Poucos dias acumulam um noticiário tão ruim, em termos de
interesse social e obrigações republicanas dos ditos “homens públicos” que
compõem os eixos hegemônicos de poder, quanto esse 19/12/2012.
1- O grande capital não falha na proteção aos que o protegem.
Além dos governadores aliados, Roberto Setubal o maior banqueiro brasileiro (Itaú) , fez questão de
bater ponto na reunião de desagravo a Lula, pela onda de evidências
desagradáveis que contra ele vêm se registrando nos últimos dias. Tem lógica.
Como faz questão de afirmar o próprio Lula,
“nunca eles ganharam tanto dinheiro quanto em meu governo”. E as cifras confirmam.
Neste ano, em nove meses, Itaú e Bradesco, sozinhos, tiveram
de lucro financeiro – financeiro, repito. Ou seja; especulativos – correspondente
a quatro vezes e meia daquilo que o governo federal, generoso, vai despender no
Bolsa Família para 13 milhões de lares miseráveis, que se “locupletarão” com o
aporte mensal de R$ 124,00.
2- A CPI do Cachoeira terminou em geléia geral, com o assentimento
do “moralista” sempre de plantão no Jornal Nacional, senador tucano Alvaro
Dias, na cumplicidade dos grupos que se uniram para livrar a situação de dois
dos mais comprometidos pelas quebras de sigilo na Comissão – Marconi Pirillo e
a dobradinha Cavendish/ Cabral Filho. Caracterizar a aprovação de um documento
de duas páginas se contrapondo às milhares elaboradas pelo relator petista
Odair Cunha como formação de quadrilha é o mínimo a definir. Mas bem feito para
Odair; topou o jogo sujo e terminou abandonado pelos seus, principalmente Lula,
autor da idéia da CPI, e que dela se afastou quando constatou ter dado um tiro
no pé. Sua brilhante idéia nem aliviou o mensalão no Supremo, nem se concentrou
em Marconi Pirillo, como era o objetivo inicial.
3- No Rio, registrou-se a invasão de Donald Trump Jr, filho
do empresário-factóide que mais investiu politicamente na campanha Mitt Romney
(financeiramente a medalha ficou com um dono de cassino, preocupado em eleger o
que tivesse a linha mais dura no apoio a Israel e sua ocupação da Palestina).
Ficou um dia somente, mas o necessário para fechar os últimos acordos para a
bandalheira da construção de cinco
torres de 50 andares na Zona Portuária. Bandalheira da grossa. Atentado contra
uma região histórica, incapaz de receber o fluxo de transportes e de
infra-estrutura necessários ao atendimento dessa tragédia urbanística. Mais uma
das tenebrosas transações de Eduardo Paes, o enfant-gaté do Planalto. O
predador das áreas e reservas que deveriam ser preservadas, e que vão sendo
entregues acintosamente à grande especulação imobiliária predadora.
4- Em Brasília, é Anelo Queiroz quem desempenha o papel de
Dudu Paes, ao contratar em tempo recorde, e sem licitação, uma empresa
“urbanística” de Cingapura para elaborar um plano revisor do projeto
urbanístico de Brasília. Um governador neoPTista metendo um punhal na memória
de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, planejadores e realizadores da cidade, tarefa
para a qual foram escolhidos após licitação promovida pelo governo Kubitschek.
Mais tenebrosas transações na incessante cadeia de guinadas ideológicas de um
partido que já foi exemplo internacional de instrumento eficaz de lutas
sociais.
5- Last but not least, é dos Estados Unidos que vem a última
“surpresa”. Carolina do Sul, estado
marcado pela história segregacionista da potencia do norte, vai eleger seu
primeiro senador negro. Nada demais, não fora ele um dos bastiões da linha mais
reacionária e conservadora, financeiramente, do Partido Republicano, como ainda
um dos mais integrados no Tea Party, o movimento xenófobo, medieval, alinhado
com o que há de mais raivoso e assustador no chamado senso comum do americano
médio. Há canalhas de todos os tipos, para todos os papéis.
Um derrespeito total a arquitetura e urbanismo brasileiros. Contratar uma empresa de cingapura para fazer projeto urbanístico é o fim da picada!
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