Vale lembrar aqui o exemplo boliviano, a partir da implantação do capitalismo destruidor implementado durante o governo Paz Estensoro, nos anos 80,com cobertura dos economistas da escola de Chicago, condicionados aos conceitos de Milton Friedman. Os mesmos, mais tarde, implementados no Chile pela ditadura Pinochet.
Paz Estensoro, é bom lembrar, havia sido, nos anos 50, o líder de uma reforma agrária, feita na "marra", que gerou essa pequena burguesia rural corresondente à que Dilma agora pretende consolidar no modelo a ser tocado por seu novo ministro. Uma pequena burguesia que, nos anos 80, se mobilizou para ajudar a reprimir violentamente os mineiros que resistiam à vaga neoliberal então imposta.
É isso que teremos no Brasil, caso lideranças do MST, como Stédile. continuem se limitando a reconhecer, em artigos, a necessidade de mudança de comportamento dos governos lulopragmáticos, sem no entanto, na prática, deixar de dar apoio a este governo, por conta da bolsa-família e da cesta básica entorpecedora a cosnciência combativa dos militantes dos asssentamentos. Lastimável
Segue a íntegra da matéria publicada hoje no Valor Econômico
Dilma prefere formar classe média rural a aumentar assentamentos
A presidente Dilma Rousseff aproveitou ontem a cerimônia de posse do
novo ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, para deixar claro
qual é a sua política para o setor: em vez de priorizar apenas a
distribuição de terras, o governo buscará reduzir a pobreza no campo por
meio de mecanismos que aumentem a produção da agricultura familiar.
Dilma anunciou ainda que o governo lançará, nos próximos dias, um
programa de qualificação da população rural batizado de Pronacampo.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS), novo titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário, reforçou o discurso de Dilma. Logo destacou em sua fala que trabalhará pela formação de uma grande classe média rural. Afirmou ainda que o Ministério do Desenvolvimento Agrário deve ser visto como um ministério do "desenvolvimento econômico". O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no entanto, voltou a cobrar do Executivo maior celeridade no assentamento das milhares de famílias que continuam sem acesso à terra. Vargas substituiu Afonso Florence (PT-BA), que retorna à Câmara dos Deputados.
"A política de assentamentos vai perseguir a ideia de que a gente deve priorizar as regiões onde temos populações de extrema pobreza. A reforma agrária tem esse sentido. É lógico que significa assentar, mas significa também dotar os assentamentos de condições para o seu desenvolvimento produtivo. Do contrário, de nada adianta jogar o pessoal na terra sem dar condições de produzir", explicou Vargas. "Isso significa um maior volume de recursos. No ano de 2011, o volume de recursos investidos nos assentamentos foi maior do que nos anos anteriores. O número de assentados um pouco menor porque se buscou essa diretriz."
Para Dilma, o desenvolvimento da agricultura rural é essencial para que o Brasil se torne um país majoritariamente de classe média e o país consiga reduzir a extrema pobreza. "Esta nova lógica da agricultura familiar não olha a reforma agrária pura e simplesmente como distribuição de terra. Porque ela não pode ser só isso. A reforma agrária tem de ser a forma pela qual se garanta o acesso à terra, mas também se garanta as condições de desenvolvimento para as populações que acedem a essa terra", destacou a presidente. "Nós queremos pequenos proprietários que utilizem todos os ganhos de tecnologia da Embrapa para se transformarem em excepcionais produtores."
Mesmo assim, o MST sinalizou que não abrirá mão das manifestações pela aceleração da reforma agrária já agendadas para abril. Apenas do MST há 100 mil famílias acampadas à espera de lotes de terra, contabiliza a organização. "Não vai haver um desenvolvimento do campo se não destravar o problema da terra", criticou Alexandre Conceição, integrante da direção nacional do movimento.
