja; é aliança política no plano federal, negociada com a privatização do poder público, que  se transferiria, automaticamente, para o âmbito municipal paulista, em troca da adesão explícita de Maluf.
Para além de falsa, essa aliança é burra. Maluf pode dizer que vota em Haddad, mas não porque o nome do candidato se impõe de forma incontestável em São Paulo. Pelo contrário. Ele vem como portador de supostos votos que sua base eleitoral acrescentaria ao insuficiente índice que Haddad apresenta nas pesquisas. Maluf não é lider orgânico. Ele é daqueles caciques da linha "rouba mas faz"que tanto agradam o chamado lumpesinato alienado. Ganha esses votos, mas não pode garantir a transferência.
Nada a ver, portanto, com "apoio espontâneo", mas, sim, com transformação da disputa política em mercado privado. Pior; mercado privado de aparência suspeita.

Segua a íntegra:


Maluf levou cargo, não dinheiro, diz Gilberto Carvalho
Secretário-Geral da Presidência admite que negociação para apoio a Haddad envolveu nomeação no governo federal
Para o tucano José Serra, que também queria fazer aliança com o PP, 'é a população que tem que julgar'
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem que o cargo entregue pelo governo a um aliado de Paulo Maluf fez mesmo parte da negociação pelo apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo.
Osvaldo Garcia foi nomeado para a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, já comandado pelo PP, com o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB).
"Houve uma troca [de cargos], como tem havido em qualquer negociação. Não houve dinheiro", disse Carvalho. "Assim como nós aceitamos o apoio do PP no governo federal, é natural que houvesse uma aproximação com o PP paulista".
A aliança do PT com o PP em São Paulo foi fechada anteontem na casa de Maluf, com a presença do ex-presidente Lula e do presidente do PT, Rui Falcão, além de malufistas históricos, como o vereador Wadih Mutran (PP).
Sobre a proximidade com Maluf, Carvalho declarou: "Não acho que seja uma catástrofe. Se o PP assina a proposta [de governo do PT], não vejo problema".

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