Pepe Vargas assegurou que tentará ampliar o diálogo com os movimentos sociais do campo, que têm reclamado da falta de interlocução com o governo. Sua ideia é convocar uma reunião com representantes dessas entidades já na semana que vem.
A cerimônia contou com a presença de diversos ministros e parlamentares. Esteve presente também o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), padrinho político de Florence.
Em seu discurso, Afonso Florence tentou afastar os comentários de que fora exonerado porque a presidente não aprovava sua gestão. Disse que o Ministério do Desenvolvimento Agrário bateu todas as metas no ano passado, e narrou que ouvia aplausos quando falava dos diversos programas da Pasta em eventos país afora. "Criamos todos nós esse projeto e instrumentos de políticas públicas em que os resultados são incontestes", disse, saudando seus antecessores que estavam presentes à solenidade realizada no Palácio do Planalto.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS), novo titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário, reforçou o discurso de Dilma. Logo destacou em sua fala que trabalhará pela formação de uma grande classe média rural. Afirmou ainda que o Ministério do Desenvolvimento Agrário deve ser visto como um ministério do "desenvolvimento econômico". O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no entanto, voltou a cobrar do Executivo maior celeridade no assentamento das milhares de famílias que continuam sem acesso à terra. Vargas substituiu Afonso Florence (PT-BA), que retorna à Câmara dos Deputados.
"A política de assentamentos vai perseguir a ideia de que a gente deve priorizar as regiões onde temos populações de extrema pobreza. A reforma agrária tem esse sentido. É lógico que significa assentar, mas significa também dotar os assentamentos de condições para o seu desenvolvimento produtivo. Do contrário, de nada adianta jogar o pessoal na terra sem dar condições de produzir", explicou Vargas. "Isso significa um maior volume de recursos. No ano de 2011, o volume de recursos investidos nos assentamentos foi maior do que nos anos anteriores. O número de assentados um pouco menor porque se buscou essa diretriz."
Para Dilma, o desenvolvimento da agricultura rural é essencial para que o Brasil se torne um país majoritariamente de classe média e o país consiga reduzir a extrema pobreza. "Esta nova lógica da agricultura familiar não olha a reforma agrária pura e simplesmente como distribuição de terra. Porque ela não pode ser só isso. A reforma agrária tem de ser a forma pela qual se garanta o acesso à terra, mas também se garanta as condições de desenvolvimento para as populações que acedem a essa terra", destacou a presidente. "Nós queremos pequenos proprietários que utilizem todos os ganhos de tecnologia da Embrapa para se transformarem em excepcionais produtores."
Mesmo assim, o MST sinalizou que não abrirá mão das manifestações pela aceleração da reforma agrária já agendadas para abril. Apenas do MST há 100 mil famílias acampadas à espera de lotes de terra, contabiliza a organização. "Não vai haver um desenvolvimento do campo se não destravar o problema da terra", criticou Alexandre Conceição, integrante da direção nacional do movimento.
Pepe Vargas assegurou que tentará ampliar o diálogo com os movimentos sociais do campo, que têm reclamado da falta de interlocução com o governo. Sua ideia é convocar uma reunião com representantes dessas entidades já na semana que vem.
A cerimônia contou com a presença de diversos ministros e parlamentares. Esteve presente também o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), padrinho político de Florence.
Em seu discurso, Afonso Florence tentou afastar os comentários de que fora exonerado porque a presidente não aprovava sua gestão. Disse que o Ministério do Desenvolvimento Agrário bateu todas as metas no ano passado, e narrou que ouvia aplausos quando falava dos diversos programas da Pasta em eventos país afora. "Criamos todos nós esse projeto e instrumentos de políticas públicas em que os resultados são incontestes", disse, saudando seus antecessores que estavam presentes à solenidade realizada no Palácio do Planalto.
Preocupante mesmo, Milton. E dizer que o ministério é "de desenvolvimento econômico" tem um significado político pesado. E anti-reforma agrária.
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